02/08/2019
Cartas ao Presidente da República (161)
EUREKA por Laurindos Macuácua
Presidente : como é que o senhor e a sua Frelimo querem o meu voto em Outubro?
Se fôssemos amigos, dir-lhe-ia, sem reservas, que o senhor é um mentiroso. Contudo, não posso dizer isso. Consigo tenho de encontrar formas polidas de me comunicar. O senhor é sua excelência. Portanto, excelência faltou com a verdade, não só ao procurador que lhe ouviu no âmbito das dívidas ocultas, mas a todo o povo moçambicano. O senhor, dessa forma, não pode ser considerado uma pessoa de confiança.
Não há como garantir o meu voto a indivíduos como o senhor. O Presidente não disse ao procurador que, enquanto ministro da Defesa, enviou uma carta, no dia 14 de Janeiro de 2013, ao senhor Manuel Chang, então ministro das Finanças, com o conhecimento de Gregório Leão, o director-geral do SISE à época, informando que, das várias formas de financiamento, e feitas todas as diligências, a melhor opção encontrada era o Credit Suisse.
Então, por que o Presidente escondeu que sabia da tramóia? Chamo de tramóia porque, ainda na sua génese, tudo o que rodeou estes vergonhosos empréstimos, foi um embuste. Nunca houve pretensão, nem do senhor ou de Armando Guebuza ou de Manuel Chang, de comprar equipamento para a vigilância marítima. O dinheiro era para os bolsos de certas pessoas. O Presidente sabe me dizer quem foram os beneficiários? Ou seja, por que Gregório Leão e Manuel Chang estão detidos, o senhor e Armando Guebuza continuam em liberdade?
Ademais: qual é o interesse do Presidente em empurrar todo o Estado moçambicano ao socorro de Manuel Chang?
O seu Governo contractou umafirma de advogados em Joanesburgo, a Mabunda Incorporated, para a intervir em nome do Estado moçambicano no sentido de persuadir Pretória a reconsiderar a extradição de Manuel Chang para Moçambique.
Sabe o Presidente que todos nós, moçambicanos, somos accionistas deste Estado? Teve a nossa anuência para gastar o nosso dinheiro a defender gatunos? Esta, definitivamente, há-de ser a maior trapalhada do senhor neste mandato. De que o Presidente tem medo?
Se Manuel Chang é inocente (tanto quanto o senhor), deixa-o seguir a Brooklyn. É lá onde deve provar a sua inocência. É lá onde é acusado de alguma coisa. Não é aqui. Não se justifica termos que gastar dinheiros que nos fazem falta, só para defender indivíduos que foram detidos quando iam ao Dubai beber, comer, fazer comprar, namorar, tudo isto com o dinheiro dos moçambicanos.
Se o senhor não tem nada a temer, então deixa o senhor Manuel Chang ir limpar o seu nome nos Estados Unidos da América. Deixa-o seguir viagem. Deixa-o preparar o terreno para os seus amigos que o seguirão. Se o senhor não faz parte dessa lista, então deixa-o seguir em paz. E a Justiça americana diz que vai provar que o seu Governo, Presidente, escondeu informação preciosa ao FMI sobre as dívidas ocultas. Afinal, em que alhada nos meteram? O senhor acha-se merecedor do voto dos moçambicanos? Porquê?
Dizer que o Presidente é inocente na contratação das dívidas ocultas, é tão verdadeiro como dizer que não houve dívidas ocultas, não houve crime!
DN – 02.08.2019
EUREKA por Laurindos Macuácua
Presidente : como é que o senhor e a sua Frelimo querem o meu voto em Outubro?
Se fôssemos amigos, dir-lhe-ia, sem reservas, que o senhor é um mentiroso. Contudo, não posso dizer isso. Consigo tenho de encontrar formas polidas de me comunicar. O senhor é sua excelência. Portanto, excelência faltou com a verdade, não só ao procurador que lhe ouviu no âmbito das dívidas ocultas, mas a todo o povo moçambicano. O senhor, dessa forma, não pode ser considerado uma pessoa de confiança.
Não há como garantir o meu voto a indivíduos como o senhor. O Presidente não disse ao procurador que, enquanto ministro da Defesa, enviou uma carta, no dia 14 de Janeiro de 2013, ao senhor Manuel Chang, então ministro das Finanças, com o conhecimento de Gregório Leão, o director-geral do SISE à época, informando que, das várias formas de financiamento, e feitas todas as diligências, a melhor opção encontrada era o Credit Suisse.
Então, por que o Presidente escondeu que sabia da tramóia? Chamo de tramóia porque, ainda na sua génese, tudo o que rodeou estes vergonhosos empréstimos, foi um embuste. Nunca houve pretensão, nem do senhor ou de Armando Guebuza ou de Manuel Chang, de comprar equipamento para a vigilância marítima. O dinheiro era para os bolsos de certas pessoas. O Presidente sabe me dizer quem foram os beneficiários? Ou seja, por que Gregório Leão e Manuel Chang estão detidos, o senhor e Armando Guebuza continuam em liberdade?
Ademais: qual é o interesse do Presidente em empurrar todo o Estado moçambicano ao socorro de Manuel Chang?
O seu Governo contractou umafirma de advogados em Joanesburgo, a Mabunda Incorporated, para a intervir em nome do Estado moçambicano no sentido de persuadir Pretória a reconsiderar a extradição de Manuel Chang para Moçambique.
Sabe o Presidente que todos nós, moçambicanos, somos accionistas deste Estado? Teve a nossa anuência para gastar o nosso dinheiro a defender gatunos? Esta, definitivamente, há-de ser a maior trapalhada do senhor neste mandato. De que o Presidente tem medo?
Se Manuel Chang é inocente (tanto quanto o senhor), deixa-o seguir a Brooklyn. É lá onde deve provar a sua inocência. É lá onde é acusado de alguma coisa. Não é aqui. Não se justifica termos que gastar dinheiros que nos fazem falta, só para defender indivíduos que foram detidos quando iam ao Dubai beber, comer, fazer comprar, namorar, tudo isto com o dinheiro dos moçambicanos.
Se o senhor não tem nada a temer, então deixa o senhor Manuel Chang ir limpar o seu nome nos Estados Unidos da América. Deixa-o seguir viagem. Deixa-o preparar o terreno para os seus amigos que o seguirão. Se o senhor não faz parte dessa lista, então deixa-o seguir em paz. E a Justiça americana diz que vai provar que o seu Governo, Presidente, escondeu informação preciosa ao FMI sobre as dívidas ocultas. Afinal, em que alhada nos meteram? O senhor acha-se merecedor do voto dos moçambicanos? Porquê?
Dizer que o Presidente é inocente na contratação das dívidas ocultas, é tão verdadeiro como dizer que não houve dívidas ocultas, não houve crime!
DN – 02.08.2019
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