Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
3000 “quadros ou giz” aplaudindo e elogiando?
Não há dúvidas de que alguns são, de facto, quadros com provas dadas. Não há dúvidas de que os “pronunciamentos” de alguns são patrióticos e razoáveis.
Não há dúvidas de que as reuniões são necessárias para que as pessoas falem, se conheçam, discutam assuntos do seu interesse.
Agora, que não seja preciso gastar milhões de meticais para juntar “3000 pessoas”, onde a maioria delas entra e sai sem abrir a boca, julgo que concordamos não ser necessário.
E quando se sabe que os cofres públicos andam vazios e até salários de funcionários públicos andam atrasados, convém que se pergunte de onde veio todo o dinheiro para a logística da “reunião de quadros”.
Ninguém dúvida da robustez da Frelimo enquanto partido. Mas depois do que se sabe ou se subentende, que as empresas públicas agora falidas ou à beira da bancarrota servirem de sacos azuis do partido no poder, é justo questionar a origem dos fundos para a Mega Reunião da Matola.
Havendo vontade por parte dos detentores do poder, é possível e já deveria haver directrizes claras para lidar com um assunto já de cabelos brancos.
Gastar dinheiro para continuar a proteger um grupo especial de cidadãos é um insulto à memória colectiva.
Se não de maneira aberta, toda a encenação aquando da abertura da recente reunião da Matola indica que se continua a preferir o culto da personalidade e o encobrimento como forma de fazer política.
Os apelos à disciplina partidária são uma táctica para impedir que os membros do partido no poder se exprimam e critiquem fora dos órgãos, e isso equivale a dizer que não veremos críticas acontecendo.
Se voltamos a esquemas e procedimentos que colocam a crítica como “desvio de linha”, é um regresso efectivo ao passado monocromático.
Por via disto, veremos uma série de directivas dirigidas à comunicação social pública “aconselhando” e ditando o que pode ser escrito e o que pode ser visto.
Há uma relação directa muito importante em tudo aquilo que os partidos políticos decidem e os processos em discussão ou em andamento no país.
Quando se discutem os constrangimentos que atrasam entendimentos e a assinatura de um acordo político entre o Governo e a Renamo, isso deve-nos remeter-nos aos factos. Existe uma decisão de defender a todo o custo um grupo de compatriotas que encabeçaram acções que comprometeram as finanças públicas e a credibilidade de Moçambique.
Parece que a decisão tomada é vinculativa e não para ser discutida neste ou naquele fórum.
Há tantos malabarismos e linhas de defesa do esvaziamento dos cofres públicos que até a guerra está sendo utilizada como forma de encobrimento de uma agenda que se sabe foi de puro e simples enriquecimento ilícito. Aqui ninguém está descobrindo a pólvora ou a roda. Muito já foi dito sobre as dívidas antes ocultas.
Também deve começar a ficar porque se teima ferozmente em produzir acusações contra quem prejudicou o país. Quem espera que um beneficiário directo dos famosos “7 milhões” se apresente em público quem lhe criou condições para acesso a esses “créditos” não está pensando com os “parafusos todos”
Quem “amarra cabritos em pastos verdes” ou os acomoda em empresas públicas de renome está continuando a “lição anterior”. Não realmente a “famigerada” vontade política de tocar nos assuntos fundamentais e encontrar as soluções mais apropriadas. Prefere-se continuar com um jogo político em que se evita tocar em sensibilidades.
E é visível como a ACCLIN procura novos protagonismos e aparece revigorada nos últimos tempos.
Tenhamos a lucidez de compreender que, quanto mais espevitada e activa a ACCLIN se apresenta, mais claro fica que AEG pode ter saído da Ponta Vermelha, mas as suas “toupeiras” passeiam a sua classe com poder renovado. A ACCLIN é a “intocável” de hoje que, com incidência, afirma, para todos ouvirem, que só é possível aquilo que politicamente ela quiser.
Compatriotas, a gravidade do momento não necessita de quadros para a estudarem, pois é por demais claro que o país está doente. Quem disse sucessivamente que o “estado da nação” era bom, mentiu, assim como mentiram todos os seus porta-vozes.
Décadas de compadrios e conluios, de estratégias direccionadas ao enriquecimento de uma minoria, ignorando os direitos da larga maioria, conduziram a uma situação em que a meritocracia não vingou e jamais foi equacionada.
Afunilou-se tudo à pertença ou não a um partido político, a proximidade com os centros de poder nesse partido, a capacidade de escovar e lamber melhor e mais rápido, a obediência servil e a aceitação das tarefas, por mais vis que fossem.
Num quadro depressivo em que as pessoas sabem de fonte limpa qual é a origem dos problemas verificam-se tentativas de “obrigar” que todos aceitemos pontos de vista “sagrados” provenientes dos quadrantes que se consideram donos do país.
Há escolhas dolorosas a fazer, e uma delas é abandonarmos, como um todo, conceitos fundados no medo e no terror.
Vislumbra-se para quem quer ver um país dos “big 5” e das “gazelas e capim”. Aqueles que detêm o poder decidem e impõem, mesmo que apimentem suas decisões com pitadas de “democracia”.
Há um sentimento generalizado de frustração e inconsequência que são alimentados por um clima de medo e receio que se instilam e promovem através de acções multifacetadas de cunho oficial e oficioso.
As “labaredas” de seriedade que alguma análise empresta e que é ocasionalmente veiculada contrasta com ofensivas continuadas para arregimentar e instrumentalizar os cidadãos.
Este Moçambique ainda não é um país falido, mas é um país atolado numa planície com “matope e areia” à mistura. Não se anda porque se instalou uma nomenclatura de “empantas”, onde só serve aquilo que traz vantagens a quem decide sobre determinado “dossier”.
Uma República em que só sobrevivem aqueles que oferecem comissões e os que as recebem não tem como garantir o primado da lei.
Estamos onde estamos porque ainda não se decidiu pela abertura do país aos seus cidadãos e sobretudo não se decidiu enveredar pela plena manifestação plena da cidadania sem intromissões como aquelas que impõem que os cidadãos sigam regras estritas de disciplina partidária.
O que se pretende “vender” aos moçambicanos através de uma soma interminável de “datas comemorativas” são realidades que há muito não existem se é que algum dia existiram.
Nenhuma derrapagem ou crise, por mais profunda que seja, tem soluções.
Mas há que haver honestidade e hombridade para que alguma aconteça.
Não há supervisão nenhuma que irá resolver os nossos problemas se não houver uma decisão firme de agarrar os nossos problemas de frente sem historietas nem pretensiosismos.
Os nossos ilustres “anciões”, alguns deles dignos representantes dos nossos sacrificados heróis, têm palavras a dizer, mas talvez seja necessário dizer que também têm a responsabilidade de ajudar ao Executivo e aos partidos políticos existentes a tomarem decisões arrojadas sobre os nossos problemas.
Não queremos saber dos “segredos” de ontem. Queremos saber o que provocou a situação actual, sem mais “frescuras” proteccionistas.
Queremos responsabilidade e responsabilização sem olhar à filiação partidária ou qualquer outro critério, como relações de parentesco ou de amizade.
“Boi é boi, ladrão é ladrão”.
(Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 11.10.2016
Se voltamos a esquemas e procedimentos que colocam a crítica como “desvio de linha”, é um regresso efectivo ao passado monocromático.
Por via disto, veremos uma série de directivas dirigidas à comunicação social pública “aconselhando” e ditando o que pode ser escrito e o que pode ser visto.
Há uma relação directa muito importante em tudo aquilo que os partidos políticos decidem e os processos em discussão ou em andamento no país.
Quando se discutem os constrangimentos que atrasam entendimentos e a assinatura de um acordo político entre o Governo e a Renamo, isso deve-nos remeter-nos aos factos. Existe uma decisão de defender a todo o custo um grupo de compatriotas que encabeçaram acções que comprometeram as finanças públicas e a credibilidade de Moçambique.
Parece que a decisão tomada é vinculativa e não para ser discutida neste ou naquele fórum.
Há tantos malabarismos e linhas de defesa do esvaziamento dos cofres públicos que até a guerra está sendo utilizada como forma de encobrimento de uma agenda que se sabe foi de puro e simples enriquecimento ilícito. Aqui ninguém está descobrindo a pólvora ou a roda. Muito já foi dito sobre as dívidas antes ocultas.
