"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 21 de julho de 2018

"A Frelimo tem no seu seio vulgares vigaristas e falsos paladinos da moral que enfiam-nos pela goela abaixo a mesma comida: temos que suportá-los porque libertaram o País. Baboseira!"


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EUREKA por Laurindus Macuácua
Cartas ao Presidente da República (105)
Hoje, a minha saudação vai para o povo moçambicano. Constantemente imbecilizado mas nunca se verga. Ora bem: acredito que não estaria enganado se dissesse que a Assembleia da República é o esteio da democracia representativa.
Portanto, não seria exagero se também dissesse que é ali que a vontade popular se manifesta de maneira mais clara. Todavia, arrepia-me o facto de a Assembleia da República estar a ser utilizada pelo partido Frelimo como seu palco privilegiado para a chantagem.
O adiamento que se verificou antes da aprovação do pacote eleitoral foi à pedido da maioritária bancada parlamentar da Frelimo- a mando do seu chefe-, a pretexto de que a Renamo devia aceitar ser desmilitarizada. Isto é chantagem. É verdade que não sou a favor de partidos políticos armados.
Contudo, a descentralização e assuntos militares são assuntos distintos. A descentralização do País é a consolidação do Estado moçambicano e nunca deve estar refém de interesses de qualquer partido político. E mais: essa descentralização não deve ser nunca confundida como se se tratasse de um ganho de um certo partido político. Este é um processo incontornável para a construção de uma nação.
Os consensos havidos na aprovação do pacote eleitoral em nada surpreendem aos cidadãos atentos. Este era o passo necessário e que só atrasou em virtude das chantagens levadas a cabo pela Frelimo. A vitória na aprovação do pacote eleitoral não é da Frelimo ou da Renamo. É do povo moçambicano.
Por outro lado, não sei, sinceramente, se esta pressa de sair do impasse, da manifesta ilegalidade cometida pelo partido Frelimo, não irá agravar os problemas da própria legalidade. Não mentiu o sábio que disse que a pressa é inimiga da perfeição.

E as falanges frelimistas já foram soltas. Pululam na rádio e televisão públicas a cantarem vitória como se o mérito da descentralização ou da aprovação do pacote eleitoral fosse da Frelimo. Puro puxa-saquismo. São pessoas que por meras migalhas são capazes do haraquíri por uma causa que sabem, de antemão, que não é justa.
São aduladores diplomados. E vejamos: o que nos servem hoje à mesa é só descentralização ou pacote eleitoral. Não mudamos de ementa. É refeição diária. E tudo isto foi muito bem coordenado pelo partido Frelimo para fazer o povo esquecer das dívidas ocultas. Dos senhores, veteranos da Frelimo, que nos estupraram como nação.
Enfiaram-nos sem vaselina e a dor hoje é intensa. Isto chama-se de burlar o povo. Ao não se prender e julgar os autores da tremenda burla ao Estado moçambicano, a justiça revela que está à reboque do partido Frelimo. Quem não sabe que foram os camaradas que roubaram ao povo? Isto é um grande atentado contra a moralidade pública.
E o Presidente ainda fica satisfeito só porque a União Europeia disse que vai apoiar o País em 300 milhões de dólares. Este dinheiro, antes, era canalizado ao Orçamento do Estado. Mas hoje, o mesmo dinheiro vai para o apoio programático. Ou seja, só sai para financiar determinados programas.
Os europeus estão cansados de serem roubados. E ao fazerem isto, estão a dizer a esse Presidente que ficou feliz pelo apoio, que não confiam mais no seu partido, no seu Governo. Eles têm medo que o seu dinheiro, ao invés de financiar o desenvolvimento do País, enriqueça determinados quadros da Frelimo que transformaram o Estado moçambicano em sua vaca leiteira.
A Frelimo tem no seu seio vulgares vigaristas e falsos paladinos da moral que enfiam-nos pela goela abaixo a mesma comida: temos que suportálos porque libertaram o País. Baboseira!
DN – 20.07.2018

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