21/09/2018
EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (113)
Bom dia, Deus. Não me culpe por lhe chamar assim. Quem deu o pontapé de saída foi o secretário-geral do partido Frelimo, o senhor Roque Silva.
E, ao que me parece, o senhor gostou; muito provavelmente terá sido ideia sua para que assim lhe passassem a tratar, a avaliar pelo seu silêncio cúmplice.
Deus, desculpa: afinal a farra de privilégios continua? Soube, por via da imprensa que Deus, mal chegou do Vaticano, entregou 90 mil carteiras escolares publicamente no domingo, que foram fabricadas por uma empresa detida em 50 por cento pela sua filha, Cláudia Nyusi. Presidente, ou Deus- acho que gosta mais deste último-, sei que pode não se configurar ilegalidade que uma empresa participada pela sua filha forneça bens e serviços ao Estado, mas, do ponto de vista de ética de governação, é questionável a independência do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável para julgar uma empresa concorrente participada pela filha do chefe de Estado.
O concurso para o fornecimento de carteiras às escolas foi lançado em 2017 pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), instituição pública tutelada pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. A pergunta é, meu Deus: será que houve transparência para que a empresa da sua filha, Cláudia Nyusi, fosse a vencedora do tal concurso?
Ademais, Cláudia Nyusi na estrutura accionista da Luxoflex- através da Dambo Investe- a 21 de Abril de 2015. Quer dizer, três meses depois de o senhor ter assumido o cargo de Presidente da República.
É impressionante este timing! Por que Cláudia Nyusi não se interessou antes em ser accionista da Luxoflex? Esta empresa existe desde 2010! Estava à espera que o papá chegasse à Presidência da República para que encontrasse a melhor posição de se anichar na teta estatal que dá mais leite!
O Presidente ao fazer a entrega simbólica de 90 mil carteiras em Nampula, estava, simultaneamente, a representar o Estado que dirige - cliente - e a sua filha Cláudia - fornecedora das carteiras ao Estado.
E ainda negam que é um feudo este Moçambique do Laurindos? No discurso de tomada de posse quando o Presidente disse que o seu Governo iria combater, ferozmente, o nepotismo, o clientelismo, a corrupção e blá-blá-blá, afinal estava a construir uma narrativa para o consumo popular; a verdade era outra.
Cartas ao Presidente da República (113)
Bom dia, Deus. Não me culpe por lhe chamar assim. Quem deu o pontapé de saída foi o secretário-geral do partido Frelimo, o senhor Roque Silva.
E, ao que me parece, o senhor gostou; muito provavelmente terá sido ideia sua para que assim lhe passassem a tratar, a avaliar pelo seu silêncio cúmplice.
Deus, desculpa: afinal a farra de privilégios continua? Soube, por via da imprensa que Deus, mal chegou do Vaticano, entregou 90 mil carteiras escolares publicamente no domingo, que foram fabricadas por uma empresa detida em 50 por cento pela sua filha, Cláudia Nyusi. Presidente, ou Deus- acho que gosta mais deste último-, sei que pode não se configurar ilegalidade que uma empresa participada pela sua filha forneça bens e serviços ao Estado, mas, do ponto de vista de ética de governação, é questionável a independência do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável para julgar uma empresa concorrente participada pela filha do chefe de Estado.
O concurso para o fornecimento de carteiras às escolas foi lançado em 2017 pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), instituição pública tutelada pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. A pergunta é, meu Deus: será que houve transparência para que a empresa da sua filha, Cláudia Nyusi, fosse a vencedora do tal concurso?
Ademais, Cláudia Nyusi na estrutura accionista da Luxoflex- através da Dambo Investe- a 21 de Abril de 2015. Quer dizer, três meses depois de o senhor ter assumido o cargo de Presidente da República.
É impressionante este timing! Por que Cláudia Nyusi não se interessou antes em ser accionista da Luxoflex? Esta empresa existe desde 2010! Estava à espera que o papá chegasse à Presidência da República para que encontrasse a melhor posição de se anichar na teta estatal que dá mais leite!
O Presidente ao fazer a entrega simbólica de 90 mil carteiras em Nampula, estava, simultaneamente, a representar o Estado que dirige - cliente - e a sua filha Cláudia - fornecedora das carteiras ao Estado.
E ainda negam que é um feudo este Moçambique do Laurindos? No discurso de tomada de posse quando o Presidente disse que o seu Governo iria combater, ferozmente, o nepotismo, o clientelismo, a corrupção e blá-blá-blá, afinal estava a construir uma narrativa para o consumo popular; a verdade era outra.
E o incauto povo até foi imbecilizado ao ser chamado de patrão. Quem tem olhos vê! É preciso o pobre do Laurindos dizer quem é o verdadeiro patrão? Quem, nesta esmagadora maioria dos votantes, tem os mesmos privilégios que Cláudia Nyusi? Nós não queremos ter empresas que fabricam carteiras e ganharmos concursos públicos para o seu fornecimento? Recuando aos tempos do consulado de Armando Guebuza, os seus filhos, Valentina Guebuza (ora falecida) e MussubulukobGuebuza, destacaram-se como “empresários” no decénio 2004-2014, por participação em empresas pujantes, como a Home Center, empresa que, praticamente, era o grupo onde o Estado moçambicano adquiria o seu mobiliário, quer por Procurement público, quer por adjudicação directa.
No consulado de Joaquim Chissano, o seu filho, Nyimpine Chissano- ora falecido- até chegou a ser nomeado assessor do PCA do Banco Austral, Octávio Muthemba. E até ganhava um salário chorudo. Aliás, foi neste banco que se verificou o maior rombo financeiro e empréstimos mal parados que beneficiaram, esmagadoramente, a súcia dos camaradas.
Qual é o general da Frelimo que se não beneficiou com aquela vaca leiteira? E o meu primo, Siba-Siba Macuácua- coitadinho- foi enviado ao cadafalso; quando empurrado para ir investigar, na “Austral”, o que efectivamente se passava. Será que não sabiam? Se os que para lá o enviaram foram os que saquearam o banco!? Pois: agora para o saque ao Estado outros até se apelidam de Deus.
E nós, a estatística, em cada maratona eleitoral confirmamo-los como a eterna casta superior. Podem comer o filé mignon- e nós a crosta das nossas feridas-, ser rechonchudos, chamar-nos de patrão, prometerem-nos Tseke, continuarmos no “My Love”; nosso é o reino dos céus- não é assim que reza o evangelho do pobre?
DN – 21.09.2018
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