31/08/2019
Por Edwin Hounnou
Há mil e uma razões para o povo não votar no partido Frelimo e no seu candidato Filipe Nyusi, porém, aqui vamos mencionar algumas que ferem, de forma grave, a nossa moçambicanidade e nos humilha. Desde que o país chegou à independência, Moçambique ficou fora da rota do desenvolvimento e passou a fazer parte do grupo dos países mais atrasados do mundo, ainda que tenha imensos recursos naturais, tais como gás e, possivelmente, petróleo.
Moçambique já chegou a liderar o sector ferro-portuário na região da SADC, mas não soube tirar nenhum proveito da situação. Mesmo com uma das maiores barragens do mundo geração de corrente elétrica, os sucessivos governos do país não consegue a independência económica de nada porque os dirigentes que temos sempre os interesses de grupos acima dos interesses do povo.
Quando chegámos à independência nacional, em 1975, tínhamos uma das mais desenvolvidas industrias metalomecânica da região austral de África, porém, tudo foi reduzido a escombros. A indústria têxtil tinha um punho bem pesado na economia nacional, todavia, por falta de visão estratégica, todas as antigas fábricas de roupa viraram em fabriquetas de compota de mangas, em pequenas lojas de venda de chouriço, pedaços de carnes. Assim, milhares de postos de trabalho se perderam.
Em Moçambique, a vida pesa menos que uma pena de galinha, até o chefe de estado declara, para quem deseja ouvi-lo, que o Estado não se responsabiliza pela vida dos seus cidadãos. Quando se chega a esse nível crítico, atingimos o ponto de declínio civilizacional. Já não vale a pena confiar no Estado por se ter tornado no inimigo do povo.
Um governo que tutela esquadrões da morte para perseguir, raptar, assassinar e, depois, jogar as suas vítimas para vala comum, chegamos ao caos. Um estado que não valoriza a vida das pessoas não serve para nada, é prejudicial. Até já dizem que “matar era prática corrente e normal" e, de facto, testemunhamos que muitas vidas foram ceifadas por qualquer desconfiança.
Prender os suspeitos, torturá-los, acusá-los de “inimigos" e joga-los para o fundo mar, nunca foi um problema para a Frelimo. Camponeses assassinados e jogados debaixo de pontes, também, nunca foi problema. Se o povo deseja desenvolvimento, não deve hesitar em tirar os ditadores do poder e o voto é uma arma fundamental que não deve desperdiçar.
Não podemos voltar a empunhar as armas mas a pequena janela da democracia que se abre, permite ao povo usar o seu voto para expulsar os novos colonos da pior espécie que tomaram a rédea dos destinos do país . O voto constitui um instrumento especial para nos livrarmos daqueles que atiraram o nosso país para a sarjeta e ostracismo internacional.
O voto é a principal arma povo em Estado de Direito e Democrático. O momento de votar é ímpar - saber dizer “NÃO” aos gatunos. Sabemos como as eleições decorrem entre nós, que a fraude eleitoral é o trunfo a que o partido governamental se serve para se manter no poder, por isso, a força e vigilância do povo devem ser mais fortes que os cães-polícia.
O povo está cansado de viver debaixo de um regime incompetente e caloteiro, deve ser unido e vigilante porque o partido no poder se socorre de fraude, como o recenseamento que prejudicou, de maneira grave, as províncias de Nampula e Zambézia – zonas dominadas pela Oposição-, retirando-lhes assentos parlamentares e criou mais de 400 mil eleitores fantasmas para Gaza, considerado como sendo um “frelimistão" para que todos os assentos sejam arrebatados pela Frelimo.
Sabem que Gaza hostiliza a Oposição, quer dizer, deixa-se instrumentalização pelo partido no poder e os 09 assentos a mais ficarão com a Frelimo. O STAE, órgão claramente pró-Frelimo, deveria ser condenado em juízo e extinto, por ser prejudicial à democracia, igualdade e por estar a empurrar o país para a guerra.
O povo está cansado de conflitos a seguir às eleições devido às trapaças do STAE, da Comissão Nacional de Eleições e do Conselho Constitucional, todos são instrumentos do partido no poder para permanecer no poder mesmo que tenha visto a cartolina vermelha. Se o povo quiser paz e desenvolvimento, terá que excluir o partido Frelimo nas suas opções de escolha. Para a permanência, no poder, de gatunos e caloteiros tem estado a jogar um papel determinante a Renamo que se tem recusado aglomerar as forcas oposicionistas ao regime.
Ao partido ao aperceber-se da fraqueza da Oposição que, muitas vezes se digladiam mutuamente, a Frelimo já não precisa de aperfeiçoar a prática de fraudes. À luz do dia, ordena à polícia para invadir as assembleias de voto para roubar as urnas a fim de enchê-las de votos falsos, nos comités do partido.
O partido Frelimo já não tem vergonha de roubar ao povo assim como não tem vergonha de fazer fraudes eleitorais. Por estas e outras razões, reiteramos para o povo não votar no partido Frelimo! Ainda temos a chance para o povo livrar de carraças e chupa-sangues.
O povo que se cuide!
Correio da Manhã - 27/06/2016
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