* Por Emmanuel Oliveira Cortês, para AM.NET
As recentes deserções no seio do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) vêm confirmar um quadro que se antevia desde o último Congresso desta formação politica, realizado em dezembro do ano passado. Com a saída de quadros de peso como Manuel de Araújo, Venâncio Mondlane e António Frangoulis, a imagem do partido fica abalada perante o eleitorado moçambicana Será o fim do MDMí? Não se poderá afirmar taxativamente. Mas o ambiente que se vive no partido é de clara decadência.
E quem irá beneficiar com esta situação? Primeiramente, a RENAMO, que recebe quadros importantes nas suas fileiras, alguns com histórico dentro da formação politica, que emprestarão a sua experiência e popularidade nas eleições autárquicas agendadas para outubro.
António Frangoulis díz-nos que decidiu abandonar o MDM por sentir que no seio do partido não existe uma democracia interna efetiva. A direção, afirma, está relutante em adotar o princípio de eleição para os órgãos e em mudar os estatutos e mantém uma excessiva concentração de poderes na figura do Presidente do MDM, Daviz Simango, o que contradiz o discurso oficial desta formação sobre a redução de poderes no Chefe de Estado.
Frangoulis refere ainda que o MDM atraiu muitos eleitores jovens que viam no partido uma alternativa às duas maiores forças políticas, mas que acabaram desiludidos com a falta de democracia interna. A direção do partido, adianta, deveria trazer para os estatutos o princípio de maior democratização, defende.
Sobre o risco de uma pesada derrota nas autárquicas, o membro do Conselho Nacional do MDM e da Assembleia Municipal de Maputo, Ernesto Stefane, diz-nos que o MDM vai estar representado em todos os municípios: “o MDM já apresentou todos os cabeças de lista, excluindo a cidade de Maputo. Então, para dizer que estamos preparados. Os outros partidos ainda não apresentaram. Para dizer que o MDM está preparado para a batalha".
Recentemente, o líder do MDM, Daviz Simango, rejeitou em entrevista ao canal televisivo moçambicano STV, existir qualquer crise no seio do partido, criticando os que se juntaram ao partido com vista a atingir objetivos pessoais e de protagonismo individual, mas que viram seus objetivos frustrados, optando pela deserção.
O jornalista Marcelo Mosse reagiu à entrevista de Simango dizendo que o líder partidário "desenhou uma caricatura assombrosa do MDM". "Disse que não havia problemas que os "'craques" estivessem a sair, pois o núcleo fundador do MDM, os puros como ele disse, se mantinham. Esse núcleo é o clã Simango mais uma turma de militantes beirenses. Um núcleo regional. Ele confirmou que os membros que quisessem apoio do partido batiam à porta do presidente. E ele pagava ou não pagava as despesas. Uma gestão centralizada. Ele mostrou que o MDM não tem estruturas de gestão. E todos os críticos internos são párias".
Para Mosse, a causa comum das deserções no MDM é exactamente o excessivo centralismo de Daviz Simango.
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