Tema de Fundo - Tema de Fundo |
Escrito por Adérito Caldeira em 28 Setembro 2018 |
A Vodacom, cujos serviços de telecomunicações móveis em Moçambique estão cada vez piores, lançou nesta quinta-feira (27) o serviço de 4ª Geração (4G). Na verdade é um falso serviço pois nenhuma operadora de telefonia móvel no nosso país tem ainda acesso ao espectro de frequências radioeléctricas nas faixas de 800, 1800 e 2600 MegaHertz cujo leilão está a ser preparado pelo Governo e o preço base de licitação será a partir de 15 e 30 milhões de dólares.
Fazer uma ligação telefónica ou simplesmente navegar na internet é cada vez mais um calvário para os clientes dos serviços 2ª Geração (2G) e 3ª Geração (3G) da rede 84 e 85, só esta semana o @Verdade presenciou o não fornecimento de serviços de dados durante pelo menos 3 horas na noite de terça-feira (25) sem que a operadora se dignasse a informar que problemas enfrentou ou sequer a desculpar-se.
Ignorando o cada vez pior serviço que presta a empresa que dirige Salimo Abdula, o Presidente do Conselho de Administração, anunciou em conferencia de imprensa: “Hoje estamos a presenciar um momento histórico no sector das telecomunicações no nosso país e em particular para os usuários da nossa rede Vodacom, com o lançamento do serviço 4G de comunicação no país”.
“Com esta tecnologia estamos a dar um importante passo para a melhoria dos serviços de dados, permitindo-nos uma experiencia de navegação de internet mais rápida, acesso, partilha e visualizações de vídeos em tempo real. O 4G veio para melhorar e aperfeiçoar a tecnologia que temos estado a usar a 3G”, explicou.
Segundo Abdula a rede 4G da Vodacom “está disponível nas cidades de Maputo, Matola, Beira, uma parte do distrito de Dondo e na cidade de Nampula. Colocamos algumas antenas em locais estratégicos e tudo será feito para que o mais breve possível esta tecnologia esteja disponível em todo o país”.
“O nosso objectivo é que todos tenham acesso a esta tecnologia, tendo o dispositivo correcto em mãos para aceder ao 4G os usuários precisam apenas de se deslocar a uma loja Vodacom para proceder a troca gratuita do actual cartão até ao final de Dezembro”, disse o PCA da operadora 84 e 85 que projectou em 400 mil o mercado de clientes potenciais para o serviço que requer um telemóvel habilitado a navegar no novo serviço de telefonia móvel.
Porém o @Verdade apurou que o serviço que a operadora de telefonia móvel líder no mercado moçambicano está a lançar não é efectivamente de 4G pois para o poder disponibilizar necessita de espectro de frequências radioeléctricas na faixa de 800, 1800 ou 2600 MegaHertz que o Governo ainda está a leiloar.
Moçambique vai leiloar espectro de 800 MHz, 1800 MHz e 2,6 GHz por 15 a 30 milhões de dólares
Um especialista em telecomunicações ouvido pelo @Verdade esclareceu que para serviços de 4G é necessário espectro de 800 MHz, que permite aos operadores de telefonia móvel não só uma maior largura de banda como ainda um menor número de antenas para cobrir mais território.
A fonte acrescentou que a infra-estrutura necessária para a cobertura da banda larga móvel utilizando a faixa dos 800 MHz será cerca de 70 por cento mais barata do que utilizando as radiofrequências actualmente usadas nos serviços de 3G (UMTS).
Questionado pelo @Verdade sobre este facto Salimo Abdula repassou a questão para um dos membros da direcção executiva da operadora que admitiu que efectivamente o serviço agora lançado não é de 4ª Geração.
“A Vodacom fez uma reengenharia do seu espectro para poder acomodar o 4G com uso da frequência que já tinha sido atribuída antes mas para outras tecnologias” tentou justificar Mauro ressalvando que “a Vodacom vai esperar pelo leilão do espectro porque o que temos não é suficiente para aquilo que é a demanda hoje em dia da rede de dados”.
O moçambicano expert em telecomunicações esclareceu ao @Verdade que parte dos problemas que os clientes da Vodacom em Moçambique têm enfrentado deve-se justamente a essa “reengenharia do seu espectro para poder acomodar o 4G”, que passa por limitar o tráfego no espectro das frequências radioeléctricas que a operadora actualmente tem e usa para os seus mais de cinco milhões de clientes dos serviços de 2G e 3G.
Em Julho último Américo Muchanga, director-geral do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), declarou ao @Verdade que o leilão de espectro de frequências radioeléctricas necessárias para o serviço de 4ª Geração, e não só, deveria acontecer em 2 a 3 meses.
O @Verdade apurou que em finais de Março o Conselho de Ministros, através da Resolução 12/2018, autorizou o “Leilão de Direitos de Utilização de Frequências Radioeléctricas, para a prestação de serviços de Telecomunicações de uso público nas faixas de 800 MHz, 1800 MHz e 2,6 GHz”, que inclui o espectro que será usado para os serviços de telefonia móvel de 4ª Geração.
Entretanto, a 15 de Junho, os ministérios da Economia e Finanças e dos Transportes e Comunicações fixaram, num Despacho conjunto, os preços base de licitação. Para as faixas de 800 MHz o preço base de licitação para cada um dos cinco lotes de largura de banda é de 15 milhões de dólares norte-americanos, preço similar para os lotes nas faixas de 2,6 GHz. Cada um dos cinco lotes da largura de banda na faixa de 1800 MHz vai ser licitado pelo preço base de 30 milhões de dólares.
O @Verdade contactou o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique para saber qual o estágio dos leilões mais até ao fecho da edição nenhuma resposta foi obtida.
O @Verdade sabe que a Moçambique Celular, no âmbito da fusão com as Telecomunicações de Moçambique, está a preparar-se para também realizar uma reengenharia do seu espectro e poder disponibilizar os serviços d 4G assim que se relançar no mercado.
|
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
sábado, 29 de setembro de 2018
Vodacom lança “falso” serviço de 4G em Moçambique
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário