Mahamudo Amurane cometeu "erros" sim:
(i) trabalhou no interesse dos munícipes;
(ii) recusou desvios de aplicação das receitas municipais para financiar actividades partidárias;
(iii) ao recusar más práticas na gestão da coisa pública, não se apercebeu de que estava a fazer inimigos; e
(iv) subestimou o poderio dos inimigos que foi fazendo, com a sua postura desafiadora, confiando no eleitorado a quem servia, negligenciando a sua própria segurança.
Como consequências destes "erros", e já sem apoio de nenhum partido político, o Amurane ficou um alvo vulnerável tanto dos políticos sem escrúplos quanto de qualquer um com quem tivesse algum assunto mal parado.
Em política, todo o cuidado é pouco. Mas quem não arrisca não faz obra por que possa ser lembrado. Mahamudo Amurane fez obra em Nampula. Ele NUNCA mais morrerá para a história futura da autarquia de Nampula. É um exemplo de boa gestão de coisa pública e um mártir do combate contra a corrupção. Os covardes que planificaram e executaram a sua eliminação física só o elevaram para a estatura de um herói da autarquia de Nampula e não só. O seu bom exemplo será replicado em Moçambique, tenho eu certeza.
Portanto os "erros" de Amurane foram erros nobres. Erros nobres comete quem trabalha dentro da lei, se for justa, ou contra leis ou ordens injustas. Não devemos, pois, ter medo de cometer erros nobres. Ter medo de cometer erros justos perpetua injustiças e descaracteriza um povo. Mas devemos ter sempre presente que os erros nobres são quase sempre fatais.
Pela grandeza da sua obra, Mahamudo Amurane não morrerá na memória dos moçambicanos adultos e instruídos desta geração. Mas os covardes que o assassinaram morrerão definitivamente da memória da sua geração. Tal castigo para estes não é pequeno!
Viva a memória do Mahamudo Amurane!
Registo por escrito aqui as minhas condolências à família enlutada e rogo a Deus para que conceda paz eterna à alma do Seu servo, Mahamudo Amurane.
Amém!
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