Por Edwin Hounnou
Desconhecidos raptaram e espancaram José Macuane, então comentador do programa Pontos de Vista, na STV. Partilharam lhe as pernas e o atiraram numa ravina, ao longo da Estrada Circular de Maputo. Os carrascos disseram à sua vítima que "nos disseram para te partirmos as pernas". O caso parece que foi jogado para a caixa do esquecimento pelo Ministério Público.
Ericino de Salema, outro comentador do mesmo programa, foi raptado e, igualmente, deixaram no com as pernas e os braços quebrados, atirado numa ravina. Não o mataram porque os bandidos fugiram quando surpreendidos por senhoras que se aproximavam, casualmente, do local do crime.
Para que não haja dúvidas da falta da vontade política que esses crimes sejam esclarecidos, a Procuradoria Geral da República, indigitou aquela procuradora que pediu a condenação, em juízo, de Nuno Castel-Branco e de Fernando Banze, acusados ofenderem Armando Guebuza.
Aqui não se trata da complexidade desses casos, mas sim, uma clara falta de vontade política. Os criminosos agiram em nome de alguém que o Ministério Público conhece ou pode conhecer, porém, não o desvenda por conveniência política.
O que se nota hoje no programa Pontos de Vista?
Uma monotonia e ausência total de diferença. O programa perdeu interesse e inanimismo que o vinha caracterizando. O único comentador presente fala sozinho. Dificilmente a STV poderá conseguir recrutar um outro comentador porque as pessoas se sentem desprotegidas.
Verifica-se um grande recuo na abordagem dos assuntos pelo lado do jornalista que conduz o debate (?) porque ele teme também de ser raptado e lhe partirem as pernas, por isso, é obrigado a afinar as perguntas. Aquelas que são passíveis de ofender aos "bossies" que mandam os seus rapazes para raptaram e partirem as pernas e os braços, ficam no arquivo.
Solução?
- O Ministério Público tem que mostrar que representa o Estado que tem obrigação de defender os cidadãos. Deve garantir que os cidadãos falem e expressem as suas ideias sem medo de serem mortos.
- A STV pode encontrar um meio termo chamando, para além dos dois comentadores residentes, os representantes dos partidos políticos parlamentares ou da sociedade civil.
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