"Comboio de Sal e Açúcar", de Licínio Azevedo, brasileiro que vive há quarenta anos em Maputo, é projetado esta quarta-feira na tela de 300 m² da Piazza Grande. Esta é uma honra reservada apenas a grandes produções.
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"Comboio de Sal e Açúcar" é provavelmente o primeiro grande western africano. A longa-metragem conta a história de um comboio e dos seus passageiros, que embarcam numa viagem perigosa durante a guerra civil moçambicana.
O realizador teve a ideia ao ler o jornal: "Descobri que, no norte do país, havia um comboio que as mulheres usavam para viajar 700 km até ao Malawi, atravessando a guerra", diz. "Elas compravam sal no litoral para trocar por açúcar no Malawi. Depois, voltavam [a Moçambique] e vendiam [o açúcar]. Com isso, sustentavam a família. Era uma viagem infernal."
Licínio Azevedo pensou inicialmente em realizar um documentário, mas optou mais tarde por um romance. Para fazer o filme, o cineasta contou com o apoio de produtores franceses, portugueses, sul-africanos e brasileiros, além dos prémios em dinheiro por ele obtidos há dois anos, no âmbito do programa "Open Doors" do Festival de Cinema de Locarno.
"Logística e organização foi o mais difícil", diz realizador Licínio Azevedo
Um filme de guerra num país em guerra
O mais difícil, segundo o realizador, foi iniciar as filmagens e gerir uma locomotiva e as carruagens em linhas férreas onde transitavam outros comboios comerciais e de passageiros.
"Essa logística e organização foi o mais difícil, ainda mais tratando-se de um filme de guerra num país onde a guerra civil estava a recomeçar", conta Licínio Azevedo em entrevista à DW África.
Segundo o realizador, não foi fácil conseguir autorização do Governo para filmar - a equipa já estava no terreno quando as autoridades terão dado "luz verde". O Ministério da Defesa acabou, no entanto, por apoiar a produção, "colocando um grupo de trinta a quarenta militares para treinar os atores, trabalhar connosco. Porque, num país em guerra, basta dar um tiro no mato que o povo todo fugiria para o outro lado da fronteira."
Apesar de reviver um período muito concreto, a guerra civil em Moçambique, para Licínio Azevedo, "Comboio de Sal e Açúcar" conta uma história que poderia ser adaptada a outras realidades e que interessa a públicos de todo o mundo: "Acho que temos um grande filme - um filme moderno, um western, um filme de guerra - uma história que se poderia ter passado na América Latina, no México, na Índia, na China, seja onde for."
DW – 10.08.2016
"Logística e organização foi o mais difícil", diz realizador Licínio Azevedo
Um filme de guerra num país em guerra
O mais difícil, segundo o realizador, foi iniciar as filmagens e gerir uma locomotiva e as carruagens em linhas férreas onde transitavam outros comboios comerciais e de passageiros.
"Essa logística e organização foi o mais difícil, ainda mais tratando-se de um filme de guerra num país onde a guerra civil estava a recomeçar", conta Licínio Azevedo em entrevista à DW África.
Segundo o realizador, não foi fácil conseguir autorização do Governo para filmar - a equipa já estava no terreno quando as autoridades terão dado "luz verde". O Ministério da Defesa acabou, no entanto, por apoiar a produção, "colocando um grupo de trinta a quarenta militares para treinar os atores, trabalhar connosco. Porque, num país em guerra, basta dar um tiro no mato que o povo todo fugiria para o outro lado da fronteira."
Apesar de reviver um período muito concreto, a guerra civil em Moçambique, para Licínio Azevedo, "Comboio de Sal e Açúcar" conta uma história que poderia ser adaptada a outras realidades e que interessa a públicos de todo o mundo: "Acho que temos um grande filme - um filme moderno, um western, um filme de guerra - uma história que se poderia ter passado na América Latina, no México, na Índia, na China, seja onde for."
DW – 10.08.2016
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