30/10/2017
Para quem circula pela EN1, antes do rio Zambeze (saindo do sul) ou logo depois daquele rio cuja ponte foi atribuída o nome de um ex-estadista, para quem sai do norte, encontra-se uma famosa paragem obrigatória de autocarros de longo curso, Caia.
Aquela região apesar de geograficamente encontrar-se em Moçambique, é um outro território, onde somente os estrangeiros podem vender comida aos passageiros que ali param para descansar ao longo das suas cansativas viagens pelo país.
Qualquer tentativa de um nativo dali, de vender algum produto seja água, bolacha ou algo de género é motivo de severa repressão com chambocos. A segurança (composta por moçambicanos) ali existente cumpre o papel de proteger o local contra os vendedores nacionais para que estes abandonem e o negócio de venda de comida seja direito exclusivo dos estrangeiros. A ideia é proibir o nativo vender para que somente os estrangeiros que operam nos estabelecimentos de venda de comida beneficiem desse direito.
Tive a oportunidade de testemunhar in loco por várias vezes o fenómeno, que infelizmente todos veem e ignoram.
Gastam-se horas em televisões a comentar violações de direitos de outros países, isso que de facto uma verdadeira usurpação de direito por parte de cidadãos forasteiros infelizmente não é motivo de preocupação para ninguém. A mim, em particular chocou ver um cidadão moçambicano ser chamboqueado por tentar sobreviver honestamente por meio de prática de negócio de comida.
Aquele local não está vedado, é um espaço aberto que era suposto que o acesso, de quem quer que seja, fosse livre.
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(Recebido por email)
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