24/06/2019
A consultora IHS Markit considerou hoje que o impacto dos ciclones em Moçambique vai piorar as estimativas de crescimento da economia, para 2%, da inflação e do desequilíbrio orçamental, que pode chegar aos 9%.
“A taxa de crescimento do PIB, a inflação, o défice orçamental para 2019 podem ficar piores que as estimativas iniciais da IHS Markit, tendo em conta os impactos dos ciclones Idai e Kenneth”, disse a economista Thea Fourie à Lusa.
“O impacto pode incluir uma inflação maior para os produtos alimentares, ao passo que o crescimento do PIB pode abrandar para 2%”, acrescentou, notando que “o início dos esforços de reconstrução pode deixar a economia mais forte na segunda metade deste ano e nos próximos dois anos”.
A subida dos preços dos alimentos é, aliás, "o maior risco para a previsão de evolução da economia", dado o potencial de disrupção no consumo e no sentimento dos próprios consumidores.
No que diz respeito à política monetária, e já levando em conta o corte de 1% na taxa de juro diretora em junho, a IHS Markit estima que o banco central moçambicano corte novamente o custo do dinheiro em mais 1,25% até final deste ano, melhorando a capacidade das famílias e dos empresários de acomodarem os impactos do aumento dos preços dos bens alimentares.
As previsões da IHS Markit para Moçambique surgem na mesma altura em que a consultora salientou as dificuldades para a região da África subsaariana, que deverá ter crescido 3% em 2018 e deverá chegar ao final deste ano com uma expansão económica de 3,1%, acelerando para 3,4% em 2020.
"A perspetiva de evolução da região para este ano enfrenta dificuldades quer regionais quer globais", disse o diretor do departamento económico, Bryan Plamondon, numa nota enviada à Lusa.
"A recente intensificação da guerra comercial ensombrou consideravelmente a perspetiva de evolução global", disse, apontando para os 2,8% de previsão de crescimento para este ano e de 2,7% em 2020.
"O crescimento global mais suave e as tensões comerciais estão a piorar o apoio externo para as economias da África subsaariana e para outros mercados emergentes e em desenvolvimento", acrescentou.
Os maiores riscos, concluiu, são "a volatilidade no preço das matérias-primas, a normalização da política monetária norte-americana, o abrandamento no crescimento do comércio global e as condições climatéricas adversas".
As más infraestruturas, a instabilidade política e a corrupção continuam a ser obstáculos para o desenvolvimento económico da região, que devido ao crescente endividamento tem "os perfis de crédito soberano vulneráveis a mais revisões em baixa, o que pode criar pressão para outra ronda de perdão de dívida".
LUSA – 24.06.2019
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