26/10/2017
Dois analistas políticos ouvidos pela DW África acreditam que o ataque em Mocímboa da Praia e a necessidade de acelerar o processo de paz precipitaram as mudanças na cúpula da Segurança do Estado.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, mexeu nas chefias militares e de Segurança do Estado ao exonerar na terça-feira (24/10) Júlio dos Santos Jane do Comando-Geral da Polícia da República (PRM), para o nomear Diretor-Geral do Serviço de Informações e Segurança (SISE), dispensando o General Lagos Lidimo que ocupava o cargo desde janeiro.
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Também Graça Tomás Chongo, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa (FADM), foi afastado do posto. As mudanças foram anunciadas através de um comunicado presidencial, sem espaço para perguntas de jornalistas e sem apontar as razões por detrás das medidas.
“O Presidente da República, numa cerimónia pública de entrega de galardões às chefias militares, fez menção à necessidade de expirar a mudança no xadrez”, recorda Adelson Rafael, analista político, que descarta que as exonerações tenham por base qualquer exigência da RENAMO, principal partido da oposição, no âmbito do processo de paz.
“Não, Filipe Nyusi não iria ceder a esse tipo de exigências. Mas não podemos esquecer que um dos aspetos em discussão na mesa de negociação entre o Governo e o partido RENAMO é a questão militar. Consta que o Chefe do Estado-Maior General já não gozava de muita boa saúde. Pode ser que aqui tenhamos um caso de juntar o útil ao agradável”, explica.
Três cargos vagos
Com estas exonerações, ficam vagos três cargos: o de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o de Comando-Geral da Polícia da República e o vice-comando, depois da morte na semana passada do vice-comandante José Weng San, que faleceu vítima de doença.
Apesar das exigências da RENAMO em incorporar os seus quadros nas Forças Armadas de Defesa, Adelson Rafael afasta a hipótese de Nyusi ir buscar alguém à RENAMO. “O contexto político não permite que se vá buscar alguém à RENAMO, nem para o processo de liderança nem para a questão do vice-comando. O Presidente vai continuar a privilegiar a proveninência [de membros] das Forças de Defesa e Segurança e não vai buscar para as lideranças expostas alguém da RENAMO”, salienta.
A grande surpresa nas exonerações foi o afastamento do General Lagos Dinimo da Direção-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE). Albino Forquilha, analista politico-militar, aponta o ataque de um grupo islâmico em Mocímboa da Praia, que culminou com a morte de dois polícias e quatro civis, como o ponto de rutura.
“Ele pode não ter ficado muito atento aos assuntos que estavam a acontecer ou minimizou-os. E acabou por dar no que deu. Ele podia muito bem ter prevenido [o ataque]. A função dele era esta: colocar o Estado num lugar mais seguro através da informação que recolhe. As populações emitiram informações e emitiram sinais. Penso que foi mesmo uma falha”, aponta o comentador.
Nomes próximos a Nyusi
Para os lugares que por agora ficam vagos, Albino Forquilha julga que não faltarão nomes próximos a Filipe Nyusi. “Como sabe o nosso Presidente já foi ministro da Defesa e por isso pode ter nomes muito mais próximos que possam responder aos desafios que existem pela frente”, comenta.
“Mas acredito que temos muitos quadros que podem ocupar esses cargos e penso que o Chefe de Estado vai ter que brevemente conduzir pessoas para esses cargos, porque são postos que não podem ficar muito tempo desocupados”, assevera.
Opinião semelhante é a do analista político Adelson Rafael, que frisa que a tarefa do Presidente da República é encontrar figuras que contribuam para o processo de paz com a RENAMO. “O interesse é ir-se buscar pessoas consensuais para que venham contribuir. O [futuro] Chefe de Estado-Maior General deve ser uma figura consensual que também contribua para este processo”, conclui.
DW-26.10.2017
Três cargos vagos
Com estas exonerações, ficam vagos três cargos: o de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o de Comando-Geral da Polícia da República e o vice-comando, depois da morte na semana passada do vice-comandante José Weng San, que faleceu vítima de doença.
Apesar das exigências da RENAMO em incorporar os seus quadros nas Forças Armadas de Defesa, Adelson Rafael afasta a hipótese de Nyusi ir buscar alguém à RENAMO. “O contexto político não permite que se vá buscar alguém à RENAMO, nem para o processo de liderança nem para a questão do vice-comando. O Presidente vai continuar a privilegiar a proveninência [de membros] das Forças de Defesa e Segurança e não vai buscar para as lideranças expostas alguém da RENAMO”, salienta.
A grande surpresa nas exonerações foi o afastamento do General Lagos Dinimo da Direção-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE). Albino Forquilha, analista politico-militar, aponta o ataque de um grupo islâmico em Mocímboa da Praia, que culminou com a morte de dois polícias e quatro civis, como o ponto de rutura.
“Ele pode não ter ficado muito atento aos assuntos que estavam a acontecer ou minimizou-os. E acabou por dar no que deu. Ele podia muito bem ter prevenido [o ataque]. A função dele era esta: colocar o Estado num lugar mais seguro através da informação que recolhe. As populações emitiram informações e emitiram sinais. Penso que foi mesmo uma falha”, aponta o comentador.
Nomes próximos a Nyusi
Para os lugares que por agora ficam vagos, Albino Forquilha julga que não faltarão nomes próximos a Filipe Nyusi. “Como sabe o nosso Presidente já foi ministro da Defesa e por isso pode ter nomes muito mais próximos que possam responder aos desafios que existem pela frente”, comenta.
“Mas acredito que temos muitos quadros que podem ocupar esses cargos e penso que o Chefe de Estado vai ter que brevemente conduzir pessoas para esses cargos, porque são postos que não podem ficar muito tempo desocupados”, assevera.
Opinião semelhante é a do analista político Adelson Rafael, que frisa que a tarefa do Presidente da República é encontrar figuras que contribuam para o processo de paz com a RENAMO. “O interesse é ir-se buscar pessoas consensuais para que venham contribuir. O [futuro] Chefe de Estado-Maior General deve ser uma figura consensual que também contribua para este processo”, conclui.
DW-26.10.2017
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