25/09/2019
Partidos da oposição denunciam destruição de seu material de propaganda eleitoral por parte da FRELIMO e intolerância por parte da polícia local. Partido no poder não responde e corporação refuta acusação.
O movimento Nova Democracia (ND) e o Partido de Renovação Social, por exemplo, anunciaram que não têm levado a cabo as suas atividades no âmbito da campanha eleitoral na província de Inhambane, porque constantemente os seus membros têm sido alvos de intimidações nas ruas por parte de desconhecidos.
Também, Ernesto Pedro, mandatário do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato a deputado na Assembleia da República, disse à DW África que o partido denunciou recentemente a vandalização e remoção do seu material de propaganda, mas que a policia nada fez após ter recebido uma queixa nesse sentido.
"Levamos o assunto à esquadra, mas a polícia não deu importância à queixa. Quando o nosso opositor não consegue atingir os seus objetivos, prefere amedrontar e ameaçar os nossos membros," revela.
"Estamos conscientes da nossa missão e maduros, estamos a avançar. Nada nos impede de caminharmos, nem com a vandalização do nosso material ou retirada das nossas bandeiras. Cada dia que passa, ficamos mais fortes," acrescenta Ernesto Pedro.
RENAMO também denuncia
Domingos Gundana, deputado da RENAMO em campanha nas zonas centro e norte da província, queixa-se por seu lado da destruição do material de propaganda e perseguição dos membros desta formação politica. O candidato diz ainda que este mau clima na campanha poderá ter os seus reflexos após a realização das eleições gerais de 15 de outubro.
"Vão à noite retirar ou remover os cartazes e outros materiais de propaganda. Pode-se colar ao longo do dia, mas no dia seguinte você já não tem mais cartazes colados naqueles sítios e os que substituem são cartazes do partido no poder, [a Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO]. A questão mais gritante e preocupante é a perseguição contra os nossos simpatizantes e membros," denuncia.
"São essas questões que colocam a campanha eleitoral na província de Inhambane de uma forma não positiva e nós não queríamos que o país regressasse para a violência", conclui Domingos Gundana.
FRELIMO silencia, polícia diz estar a trabalhar
A FRELIMO faz um balanço positivo, mas recusou comentar as informações que circulam sobre a destruição de material de propaganda dos partidos da oposição.
De acordo com Juma Aly Dauto, porta-voz do Comando Provincial de Inhambane, a corporação já deteve cinco pessoas envolvidas nesses atos de vandalismo e destruição de material de propaganda partidária. Aly Dauto acrescenta que a polícia recebe quase diariamente algumas queixas contra desconhecidos sobre a destruição de material de propaganda. Essas queixas e denúncias são feitas principalmente pelos partidos da oposição.
"Essas queixas são de danificação do material [de propaganda eleitoral]. Desses detidos, temos um detido no distrito de Massinga que tomamos conhecimento de que foi sentenciado e recebeu uma pena de 15 dias de prisão efetiva e 6 meses de multa de salário mínimo. Temos vindo também a receber algumas queixas relativas a danificação de material, mas contra desconhecidos," detalha.
Segundo o porta-voz, a corporação já enviou para o terreno vários elementos que estão a trabalhar visando neutralizar os infratores.
"Estamos a trabalhar no sentido de serem encontradas as pessoas que praticaram esses atos," garante.
Enquanto isso, os candidatos ao Governo Provincial de Inhambane continuam as suas atividades de campanha com promessas de melhorar as estradas, construir mais escolas e combater a corrupção. Mas muitos cidadãos e analistas lembram aos políticos que não basta fazer promessas.
DW - 25.09.2019
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