Senhor Presidente, esta é a décima vez que lhe escrevo.
Encorajou-me o facto de ter tomado conhecimento de que o Presidente lê as minhas cartas. É um bom sinal. Soube ainda que o senhor todos os dias preocupa-se em saber o que o Nini publica na sua página de Facebook, apesar de um irónico “qual é o ataque de Nini hoje?”, quando se dirige aos seus assessores.
Presidente: eu, Nini Satar, nunca ataquei ninguém e jamais tive a pretensão de ferir quaisquer susceptibilidades. As minhas opiniões são fruto do que colho no dia-a-dia da vida sofrida da maioria dos moçambicanos, meus compatriotas.
Qualquer pessoa que seja contra o que escrevo, aconselho a tomar uma panaceia. Pois bem: o que me leva a escrever hoje, é a situação política do país. Moçambique está de rastos. Esta guerra já está a ir longe demais. Está a causar estragos irreparáveis. O que custa acabar com esta guerra, Presidente? O senhor Filipe Jacinto Nyusi é Presidente da República de Moçambique. É Presidente de todos os moçambicanos. É o alto magistrado da nação. Tem o privilégio de demitir e nomear quem quiser. Essa ladainha de que quem manda em si é o controverso General Chipande, para mim, é conversa de café e por isso não vou comentar.
O senhor pode, sim, devolver a estabilidade a este país. O saudoso Presidente Samora Machel, homem de carácter único, íntegro, rigoroso e que, sobretudo amava incondicionalmente Moçambique e os moçambicanos, a seu pedido, negociou a paz com a Renamo em 1984. Jacinto Veloso, esse mesmo senhor que hoje chefia a delegação do Governo no diálogo político, sabe muito bem do que estou a falar. Samora só não foi longe com a sua pretensão de restabelecer a paz em Moçambique, porque acabou morrendo num acidente ainda envolto em penumbra.
Seguiu-se-lhe o Presidente Chissano. Claro, este pode ter falhado em alguns aspectos, mas trouxe a almejada paz. Por isso que até aqui o seu nome é bem recordado pela maioria dos moçambicanos.
Com Armando Guebuza a situação da exclusão, a todos os níveis, aumentou. A Renamo sentiu-se marginalizada. A guerra voltou ao país e o senhor, Presidente Nyusi, herdou desta desordem e me parece não estar em condições de reverter o cenário. O que custa acabar com a guerra, Presidente Nyusi?
O Presidente tem ideia de quantos moçambicanos sofrem devido à guerra? Sabe quantas instâncias turísticas fecharam? Quantos investidores receiam em colocar o seu dinheiro em Moçambique? Moçambique até já virou chacota mundial. Se aparece na imprensa internacional, é para se falar de dívidas ocultas, guerra, pobreza, exclusão social. Tudo de mal é como se acontecesse em Moçambique.
Nestas condições, Presidente, quem vai investir em Moçambique? Nestas condições, Presidente, acha que eu, um patriota que ama o seu país, me devia calar? Não lhe devia escrever? Eu cobro de si explicações porque o senhor é o Presidente eleito. É a única pessoa que tem autoridade para devolver Moçambique aos carris. O que lhe custa, Presidente? Quem lucra com a guerra?
Custa-me muito ver o meu país a agonizar de tanto mal. Que culpa têm os moçambicanos? Não podem viver em paz? Ora são as dívidas ocultas, ora é a economia nacional que está de rastos. Hoje temos a situação do Moza Banco…faliu. O que se seguirá amanhã? O custo de vida, em Moçambique, está uma lástima. Tudo subiu: combustíveis, produtos da primeira necessidade, mas o salário continua uma miséria.
O mais grave ainda é que aquele que vivia da sua machamba já não pode cultivar por causa da guerra. Onde é que vai parar este país? Será que vocês os políticos estão interessados que esta guerra acabe? O nome deste país foi jogado na lama. Ora são os ministros do seu Governo que são vilipendiados nos jornais por estarem endividados até ao pescoço. Que servidor público é esse? Será esse ministro um bom exemplo? As avultadas dívidas que um dos seus ministros tem, foram despoletadas pela imprensa portuguesa. Ele demitiu-se? Não. Esta ai como se nada tivesse acontecido. Que exemplo!!!!!!
Tudo o que acontece no seu Governo cai na boca do povo. Até o cobrador do “chapa” insulta o Governo como melhor lhe aprouver. Será este um país sério? País em que os ministérios começam a ter dificuldades em pagar salários aos funcionários públicos. País em que a Polícia que devia defender o cidadão, rouba-lhe. Extorque. Usa artimanhas para sobreviver.
E o Presidente, sempre sereno, a dizer que na sua cabeça só existe a palavra paz, paz e paz. De que paz o Presidente fala? Eu, talvez não seja único, começo a duvidar de que o diálogo em curso vá dar em algo. É que a Renamo finca o pé: quer as seis províncias. E o Governo não as quer dar. O que mais existe neste diálogo é um braço de ferro. Também não vejo como é que iriam funcionar os governadores dessas seis províncias, já que Dhlakama tem dito que vão governar com o programa da Renamo. Essas seis províncias serão independentes do resto do país?
Não se vão subordinar ao Governo central? Isto tudo é para arrastar o tempo. Das negociações de 1984 que Samora iniciou, um dos pontos falava em parar com a guerra e negociar. Mas, estranhamente, o diálogo em curso, vai se arrastando enquanto o povo morre com a guerra. As negociações decorrem em simultâneo com a guerra.
Ora, são os mediadores internacionais a pedirem pausa, enquanto isso a guerra vai matando. Será que não há como parar com a guerra? Recordo-me que Dhlakama disse que as Forças de Defesa e Segurança estacionadas no cinturão da serra da Gorongosa deviam ser afastadas para a cessação da hostilidades. O Governo rejeitou. A guerra continua.
