Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
É paradoxal que todo um povo não consiga saídas viáveis face a uma situação conhecida, estudada, dissecada.
Como pode um grupo restrito de pessoas sobrepor-se à vontade e direito da maioria dos seus concidadãos?
Como pode esse grupo possuir tanto poder e decidir contra a vontade expressa de milhões?
As fórmulas paralisantes impostas e legisladas meticulosamente esgotaram-se em todos os domínios.
Nada anda, e o que se diziam realizações do Executivo governamental apresentam-se descascadas, sem brilho nem consistência.
Era e demonstra-se mentira.
Um regime que foi progredindo para a mediocridade e o culto da personalidade, privilegiando os seguidistas e obedientes, disciplinados e cum cumpridores, acabou por aprisionar e acorrentar os moçambicanos.
O que se vive é medonho e demasiadamente perigoso.
Trabalho infantil em condições de autêntica escravatura, milhares sujeitos a trabalho braçal para novos colonizadores “amarelos” e de outras tonalidades tiram qualquer sentido à luta independentista.
Se antes celebrámos a libertação da terra e dos homens, hoje somos confrontados com uma realidade completamente diferente.
Os recursos naturais que serviriam para a libertação económica e cimentariam a libertação política foram sendo apropriados de maneira astuciosa pelos nossos “libertadores”.
Uma Lei de Terras desenhada a contento e estruturada de modo a beneficiar quem assina os DUAT’s permitiu a reedição de grandes latifundiários. A terra, afinal, não foi liberta, só mudou de mãos.
Milhares de jovens deambulam pelas cidades e vilas à procura de meios de sobrevivência.
A precariedade é a nota dominante em tudo o que se toca.
Proclamações e estatísticas abundam, mas é quase tudo enganoso, irrealista.
Estamos carecas, os cheques são carecas e sem cobertura.
Sem produção própria, senão de teoria irrelevantes e relatórios enganosos, vivemos à custa de doações, planificamos desastres naturais, para recebermos mais ajuda humanitária internacional.
Eliminámos do dicionário nacional palavras e conceitos fundacionais como vergonha, respeito próprio e, em seu lugar, elegemos glorificar supostas auto-estimas e quejandos.
De golpe a golpe, vamos assistindo uma elite conspurcada, banqueteando-se e festejando conquistas desestabilizadoras.
Quarenta anos depois da Independência Nacional, fomos empurrados para hostilidades fratricidas, porque alguém se decidiu e se conluiou para negar os direitos de milhões.
Hoje, chama-se uma pretensa mediação internacional para resolver um problema inventado por pessoas que se proclamam democráticas, mas que, visivelmente, nunca o foram. Quem arranca vitórias eleitorais, não é democrata.
Quem se organiza e se prepara para obliterar a oposição política, não é democrata.
Quem estrutura a sua actividade política de forma anticonstitucional, partidarizando o aparelho de Estado e os órgãos de soberania como as Forças Armadas e a Polícia, tem objectivos concretos.
Quem, na sua acção governativa, não consegue estabelecer sistemas que impeçam a proliferação da mediocridade e da mentira, não merece ser Governo.
Nem tudo está mal ou mal feito, mas este país precisa de ver os seus governantes e governados reflectindo sobre o que realmente querem. Somos um país que precisa urgentemente de encontrar saídas que corrijam a República dolorosamente erguida. Celebrar os nossos heróis sem que replique e se respeite os seus legados, não é justo nem honroso.
Excluir heróis e deliberadamente recusar a reconciliação e o perdão mútuo tem-se revelado contraproducente e demasiado perigoso.
Chegou a altura de abandonar aquelas ilusões teóricas e fantasias ideológicas que colocavam alguns como dirigentes sábios indispensáveis e a maioria como dirigidos e força bruta para a construção de uma sociedade ideal.
Se os socialistas de ontem são os capitalistas de hoje, por que não reabilitar aqueles que foram extrajudicialmente sentenciados e, a coberto de uma justiça dita revolucionária, eliminados?
Uma sociedade constrói-se com consensos e com a sabedoria dos seus filhos.
Não se pode falhar na Comissão Mista só porque alguém não quer que Moçambique seja partilhado e compartilhado democraticamente.
Vimos que o Conselho Constitucional foi irrealista, comandado a legitimar uma grosseira fraude eleitoral que despoletou a actual crise e até convenceu algumas pessoas a enveredar pela contratação de dívidas ilegais.
Houve um propósito firme de arrumar as pedras para a guerra, tudo em defesa de uma hegemonia irrealista e insustentável.
Se hoje nos queixamos da crise financeira e política, convém que ninguém se esqueça d que tudo começou na II República, sob comando e direcção de Joaquim Chissano e sua Comissão Política.
Se antes houve nacionalizações, com ele começaram as privatizações que sustentaram a emergência dos capitalistas de assinatura e da cultura socialmente emulada da corrupção.
Nos tempos da fome crónica, os moçambicanos aceitavam apertar o cinto, porque entendiam a conjuntura e não assistiam a uns poucos vivendo numa autêntica luxúria à custa do erário público.
Agora, é manifestamente escandaloso que se assista a espertalhões de meia-tigela tomando conta de todo um país com base na sua alegada participação na luta independentista.
Não se pode condicionar tudo à pertença e filiação neste ou naquele partido.
Moçambicanos, está na hora de acordar.
A mentira esgotou a sua utilidade prática.
Travar o descarrilamento do comboio nacional é da responsabilidade de todos.
Não há proprietários únicos da razão e senhores da verdade absoluta, como alguns ilustres anciãos aparecem a público propagandeando.
A escumalha auto-intitulada “intelectual”, ao serviço da mentira colossal daquilo que corroeu este portentoso Moçambique, deve ser rejeitada e denunciada com vigor.
Ninguém se coloque na categoria de santo e intocável.
Vamos todos e cada um fazer o seu possível para salvar o que a todos pertence. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 16.11.2016
Se antes celebrámos a libertação da terra e dos homens, hoje somos confrontados com uma realidade completamente diferente.
Os recursos naturais que serviriam para a libertação económica e cimentariam a libertação política foram sendo apropriados de maneira astuciosa pelos nossos “libertadores”.
Uma Lei de Terras desenhada a contento e estruturada de modo a beneficiar quem assina os DUAT’s permitiu a reedição de grandes latifundiários. A terra, afinal, não foi liberta, só mudou de mãos.
Milhares de jovens deambulam pelas cidades e vilas à procura de meios de sobrevivência.
A precariedade é a nota dominante em tudo o que se toca.
Proclamações e estatísticas abundam, mas é quase tudo enganoso, irrealista.
Estamos carecas, os cheques são carecas e sem cobertura.
Sem produção própria, senão de teoria irrelevantes e relatórios enganosos, vivemos à custa de doações, planificamos desastres naturais, para recebermos mais ajuda humanitária internacional.
Eliminámos do dicionário nacional palavras e conceitos fundacionais como vergonha, respeito próprio e, em seu lugar, elegemos glorificar supostas auto-estimas e quejandos.
De golpe a golpe, vamos assistindo uma elite conspurcada, banqueteando-se e festejando conquistas desestabilizadoras.
Quarenta anos depois da Independência Nacional, fomos empurrados para hostilidades fratricidas, porque alguém se decidiu e se conluiou para negar os direitos de milhões.
Hoje, chama-se uma pretensa mediação internacional para resolver um problema inventado por pessoas que se proclamam democráticas, mas que, visivelmente, nunca o foram. Quem arranca vitórias eleitorais, não é democrata.
Quem se organiza e se prepara para obliterar a oposição política, não é democrata.
Quem estrutura a sua actividade política de forma anticonstitucional, partidarizando o aparelho de Estado e os órgãos de soberania como as Forças Armadas e a Polícia, tem objectivos concretos.
Quem, na sua acção governativa, não consegue estabelecer sistemas que impeçam a proliferação da mediocridade e da mentira, não merece ser Governo.
Nem tudo está mal ou mal feito, mas este país precisa de ver os seus governantes e governados reflectindo sobre o que realmente querem. Somos um país que precisa urgentemente de encontrar saídas que corrijam a República dolorosamente erguida. Celebrar os nossos heróis sem que replique e se respeite os seus legados, não é justo nem honroso.
Excluir heróis e deliberadamente recusar a reconciliação e o perdão mútuo tem-se revelado contraproducente e demasiado perigoso.
Chegou a altura de abandonar aquelas ilusões teóricas e fantasias ideológicas que colocavam alguns como dirigentes sábios indispensáveis e a maioria como dirigidos e força bruta para a construção de uma sociedade ideal.
Se os socialistas de ontem são os capitalistas de hoje, por que não reabilitar aqueles que foram extrajudicialmente sentenciados e, a coberto de uma justiça dita revolucionária, eliminados?
Uma sociedade constrói-se com consensos e com a sabedoria dos seus filhos.
Não se pode falhar na Comissão Mista só porque alguém não quer que Moçambique seja partilhado e compartilhado democraticamente.
Vimos que o Conselho Constitucional foi irrealista, comandado a legitimar uma grosseira fraude eleitoral que despoletou a actual crise e até convenceu algumas pessoas a enveredar pela contratação de dívidas ilegais.
Houve um propósito firme de arrumar as pedras para a guerra, tudo em defesa de uma hegemonia irrealista e insustentável.
Se hoje nos queixamos da crise financeira e política, convém que ninguém se esqueça d que tudo começou na II República, sob comando e direcção de Joaquim Chissano e sua Comissão Política.
Se antes houve nacionalizações, com ele começaram as privatizações que sustentaram a emergência dos capitalistas de assinatura e da cultura socialmente emulada da corrupção.
Nos tempos da fome crónica, os moçambicanos aceitavam apertar o cinto, porque entendiam a conjuntura e não assistiam a uns poucos vivendo numa autêntica luxúria à custa do erário público.
Agora, é manifestamente escandaloso que se assista a espertalhões de meia-tigela tomando conta de todo um país com base na sua alegada participação na luta independentista.
Não se pode condicionar tudo à pertença e filiação neste ou naquele partido.
Moçambicanos, está na hora de acordar.
A mentira esgotou a sua utilidade prática.
Travar o descarrilamento do comboio nacional é da responsabilidade de todos.
Não há proprietários únicos da razão e senhores da verdade absoluta, como alguns ilustres anciãos aparecem a público propagandeando.
A escumalha auto-intitulada “intelectual”, ao serviço da mentira colossal daquilo que corroeu este portentoso Moçambique, deve ser rejeitada e denunciada com vigor.
Ninguém se coloque na categoria de santo e intocável.
Vamos todos e cada um fazer o seu possível para salvar o que a todos pertence. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 16.11.2016
Sem comentários:
Enviar um comentário