29/07/2019
No Seminário Maior de Namaacha, os seminaristas não tinham um acesso fácil aos meios de comunicação. Isso contrastava com a facilidade de acesso à jornais que eles tinham no Seminário de Zóbuè, particularmente ao “Diário de Notícias”, além de jornais estrangeiros, que relatavam os últimos acontecimentos em países africanos que ascendiam à independência.
Apesar da falta de uma fonte aberta de comunicação, os seminaristas vindos do Seminário de Zóbuè continuavam a discutir a política entre si e com seus amigos mais próximos. À medida que progrediam com seus estudos filosóficos no Seminário Maior de Namaacha, começavam a questionar a estreita ligação entre a hierarquia da Igreja Católica e o regime colonial português. Morier-Genoud descreve um incidente ocorrido em 1960 envolvendo um estudante do Seminário de Zóbuè chamado André Saene. Uma carta que ele escreveu a um amigo foi interceptada pelo Padre Superior que a entregou ao Cardeal-Arcebispo Dom Teodósio Clemente de Gouveia.
O Cardeal escreveu ao Bispo da Diocese de Beira, Dom Sebastião Soares De Resende, queixando-se das atitudes anti-portuguesas dos seminaristas de Zóbuè, particularmente de André Saene que, segundo ele, apesar de ser um aluno muito brilhante, não podia continuar como seminarista por causa das suas “ideias anti-portuguesas”. Como resultado do incidente de Saene, o Dom Custódio Alvim Pereira, sucessor do Cardeal Arcebispo Dom Teodósio Clemente de Gouveia, promulgou uma série de princípios que explicavam a posição da “Igreja Católica Colonial” em Moçambique. Os princípios estipulavam que a Igreja Colonial rejeitava a teoria da independência para Moçambique. No final, ele forçou os seminaristas rebeldes a abandonar o seminário.
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