29/07/2019
Analistas moçambicanos alertam que poderá ser alcançado um “acordo de paz frágil” em Agosto, entre o governo e a Renamo, em consequência dos vários arranjos políticos para a integração de guerrilheiros insatisfeitos com o rumo das negociações.
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse, no sábado, 27, ter chegado a um acordo com o líder da Renamo, Ossufo Momade, para a reformulação da lista de guerrilheiros a integrar nas forças de defesa e segurança, no sentido de contemplar o grupo de militares que diz estar insatisfeito com o processo de desmobilização em curso.
Para Sansão Nhancale, analista politico, os arranjos políticos para um acordo de paz antes das eleições de Outubro, numa altura de desentendimento entre a liderança da Renamo e parte de seus militares, podem minar a desejada reconciliação verdadeira.
Nhancale diz que há o risco de haver células de guerrilheiros a manifestarem-se fora do contexto politico.
“Eu penso que este está a ser um processo muito apressado devido a agendas eleitorais, marginalizando a essência da reconciliação,”diz o analista.
Por sua vez, o politólogo, Martinho Marcos, diz que as novas emendas na lista de integração dos guerrilheiros da Renamo mostram que as negociações estão longe de produzir um acordo eficaz de paz em Moçambique.
O novo arranjo entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade, para a reformulação da lista de guerrilheiros foi alcançado durante uma conversa telefónica, aquando da visita presidencial a província de Sofala.
Três dias antes, a autoproclamada Junta Militar da Renamo, que contesta a liderança de Ossufo Momade, havia ameaçado agir caso o governo continuasse a negociar a paz com o presidente da Renamo.
Nessa ocasião, o major-general da Renamo, Mariano Nhungue, que se apresentou como líder da Junta Militar, disse que havia um plano de ataque das forças governamentais contra a base do grupo na serra da Gorongosa, supostamente para silenciar a sua contestação.
E Nyusi, num comício popular no distrito de Machanga, em Sofala, reiterou o compromisso de um acordo de paz definitiva até Agosto, classificando de normais as diferenças no seio da Renamo.
VOA – 29.07.2019
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