sexta-feira, 20 de setembro de 2019
O líder da Junta Militar da Renamo (JMR) veio a público, ontem, reivindicar os ataques armados contra alvos civis, como resposta à indiferença do governo que insiste em não aceitar negociar com o grupo. Os ataques armados, esses, irão continuar e os alvos podem ser inclusive governadores, administradores e jornalistas.
Mariano Nhongo não desarma e garante que enquanto a campanha eleitoral continuar e o governo a não negociar novo processo de Desarmamento, Desmilitarização e de Reitengração (DDR), desse modo rasgando o anterior, os tiros irão continuar.
O líder da JMR se distancia da postura paciente do falecido Afonso Dhlakama, ao deixar claro que “quem não nos ouve, irá levar um tiro”. Em vida e no auge do último conflito armado, o malogrado Dhlakama deixou publicamente o aviso para a impaciência dos que iriam o substituir, “que não irão tolerar as brincadeiras da Frelimo”.
Hoje, Mariano Nhongo confirma essa tendência arrogante e claramente de chantagem, até que as suas exigências sejam satisfeitas. Enquanto isso, os ataques prometem continuar, essencialmente na região centro de Moçambique.
E quais são as exigências em carteira? Cancelamento da campanha eleitoral, esta quinta-feira no seu vigéssimo dia; adiamento das eleições gerais de 15 de outubro; e enquadramento dos guerrilheiros nas forças armadas, polícia, serviços secretos e reintegração. São estas as exigências que o governo não está a aceitar, culpando o executivo de ser autor dos ataques, pelo facto de declinar negociar.
“O governo não está a aceitar as nossas exigências, muito menos negociar connosco”, afirma Mariano Nhongo, aos jornalistas via telefone. Há um embaixador, não revelado, que Nhongo garante ter entrado em contacto com a Junta, mas a este foi-lhe sugerido que não tome em consideração os entendimentos assinados pelo presidente da República, Filipe Nyusi e Ossufo Momade, que regulam a DDR.
Na madrugada de terça-feira, dois camiões foram interceptados na região de Zimpinha, distrito de Gondola, província de Manica, de influência da JMR. Nhongo confirma terem sido os seus homens a protagonizar os ataques que imobilizaram os veículos, ferindo os respectivos condutores, ainda apontados como tendo raptado quatro cidadãos, entretanto resgatados pelas forças policiais, segundo estas.
Ontem, no Niassa, Filipe Nyusi lamentou a existência de indivíduos que andam a matar, anotando que desavenças não podem levar a mortes. Ossufo Momade tem sido o epicentro da crise na Renamo.
A JMR acha que Momade “vendeu” a Renamo ao governo, ainda mandou prender e matar os que outrora eram da confiança de Afonso Dhlakama.
Numa primeira reacção pública, Momade classificou Mariano Nhongo e seus seguidores, de desertores indisciplinados, teoria alterada num outro momento. Desde então, Momade tem na JMR irmãos de um mesmo partido, a quem chama à razão, pois em família só falando há entendimento. Sucede que a JMR não quer negociar com emissários de Ossufo Momade, porque a verdadeira Renamo “somos nós, aquí nas matas”.
A Juntar quer é negociar com o governo. Está desfeita, desse modo, a tese de ‘bandos errantes’ protagonistas dos ataques no centro de Moçambique, a avaliar pelo assumir das responsabilidades dos mesmos.
EXPRESSO – 19.09.2019
Mariano Nhongo não desarma e garante que enquanto a campanha eleitoral continuar e o governo a não negociar novo processo de Desarmamento, Desmilitarização e de Reitengração (DDR), desse modo rasgando o anterior, os tiros irão continuar.
O líder da JMR se distancia da postura paciente do falecido Afonso Dhlakama, ao deixar claro que “quem não nos ouve, irá levar um tiro”. Em vida e no auge do último conflito armado, o malogrado Dhlakama deixou publicamente o aviso para a impaciência dos que iriam o substituir, “que não irão tolerar as brincadeiras da Frelimo”.
Hoje, Mariano Nhongo confirma essa tendência arrogante e claramente de chantagem, até que as suas exigências sejam satisfeitas. Enquanto isso, os ataques prometem continuar, essencialmente na região centro de Moçambique.
E quais são as exigências em carteira? Cancelamento da campanha eleitoral, esta quinta-feira no seu vigéssimo dia; adiamento das eleições gerais de 15 de outubro; e enquadramento dos guerrilheiros nas forças armadas, polícia, serviços secretos e reintegração. São estas as exigências que o governo não está a aceitar, culpando o executivo de ser autor dos ataques, pelo facto de declinar negociar.
“O governo não está a aceitar as nossas exigências, muito menos negociar connosco”, afirma Mariano Nhongo, aos jornalistas via telefone. Há um embaixador, não revelado, que Nhongo garante ter entrado em contacto com a Junta, mas a este foi-lhe sugerido que não tome em consideração os entendimentos assinados pelo presidente da República, Filipe Nyusi e Ossufo Momade, que regulam a DDR.
Na madrugada de terça-feira, dois camiões foram interceptados na região de Zimpinha, distrito de Gondola, província de Manica, de influência da JMR. Nhongo confirma terem sido os seus homens a protagonizar os ataques que imobilizaram os veículos, ferindo os respectivos condutores, ainda apontados como tendo raptado quatro cidadãos, entretanto resgatados pelas forças policiais, segundo estas.
Ontem, no Niassa, Filipe Nyusi lamentou a existência de indivíduos que andam a matar, anotando que desavenças não podem levar a mortes. Ossufo Momade tem sido o epicentro da crise na Renamo.
A JMR acha que Momade “vendeu” a Renamo ao governo, ainda mandou prender e matar os que outrora eram da confiança de Afonso Dhlakama.
Numa primeira reacção pública, Momade classificou Mariano Nhongo e seus seguidores, de desertores indisciplinados, teoria alterada num outro momento. Desde então, Momade tem na JMR irmãos de um mesmo partido, a quem chama à razão, pois em família só falando há entendimento. Sucede que a JMR não quer negociar com emissários de Ossufo Momade, porque a verdadeira Renamo “somos nós, aquí nas matas”.
A Juntar quer é negociar com o governo. Está desfeita, desse modo, a tese de ‘bandos errantes’ protagonistas dos ataques no centro de Moçambique, a avaliar pelo assumir das responsabilidades dos mesmos.
EXPRESSO – 19.09.2019
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