sexta-feira, 16 de agosto de 2019
Por Sérgio Cossa
Em vários sectores da sociedade a expectativa é alta em saber se o Acordo de Paz Definitiva, recentemente assinado entre o presidente da República, Filipe Nyusi, e líder da Renamo, Ossufo Momade, vai mesmo durar ou tal como o dois anteriores representa simplesmente um período de calmia nas hostilidades. A ideia de Forças de Defesa e Segurança apartidárias parece não encaixar no pensamento de Ossufo Momade. Em texto pubicado na sua página na rede social Twitter, o líder da Renamo escreveu: “ Nos acordos assinados entre a RENAMO eo Governo (FRELIMO), nas forças especiais ( FIR, FADM, UIR) passam a integrar homens do partido que impedirão que o povo seja atacada em ocasiões de greve ou manifestação. A luta continua”. De forma explícita, Ossufo Momade, diz que os elementos da Renamo que vão integrar as Forças de Defesa e Segurança continuarão a obedecer as ordens do “ partido”. Esta linha de pensamento é a mesma que a Renamo tem criticado ao longo dos anos. O partido hoje liderado por Ossufo Momad tem se queixado do facto de especialmente, “a polícia e os serviços secretos estarem ao serviço do partido Frelimo”. Aparentemente, Ossufo Momade, aceita Forças de Defesa e Segurança partidarizadas desde que tenha a sua quota de “elementos da confiança do partido”.
Mas outra das grandes questões que o recente Acordo de Paz Definitica coloca é se, realmente a Renamo vai finalmente desarmar-se. No passado, em resultado do clima de desconfiança que pairava entre o Governo e a Renamo, esta manteve sempre uma reserva de homens armados com o argumento que os mesmo estavam para proteger os dirigentes da organização.
O recente Acordo de Paz Definitiva coloca a protecção dos dirigentes da Renamo ás mãos da Polícia da República de Moçambique através da sua Unidade de Protecção de Altas Individualidades. É verdade que os mesmos serão oriundos da Renamo mas no entanto, “ o aquartelamento e o respectivo asseguramento logístico é da responsabilidade da Polícia da República de Moçambique”.
O acordo já está assinado mas ainda há um longo caminho a percorrer. E acima de tudo, é preciso saber até que ponto o mesmo não será afectado por um cenário pós-eleitoral sempre propenso a conflito
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