21/06/2016
Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Que os “corvos, hienas e toupeiras” não desfaçam os entendimentos.
Antes já se viu a Comissão Política da Frelimo dar o dito pelo PR por não dito.
Também já se viu analistas de ocasião e comentaristas permanentes em semanários e diários alinharem por aquilo que diz por último a CP da Frelimo em assuntos que dizem respeito à governação. Na RM, TVM e mesmo em algumas estações televisivas privadas é comum ver que os analistas alinham em geral no diapasão de quem manda na realidade na Frelimo.
Estamos falando do estágio actual das negociações na Comissão Mista constituída pelo Governo e pela Renamo para prepararem os pontos a serem discutidos pelos respectivos líderes. Na verdade, não será discussão, mas talvez assinatura da “sopa” que tiver sido cozinhada pela Comissão Mista.
Os tons “dominicais” apresentados por um dos comentaristas residentes deixa antever que alguns ainda não estão preparados para conviver.
Que
alguns ainda consideram que a Renamo é a inimiga a ser abatida, que a Frelimo é
proprietária da razão, como nos dias do partido-Estado.
Que a Frelimo é detentora exclusiva da linha correcta para guiar os destinos dos moçambicanos.
Há gente cega e outra cega voluntariamente.
Os resultados reais das eleições de Outubro de 2014 não os convencem, ou não querem admitir que derrotas autárquicas aconteceram, assim como nas eleições gerais houve campo para reclamações, porque a vitória homologada foi e continua suspeita de vícios e ilícitos.
Mas essencialmente tem de se ver determinados comportamentos e procedimentos como fruto das incertezas que pairam no ar, se as coisas mudarem na arena política.
Temos pessoas concretamente preocupadas com o seu ganha-pão futuro. Quando as “escovas ficarem sem o pêlo e a pomada” não existir, há gente que vai ficar desempregada.
Quando houver entendimentos firmados quanto à composição das FADM/PRM/SISE, também teremos compatriotas relegados para a reforma ou para posições subalternas em relação às ocupadas hoje.
Muitos empresários de sucesso batem-se contra entendimentos entre o Governo e a Renamo porque têm a consciência de que o leite da vaca Estado vai secar e não se ganharão mais concursos públicos de empreitadas ou fornecimento de bens e serviços só por causa da cor do cartão de membro deste ou daquele partido.
E óbvio que alguns governadores distritais e administradores de distrito fiquem com os cabelos em pé sempre que se vale da eventualidade de serem afastados em decorrência da reivindicação da Renamo de governar onde ganhou.
Uma antecipação formal do que se pretende que seja um futuro em que os governadores provinciais sejam eleitos é bem-vinda, se trouxer a paz.
Deseja-se que a Comissão Mista discuta tudo o que está na mesa, sem subterfúgios nem minas de longo prazo.
Já se aprendeu o suficiente com as manobras legalistas. Também já se aprendeu o suficiente sobre o significado e consequências de um AGP não cumprido na íntegra.
Quando se supunha que estaríamos gozando os frutos do desenvolvimento endógeno e inclusivo, demo-nos conta de que o país estava a ser tomada por “aves de rapina” meticulosamente armadas e com máquinas partidárias montadas para tornar realidade os seus desígnios e planos.
Agora, depois de escaramuças e de ataques mútuos, verbais e armados, parece que os beligerantes de ontem e de hoje decidiram dar oportunidade à paz. Saudamos isso, mas estamos apreensivos sobre as consequências reais do que discutem hoje.
Quer-nos parecer que ainda precisam de ser dados concretos que conduzam os moçambicanos ao respeito mútuo e à capacidade real de se reconciliarem com honestidade e honradez. Deve haver uma proliferação da palavra “perdão” e “reconciliação”, que ajudem compatriotas a juntarem na mesma mesa e repartirem entre eles o pouco que houver para comer.
A pertença a um determinado órgão partidário ou do Estado não deve ser critério para ter direitos superiores e benesses anormais, num contexto de contenção de custos e de escassez de recursos.
Não queremos ver campanhas de vinganças acontecendo como forma de correcção de um passado muito injusto. Mas não podemos permitir que haja pessoas que se escondam em órgãos e continuem sugando o sangue precioso dos moçambicanos.
Um ambiente de trabalho e de entrega ao que cada um tem para fazer vai mudar o país para melhor.
