Editorial |
Escrito por Redação em 31 Agosto 2018 |
Aproximam-se as eleições autárquicas e, como de costume, os habituais cães de guarda do partido Frelimo já foram soltos e esmeram-se para dar vantagem a esta força política no escrutínio de Outubro próximo. Embora cada um dos cães tenha uma missão específica, todos partilham o mesmo objectivo: fragilizar os outros partidos.
As acções dos cães de guarda são visíveis, inescrupulosas e desprovidas de qualquer base legal. Uma das acções que chama atenção é a distituição do de Manuel de Araújo com edil de Quelimane pelo Governo da Frelimo. Ou seja, o Executivo de Nyusi pontapeou, às claras, o número 4 do artigo 11 da Lei número 7/97, de 31 de Maio, que estabelece a Tutela Administrativa do Estado Sobre as Autarquias Locais, ao decretar a perda de mandato do presidente do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane (CMCQ), Manuel de Araújo, sem ouvi-lo em relação aos factos que levaram à decisão tomada.
Porém, antes dessa situação, assistimos algumas atitudes por parte de um dos mais fiéis cães de guarda, nesse caso, o Conselho Nacional das Eleições (CNE) a fazer o que melhor saber fazer: prejudicar outros partidos e favorecer a Frelimo. A CNE “deliberadamente” afastou as candidaturas dos cabeças-de-lista da Renamo, Venâncio Mondlane, e da AJUDEM, Samora Machel Júnior. Este órgão eleitoral, que deveria ser imparcial e focar-se na legislação eleitoral, tem estado fazer interpretações com motivações políticas, violando a Constituição da República.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) também não fica atrás. Com instruções bem definidas, a Polícia moçambicana já começou a seguir à risca o seu papel de impedir que os partidos da oposição exercem o seu direito. Um exemplo claro disso, é o facto de o partido Renamo ter sido impedido de desenvolver a sua actividade política.
Estes cães de guarda da Frelimo estão a criar condições para o aumento das abstenções no dia da votação, preparando as eleições criando prejuízo a outros partidos. Sem dúvidas, durante a votação, os mesmos cães de guarda voltaram a ser protagonistas de um momento que deveria ser especial para os eleitores moçambicanos.
Estas situações mostram claramente o verdadeiro sentido do refrão repetido até à náusea pela Frelimo, segundo o qual “vitória organiza-se, a vitória prepara-se”. É de lamentar que a referida vitória é conseguida fazendo jogo sujo. Portanto, é vergonhoso e, ao mesmo tempo, revoltante assistirmos o afunilamento das bases legais da democracia ao tamanho de um buraco de uma agulha.
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