Escrito por Emildo Sambo em 30 Junho 2016 |
O desvio e roubo de dinheiros públicos por quem os tem a seu cargo persistem na administração pública moçambicana e os protagonistas deste mal recorrem, destemidamente, a uma série de artifícios para delapidar o erário, incluindo "viciar" o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) para lograr os seus intentos. Em quatro meses (entre Junho e Setembro de 2015), segundo a Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, cinco instituições de nível central e provincial do Estado foram prejudicados em 40 milhões de meticais, dos quais apenas 15.516.042 meticais foram recuperados.
Beatriz Buchili disse que o ano de 2015 foi caracterizado pela ocorrência de novas formas do crime de peculato. Determinados indivíduos recorreram à falsificação e criaram empresa fantasmas com nomes que se confundiam com as firmas existentes e fornecedoras de bens e serviços ao Estado. As referidas empresas fictícias, acrescentou a guardiã da legalidade, durante a apresentação do informe anual da sua instituição, à Assembleia da República (AR), na semana finda, foram criadas em conluio com servidores públicos e cadastrados indevidamente no SISTAFE. De acordo com Beatriz Buchili, os prevaricadores "associam o domicílio bancário das companhias fantasmas ao Número Único de Identificação Tributária (NUIT) das firmas que fornecem bens e serviços ao Estado e activam-nas, momentaneamente, no sistema com vista à transferência de valores a seu favor". Consumado o roubo, o domicílio bancário das empresas fictícias é retirado e novamente faz-se constar as verdadeiras firmas vinculadas ao Estado no sistema. O problema exposto pela PGR não só torna incompreensível como é que os funcionários e agentes do Estado efectuem pagamentos indevidos, roubando milhares de meticais, e fazem descaminho de verbas sem que instituições centrais como o Ministério da Economia e Finanças percebam de que alguma coisa anda mal, pese embora a vigência do SISTAFE, como também transparece a necessidade de se criar mecanismos menos vulneráveis de controlo do erário. No que tange à corrupção, esta ocorreu também com maior incidência na cidade de Maputo, com 207 casos; províncias de Sofala e Inhambane, com 136 cada; sendo que Tete, Zambézia e província de Maputo registaram 19, 15 e 12 infracções. Segundo a PGR, sendo "a corrupção um mal cujo combate passa pela mudança de atitude", no ano passado foram desenvolvidas acções de educação cívica nas instituições públicas e privadas, comunidades e escolas, através de palestras e outros meios de sensibilização. No âmbito da instrução preparatória dos processos-crime instaurados por conta da corrupção, a PGR recuperou, ainda no ano passado, 25.516.042,22 meticais, contra 11.448.055,24 meticais em 2014. No seu informe, Beatriz Buchili queixou-se igualmente do "deficiente controlo da amortização das dívidas por parte dos devedores do Estado, resultantes da compra de viaturas abatidas (...)". |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
quinta-feira, 30 de junho de 2016
Administração pública moçambicana continua infestada de funcionários desonestos e ladrões
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