28/06/2019
O corte da madeira e a posterior venda ilegal é uma situação que dia-pós-dia vem ganhando espaço, em certos distritos da província de Cabo Delgado, segundo apurou a "Carta". Os distritos de Montepuez e Ancuabe são palcos da saga que, mais uma vez, é liderada pelos chineses que, sob olhar impávido das estruturas locais, continuam a explorar florestas de forma desenfreada.
Uma investigação conduzida pela nossa reportagem, a nível daquela província, constatou que a acção dos furtivos acontece durante as madrugadas, na rota dos distritos acima mencionados, onde camiões, transportando aquele recurso natural, circulam e em conluio com os fiscais, que fingem não saberem do sucedido.
Segundo verificamos, entre os dias 24 e 25 de Junho, os camiões passam pelos postos de controlo, entre as 23.-00 e 3:00 horas da madrugada, sem nenhuma fiscalização, em direcção à cidade de Pemba.
Ainda na senda da investigação, constatamos que certos cidadãos nacionais, que possuem concessões e equipamento de corte, mas sem serralharia, têm trabalhado em colaboração com furtivos, maior parte dos quais chineses, que dominam a exploração desenfreada da madeira, naquela província do norte do país, concretamente em Ancuabe e Montepuez.
Conforme apurámos, os cidadãos moçambicanos aparecem como "testas de ferro" dos furtivos chineses que, a troco de dinheiro, intensificam o desflorestamento.
Na observação feita, aferimos que os cidadãos moçambicanos exploram as suas concessões com cidadãos chineses, permitindo que acções criminosas se intensifiquem. O esquema é o seguinte: os furtivos chineses disponibilizam seus trabalhadores, camiões, tractores, instrumentos de trabalho e, no final, pagam pela metade ou mais abaixo do valor normal do mercado.
Outra situação verificada, tanto em Ancuabe como em Montepuez, é a existência de madeireiros que possuem concessões, mas exploram áreas não autorizadas e cujas espécies encontram-se protegidas.
Nesta relação, entre os nacionais e chineses, o silêncio é a marca de ouro, com as duas partes a encobrirem as irregularidades da outra, permitindo que a "farra" esteja em alta, na província de Cabo Delgado.
Um outro fenómeno que se verifica, naquele ponto do país, é a existência de serralharias de algumas
concessões, sediadas na cidade de Pemba, que só servem de armazéns de troncos, com objectivo de enganar os serviços de inspecção florestal.
As aludidas concessionárias, durante a época de defeso, transformam as serralharias em locais de culto, oficinas e ferragens, não só para rentabilizar as infra-estruturas, mas também para esconder a m naquele período. Assim, de acordo com fontes próximas ao processo, quando inspectores dos Serviços Florestais fazem a fiscalização dos locais, os proprietários orientam os inquilinos a retirarem-se dos locais.
Segundo apurámos, de fontes do sector florestal, maior parte do território declarado como sendo reserva florestal, naquela província, já não tem recursos para explorar. Para tal, afirmam, deve-se entrar mais para o interior da província, percorrendo quilómetros para poder ter acesso aos recursos florestais. Sublinham que, caso não haja uma intervenção imediata de quem de direito, a província poderá ficar deserta.
No entanto, outra situação existente, na província de Cabo Delgado, concretamente, no distrito de Montepuez, é a existência de funcionários dos Serviços Florestais, que possuem concessões de exploração de madeira. E para disfarçar, os mesmos usam nomes distintos, em colaboração com algumas pessoas que integram no esquema como "testas de ferro*.
“Carta” apurou que, dos processos existentes nos serviços florestais, nenhum foi encaminhado para o Ministério Público, porque os visados, alegadamente, subornaram os fiscais e os mesmos retiraram as acusações.(Paula Mawar)
CARTA – 28.06.5019
NOTA: Se a Frelimo não sair do poder no mais curto espaço de tempo, nada restará para os vindouros. E, nas alfandegas, quem deixa passar esta madeira? Com que documentos?
Fernando Gil
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