Não importa que surjam tendências de aproveitamento de propostas de outros, na medida em que isso for feito com o intuito de harmonizar posicionamentos em prol da moçambicanidade, da inclusão e da democracia efectiva.
O tempo é de encarar com realismo e oportunidade os desenvolvimentos recentes e deixar para trás aqueles factores que até aqui têm sido travões para a paz e adubo para os belicistas e defensores das teorias de savimbização.
Paira no ar a esperança de que dias melhores estão cada vez mais próximos, e importa segurar a barra, de modo a que isso aconteça ainda nos nossos dias. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 21.06.2016
Que a Frelimo é detentora exclusiva da linha correcta para guiar os destinos dos moçambicanos.
Há gente cega e outra cega voluntariamente.
Os resultados reais das eleições de Outubro de 2014 não os convencem, ou não querem admitir que derrotas autárquicas aconteceram, assim como nas eleições gerais houve campo para reclamações, porque a vitória homologada foi e continua suspeita de vícios e ilícitos.
Mas essencialmente tem de se ver determinados comportamentos e procedimentos como fruto das incertezas que pairam no ar, se as coisas mudarem na arena política.
Temos pessoas concretamente preocupadas com o seu ganha-pão futuro. Quando as “escovas ficarem sem o pêlo e a pomada” não existir, há gente que vai ficar desempregada.
Quando houver entendimentos firmados quanto à composição das FADM/PRM/SISE, também teremos compatriotas relegados para a reforma ou para posições subalternas em relação às ocupadas hoje.
Muitos empresários de sucesso batem-se contra entendimentos entre o Governo e a Renamo porque têm a consciência de que o leite da vaca Estado vai secar e não se ganharão mais concursos públicos de empreitadas ou fornecimento de bens e serviços só por causa da cor do cartão de membro deste ou daquele partido.
E óbvio que alguns governadores distritais e administradores de distrito fiquem com os cabelos em pé sempre que se vale da eventualidade de serem afastados em decorrência da reivindicação da Renamo de governar onde ganhou.
Uma antecipação formal do que se pretende que seja um futuro em que os governadores provinciais sejam eleitos é bem-vinda, se trouxer a paz.
Deseja-se que a Comissão Mista discuta tudo o que está na mesa, sem subterfúgios nem minas de longo prazo.
Já se aprendeu o suficiente com as manobras legalistas. Também já se aprendeu o suficiente sobre o significado e consequências de um AGP não cumprido na íntegra.
Quando se supunha que estaríamos gozando os frutos do desenvolvimento endógeno e inclusivo, demo-nos conta de que o país estava a ser tomada por “aves de rapina” meticulosamente armadas e com máquinas partidárias montadas para tornar realidade os seus desígnios e planos.
Agora, depois de escaramuças e de ataques mútuos, verbais e armados, parece que os beligerantes de ontem e de hoje decidiram dar oportunidade à paz. Saudamos isso, mas estamos apreensivos sobre as consequências reais do que discutem hoje.
Quer-nos parecer que ainda precisam de ser dados concretos que conduzam os moçambicanos ao respeito mútuo e à capacidade real de se reconciliarem com honestidade e honradez. Deve haver uma proliferação da palavra “perdão” e “reconciliação”, que ajudem compatriotas a juntarem na mesma mesa e repartirem entre eles o pouco que houver para comer.
A pertença a um determinado órgão partidário ou do Estado não deve ser critério para ter direitos superiores e benesses anormais, num contexto de contenção de custos e de escassez de recursos.
Não queremos ver campanhas de vinganças acontecendo como forma de correcção de um passado muito injusto. Mas não podemos permitir que haja pessoas que se escondam em órgãos e continuem sugando o sangue precioso dos moçambicanos.
Um ambiente de trabalho e de entrega ao que cada um tem para fazer vai mudar o país para melhor.
Não importa que surjam tendências de aproveitamento de propostas de outros, na medida em que isso for feito com o intuito de harmonizar posicionamentos em prol da moçambicanidade, da inclusão e da democracia efectiva.
O tempo é de encarar com realismo e oportunidade os desenvolvimentos recentes e deixar para trás aqueles factores que até aqui têm sido travões para a paz e adubo para os belicistas e defensores das teorias de savimbização.
Paira no ar a esperança de que dias melhores estão cada vez mais próximos, e importa segurar a barra, de modo a que isso aconteça ainda nos nossos dias. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 21.06.2016
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