Também deve começar a ficar porque se teima ferozmente em produzir acusações contra quem prejudicou o país. Quem espera que um beneficiário directo dos famosos “7 milhões” se apresente em público quem lhe criou condições para acesso a esses “créditos” não está pensando com os “parafusos todos”
Quem “amarra cabritos em pastos verdes” ou os acomoda em empresas públicas de renome está continuando a “lição anterior”. Não realmente a “famigerada” vontade política de tocar nos assuntos fundamentais e encontrar as soluções mais apropriadas. Prefere-se continuar com um jogo político em que se evita tocar em sensibilidades.
E é visível como a ACCLIN procura novos protagonismos e aparece revigorada nos últimos tempos.
Tenhamos a lucidez de compreender que, quanto mais espevitada e activa a ACCLIN se apresenta, mais claro fica que AEG pode ter saído da Ponta Vermelha, mas as suas “toupeiras” passeiam a sua classe com poder renovado. A ACCLIN é a “intocável” de hoje que, com incidência, afirma, para todos ouvirem, que só é possível aquilo que politicamente ela quiser.
Compatriotas, a gravidade do momento não necessita de quadros para a estudarem, pois é por demais claro que o país está doente. Quem disse sucessivamente que o “estado da nação” era bom, mentiu, assim como mentiram todos os seus porta-vozes.
Décadas de compadrios e conluios, de estratégias direccionadas ao enriquecimento de uma minoria, ignorando os direitos da larga maioria, conduziram a uma situação em que a meritocracia não vingou e jamais foi equacionada.
Afunilou-se tudo à pertença ou não a um partido político, a proximidade com os centros de poder nesse partido, a capacidade de escovar e lamber melhor e mais rápido, a obediência servil e a aceitação das tarefas, por mais vis que fossem.
Num quadro depressivo em que as pessoas sabem de fonte limpa qual é a origem dos problemas verificam-se tentativas de “obrigar” que todos aceitemos pontos de vista “sagrados” provenientes dos quadrantes que se consideram donos do país.
Há escolhas dolorosas a fazer, e uma delas é abandonarmos, como um todo, conceitos fundados no medo e no terror.
Vislumbra-se para quem quer ver um país dos “big 5” e das “gazelas e capim”. Aqueles que detêm o poder decidem e impõem, mesmo que apimentem suas decisões com pitadas de “democracia”.
Há um sentimento generalizado de frustração e inconsequência que são alimentados por um clima de medo e receio que se instilam e promovem através de acções multifacetadas de cunho oficial e oficioso.
As “labaredas” de seriedade que alguma análise empresta e que é ocasionalmente veiculada contrasta com ofensivas continuadas para arregimentar e instrumentalizar os cidadãos.
Este Moçambique ainda não é um país falido, mas é um país atolado numa planície com “matope e areia” à mistura. Não se anda porque se instalou uma nomenclatura de “empantas”, onde só serve aquilo que traz vantagens a quem decide sobre determinado “dossier”.
Uma República em que só sobrevivem aqueles que oferecem comissões e os que as recebem não tem como garantir o primado da lei.
Estamos onde estamos porque ainda não se decidiu pela abertura do país aos seus cidadãos e sobretudo não se decidiu enveredar pela plena manifestação plena da cidadania sem intromissões como aquelas que impõem que os cidadãos sigam regras estritas de disciplina partidária.
O que se pretende “vender” aos moçambicanos através de uma soma interminável de “datas comemorativas” são realidades que há muito não existem se é que algum dia existiram.
Nenhuma derrapagem ou crise, por mais profunda que seja, tem soluções.
Mas há que haver honestidade e hombridade para que alguma aconteça.
Não há supervisão nenhuma que irá resolver os nossos problemas se não houver uma decisão firme de agarrar os nossos problemas de frente sem historietas nem pretensiosismos.
Os nossos ilustres “anciões”, alguns deles dignos representantes dos nossos sacrificados heróis, têm palavras a dizer, mas talvez seja necessário dizer que também têm a responsabilidade de ajudar ao Executivo e aos partidos políticos existentes a tomarem decisões arrojadas sobre os nossos problemas.
Não queremos saber dos “segredos” de ontem. Queremos saber o que provocou a situação actual, sem mais “frescuras” proteccionistas.
Queremos responsabilidade e responsabilização sem olhar à filiação partidária ou qualquer outro critério, como relações de parentesco ou de amizade.
“Boi é boi, ladrão é ladrão”.
(Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 11.10.2016
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