"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 30 de setembro de 2018

Bispos católicos convidam moçambicanos a “abrir olho”

Uma semana depois do presidente da República (PR), Filipe Nyusi, ter visitado e mantido um encontro com o papa Francisco, no Estado de Vaticano, em Roma, Itália, o Conselho Episcopal de Moçambique (CEM), um conclave de bispos católicos de Moçambique, lançou duras críticas aos gestores de bens públicos, classe na qual Nyusi é a figura mais alta. 

Reunidos no passado dia 17 de Setembro, sob direcção de Dom Francisco Chimoio, os bispos católicos associam o actual estado de penúria, desgraça e incertezas que caracterizam o país à incompetência dos gestores do bem público, sobretudo a Frelimo, no poder desde 1975. 48 horas após a divulgação da carta, Filipe Nyusi recebeu em audiência Dom Francisco Chimoio na Presidência da República. Ao que o SAVANA apurou, Nyusi convidou Chimoio para colocá-lo a corrente da visita oficial que efectuou ao Vaticano.

Pior que administração Guebuza
Na sua carta, os católicos dizem, sem rodeios, que não há dúvidas de que, infelizmente, o presente ciclo governativo, liderado por Filipe Nyusi, será recordado como um dos menos gloriosos da democracia moçambicana por várias razões.
Sublinham que, dentre várias razões que pintam a negro a democracia moçambicana, em virtude da incúria dos governantes, destaca-se a paralisia das instituições públicas e partidárias determinada pelas prolongadas negociações entre a Frelimo, no Governo, e a Renamo, no quadro do contencioso do processo eleitoral de 2014.
“O litígio entre o partido no Governo e a Renamo, em torno dos pleitos eleitorais de 2014, além de se ter degenerado em violência armada, no centro do país, também deu origem a uma situação de incerteza sobre o futuro político”, lê-se no documento.
No capítulo económico, a carta dos bispos refere que merece, igualmente, uma avaliação negativa a situação económica do país, caracterizada por uma progressiva deterioração, associada à corrupção do escândalo das dívidas contraídas por alguns representantes do Estado, à margem das normas.

Sublinham que a nebulosidade que paira no sector da economia e política tende a exercer, progressivamente, de forma galopante, uma influência negativa no desenvolvimento do país.
Perante o cenário de penúria, indigência, carência, privação, tanga e inópia que o país se encontra, os bispos católicos chamam atenção aos moçambicanos para aproveitar os períodos eleitorais que se aproximam para reflectir e melhor decidir sobre o tipo de governantes que precisam para um Moçambique melhor.

“Com as eleições autárquicas marcadas para Outubro próximo e gerais para 2019, abre-se, diante de todos nós, a possibilidade de corrigirmos os erros cometidos, propondo caminhos de paz e de vida, de esperança e de prosperidade. Estamos, todos nós, como um corpo, diante de um grande desafio ao qual temos de responder com coragem e responsabilidade individual e colectiva, pois, está em estão o futuro da nossa terra, do nosso povo, das nossas famílias e de cada um de nós”, frisaram.

 Dizem que como pastores, atentos às sensibilidades do povo, estamos conscientes de que, depois de muitos desenganos e desilusões, muitos moçambicanos, infelizmente, ganharam uma aversão a tudo o que é política, considerando-a uma actividade desonesta, praticada por aqueles que estão no poder com o fim de enganar o povo e de realizar os seus interesses pessoais ou de grupo.

Sublinham que os que assim pensam renunciaram já o próprio dever de participar no exercício da selecção daqueles a quem é confiada, por um determinado período de tempo, a governanção e a administração da coisa pública.
Para os bispos católicos, a política não pode ser considerada uma arte de enganar. A política é por excelência a arte de organizar e gerir sociedade, de modo a alcançar seus valores essenciais através da criação de instituições que garantem o respeito, segurança e o bem-estar dos indivíduos e das famílias.
Sobre ataques que desde Outubro de 2017 têm criado luto e terror no seio das comunidades residentes nos distritos costeiros da província de Cabo Delgado, nomeadamente: Mocímboa da Praia, Quissanga, Macomia e Palma, a Igreja Católica lamenta as chacinas e acusa as entidades responsáveis pela garantia de defesa e segurança de falta de uma posição clara sobre o assunto.        

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