Homens armados mataram 11 pessoas e feriram oito na aldeia de Ntole, no distrito de Palma, província de Cabo Delgado, disse hoje à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) naquela região.
Augusto Guta adiantou que o ataque aconteceu na noite do dia 26 de junho e nove das vítimas mortais eram cidadãos da Tanzânia, país que faz fronteira com o norte de Moçambique, e dois eram moçambicanos.
Entre os oito feridos, seis são tanzanianos e dois são moçambicanos, acrescentou.
O incidente levou o comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, a reunir-se com o seu homólogo da Tanzânia, Simon Siro, tendo os dois dirigentes chegado a acordo sobre a realização de operações conjuntas ao longo da fronteira.
"Acordámos em conjunto fazer operações de garantia de livre circulação ao longo da fronteira e isso passa por um plano de ações conjuntas", declarou Bernardino Rafael.
Um dos feridos no ataque da semana passada e que perdeu o tio na ação disse à emissora pública Rádio Moçambique que os atacantes vestiam fardamento das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e disseram a populares que estavam em Ntole para uma patrulha, o que fez com que não suscitassem desconfiança em relação aos seus reais motivos.
A província de Cabo Delgado, palco de uma intensa atividade de multinacionais petrolíferas que se preparam para extrair gás natural, tem sido alvo de ataques de homens armados desde outubro de 2017 e que já provocaram mais de mortos.
O Governo moçambicano tem apresentado versões contraditórias sobre a violência na região, tendo apontado motivações religiosas associadas ao islamismo em vários momentos e, mais recentemente, a garimpeiros.
Recentemente, um suposto ramo do Estado Islâmico reivindicou ter matado vários militares moçambicanos em Cabo Delgado durante um confronto, mas essa ação nunca foi confirmada pelas autoridades.
LUSA – 01.07.2019
O português Américo Sebastião também foi raptado por membros da FADM fardados.