"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 5 de outubro de 2017

RESPONSABILIDADE COLECTIVA NA MORTE DO AMURANE

Escrito pelo Ilustre Dr. Gilberto Correia

RESPONSABILIDADE COLECTIVA NA MORTE DE AMURANE.

Ninguém duvida que o bárbaro assassinato do Edil de Nampula tem motivações políticas.

Os seus desesperados inimigos políticos decidiram retirar-lhe a vida para se livrarem do incómodo e do risco de uma bem sucedida candidatura de Mamudo Amurane a mais um mandato como Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula.

Todos temos ciência que há uma longa tradição no nosso meio politico de resolver as grandes dificuldades políticas com assassinatos.  É usual, entre nós, resolverem-se os problemas políticos mais complicados à lei da bala. Exemplos desse subcultura de violência abundam na memória de cada um de nós.

Nós moçambicanos sempre toleramos este modus operandi de alguns políticos. Esta nossa inacção levou a que se criasse uma subcultura de violência política que não hesita em recorrer à eliminação física dos adversários políticos mais fortes e que provocam mais dificuldades e riscos.

Muitas vezes já vi destacados cidadãos moçambicanos a apregoarem a violência política como uma necessidade, sempre de acordo com próprias conveniências políticas. 

Enfim, deixamos enraizar e prosperar uma subcultura de violência política que a espaços vai fazendo vitimas , tal como fez agora com Mamudo Amurane, perante o nosso assentimento tácito.

Cada povo tem os políticos e a cultura política que merece. Nós nada fizemos para não merecermos o que está a acontecer.  Aliás, muitas vezes deixamos fazer o que deveríamos fazer para os mais púdicos refugiarem-se num arquear de ombros que não constituiu nada mais e nada menos que um consentimento por omissão. 

Obviamente não somos os autores materiais e nem morais do assassínio de Mamudo Amurane.  Mas devemos reflectir se não somos responsáveis colectivos pela prosperidade destas práticas hediondas e criminosas nos nosso meio político. 

A imputabilidade da responsabilidade não tem apenas por fonte a acção. Também se é responsável quando não se age perante determinadas situações sobre as quais impendia sobre cada um de nós o dever de agir com firmeza e coragem. Como cidadãos somos todos colectivamente responsáveis por mais uma execução que, venha donde tenha vindo, tresanda a motivações políticas.  Entanto que cidadãos, nós permitimos que esta subcultura de violência política prosperasse no nosso meio e se consolidasse como um remédio politico de ultima linha. 

Paradoxalmente, dizemos que queremos Paz, mas toleramos e convivemos com uma cultura de violência política extrema.  Este paradoxo foi fielmente reproduzido e simbolizado no dia de ontem ( Dia da Paz) quando Mamudo Amurane foi assassinado.

A seguir virá o apontar do dedo indicador para o outro, o aproveitamento politico, as lágrimas de crocodilo .... mas, não esqueçamos, somos todos colectivamente responsáveis por esta execução política.

Moçambique é mesmo maningue nice?

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