Afinal, estão a negociar o quê? Peço-lhe, Presidente, para que faça de tudo para devolver a paz a este povo.
Estou a pedir demais? Acho que estou a pedir o justo. Quero ver os meus compatriotas a viajarem do Rovuma ao Maputo sem medo de emboscadas, sem colunas. Quero ver o brilho do sorriso das crianças que hoje deixaram de ir à escola por causa da guerra. Quero ver o vendedor da esquina a montar a sua banca em qualquer parte deste vasto país sem temer nada. Quero o retorno às machambas. Quero a fartura dos ananases de Muxúngue, dos mariscos de Cabo Delgado, dos feijões de Niassa, das saborosas tangerinas de Inhambane, um dia cantadas por José Craveirinha.
É pedir demais, Presidente?
Nini Satar
Seguiu-se-lhe o Presidente Chissano. Claro, este pode ter falhado em alguns aspectos, mas trouxe a almejada paz. Por isso que até aqui o seu nome é bem recordado pela maioria dos moçambicanos.
Com Armando Guebuza a situação da exclusão, a todos os níveis, aumentou. A Renamo sentiu-se marginalizada. A guerra voltou ao país e o senhor, Presidente Nyusi, herdou desta desordem e me parece não estar em condições de reverter o cenário. O que custa acabar com a guerra, Presidente Nyusi?
O Presidente tem ideia de quantos moçambicanos sofrem devido à guerra? Sabe quantas instâncias turísticas fecharam? Quantos investidores receiam em colocar o seu dinheiro em Moçambique? Moçambique até já virou chacota mundial. Se aparece na imprensa internacional, é para se falar de dívidas ocultas, guerra, pobreza, exclusão social. Tudo de mal é como se acontecesse em Moçambique.
Nestas condições, Presidente, quem vai investir em Moçambique? Nestas condições, Presidente, acha que eu, um patriota que ama o seu país, me devia calar? Não lhe devia escrever? Eu cobro de si explicações porque o senhor é o Presidente eleito. É a única pessoa que tem autoridade para devolver Moçambique aos carris. O que lhe custa, Presidente? Quem lucra com a guerra?
Custa-me muito ver o meu país a agonizar de tanto mal. Que culpa têm os moçambicanos? Não podem viver em paz? Ora são as dívidas ocultas, ora é a economia nacional que está de rastos. Hoje temos a situação do Moza Banco…faliu. O que se seguirá amanhã? O custo de vida, em Moçambique, está uma lástima. Tudo subiu: combustíveis, produtos da primeira necessidade, mas o salário continua uma miséria.
O mais grave ainda é que aquele que vivia da sua machamba já não pode cultivar por causa da guerra. Onde é que vai parar este país? Será que vocês os políticos estão interessados que esta guerra acabe? O nome deste país foi jogado na lama. Ora são os ministros do seu Governo que são vilipendiados nos jornais por estarem endividados até ao pescoço. Que servidor público é esse? Será esse ministro um bom exemplo? As avultadas dívidas que um dos seus ministros tem, foram despoletadas pela imprensa portuguesa. Ele demitiu-se? Não. Esta ai como se nada tivesse acontecido. Que exemplo!!!!!!
Tudo o que acontece no seu Governo cai na boca do povo. Até o cobrador do “chapa” insulta o Governo como melhor lhe aprouver. Será este um país sério? País em que os ministérios começam a ter dificuldades em pagar salários aos funcionários públicos. País em que a Polícia que devia defender o cidadão, rouba-lhe. Extorque. Usa artimanhas para sobreviver.
E o Presidente, sempre sereno, a dizer que na sua cabeça só existe a palavra paz, paz e paz. De que paz o Presidente fala? Eu, talvez não seja único, começo a duvidar de que o diálogo em curso vá dar em algo. É que a Renamo finca o pé: quer as seis províncias. E o Governo não as quer dar. O que mais existe neste diálogo é um braço de ferro. Também não vejo como é que iriam funcionar os governadores dessas seis províncias, já que Dhlakama tem dito que vão governar com o programa da Renamo. Essas seis províncias serão independentes do resto do país?
Não se vão subordinar ao Governo central? Isto tudo é para arrastar o tempo. Das negociações de 1984 que Samora iniciou, um dos pontos falava em parar com a guerra e negociar. Mas, estranhamente, o diálogo em curso, vai se arrastando enquanto o povo morre com a guerra. As negociações decorrem em simultâneo com a guerra.
Ora, são os mediadores internacionais a pedirem pausa, enquanto isso a guerra vai matando. Será que não há como parar com a guerra? Recordo-me que Dhlakama disse que as Forças de Defesa e Segurança estacionadas no cinturão da serra da Gorongosa deviam ser afastadas para a cessação da hostilidades. O Governo rejeitou. A guerra continua.
Afinal, estão a negociar o quê? Peço-lhe, Presidente, para que faça de tudo para devolver a paz a este povo.
Estou a pedir demais? Acho que estou a pedir o justo. Quero ver os meus compatriotas a viajarem do Rovuma ao Maputo sem medo de emboscadas, sem colunas. Quero ver o brilho do sorriso das crianças que hoje deixaram de ir à escola por causa da guerra. Quero ver o vendedor da esquina a montar a sua banca em qualquer parte deste vasto país sem temer nada. Quero o retorno às machambas. Quero a fartura dos ananases de Muxúngue, dos mariscos de Cabo Delgado, dos feijões de Niassa, das saborosas tangerinas de Inhambane, um dia cantadas por José Craveirinha.
É pedir demais, Presidente?
Nini Satar
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