24/06/2019
Como introdução a esta publicação, chama-se a atenção para o modo como a tecnologia inerente ao gás natural tem vindo a evoluir no sentido de tornar viável a exploração de recursos outrora considerados impraticáveis por limitações económicas mas também técnicas. A viabilização do gás de xisto é um grande exemplo disso, e tem sido bastante mais discutido do que outro exemplo importante, que é tecnologia de liquefação do gás natural, como de resto esta publicação procura revelar.
No passado, caso um campo de exploração offshore (alto mar) não pudesse ligar-se por pipeline à costa, era considerado "encalhado" (stranded), isto é, de exploração condicionada.
O cenário mudou a partir do momento que a tecnologia de liquefação de gás natural (em inglês, LNG) veio facilitar a exploração dos campos de exploração de gás natural que eram considerados "encalhados". A construção de embarcações e unidades de exploração capazes de transportar e processar LNG foi o elo vital para o estabelecimento de um mercado mundial de LNG.
A tecnologia necessária para operar LNG, conhecida como FLNG (o F vem de floating/flutuante) é considerada complexa e dispendiosa, o que implica que, sob o ponto de vista do risco e custos, nem sempre se justifique aplicá-la num campo offshore, especialmente se for pequeno (menos de 56 mil milhões de metros cúbicos). Nestes casos, a alternativa para ainda assim aproveitar os recursos existentes passa pela compressão de gás natural (CNG).
Comparativamente, a tecnologia CNG é bastante mais simples porque envolve apenas a compressão da matéria-prima e seu transporte em embarcações até à costa.
Perante a simplicidade proporcionada pela tecnologia CNG em comparação com LNG, qual o interesse em tentar implementar esta última?
Em causa estão as muito distintas produtividades do processo. Para transportar gás natural com eficiência há que aumentar a sua densidade. As duas formas de o conseguir passam pelo decréscimo de temperatura, e/ou pelo aumento de pressão.
A tecnologia de LNG implica o arrefecimento do gás natural a -162ºC à pressão ambiente, e uma consequente contração de volume na ordem de 600:1.
A compressão de gás natural (CNG) costuma ocorrer até valores de 276 bar à temperatura ambiente, provocando um contração de volume na ordem 300:1.
A contração de volume proporcionada pela opção LNG (2x maior) deve ser ponderada com os elevados custos de associados à liquefação e regasificação, os quais implicam a necessidade de se lidar com fluidos criogénicos em embarcações.
Por sua vez, a opção CNG, sendo menos produtiva, é compensada pela dispensa da necessidade regasificar o gás, e por dispensar também os fluidos criogénicos. Porém, a elevada pressão de operação implica que as embarcações esteja preparadas para aguentar esses valores.
São estas as contas a fazer quando se pondera por CNG ou LNG.
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