*Educação a moda antiga*

Por Chomola

Eu não sei quem desenha o currículo da educação primaria, do primeiro e segundo graus, da escola secundária do primeiro ou segundo graus e das escolas técnicas em Moçambique, mas quero de certa forma oferecer minha consultoria de graça. Não sei se é culpa do professor que recebe subsidio de alimentação no lugar do salário, ou a incompetência vem ainda do mais alto nível, onde se tomam decisões e essas decisões não vão ao encontro da necessidade do utilizador final, o aluno. Sou da década de 80 e sou duma geração que teve educação a moda antiga, não do sistema que o ensino secundário era de 9° ano e depois 11°, mas sim do 10° ano (primeiro ciclo) e 12° ano (Segundo ciclo) do ensino secundário geral.

Chamei educação à moda antiga porque o professor era visto como uma imagem de integridade, não digo que não houvesse corrupção ou fraudes, isso sempre houve, até mesmo no tempo ou antes de Jesus Cristo. Me refiro a forma como esta imagem, esta função era vista pelos alunos e pelos pais e encarregados de educação. Uma figura emblemática, que apesar do salario ser sempre curto/ínfimo se assim quisermos chamar, eles tinham amor a sua função e desempenhavam com amor.

O aluno por sua vez, tinha um comportamento de respeito perante o professor, ainda me recordo, não vagamente da forma como se entoava o hino nacional, como nos comportávamos perante o içar ou baixar da bandeira que era sempre com um certo respeito. Para ser mais direto, gente congelava, ficava sentido (sem se mover), parecíamos mais umas estatuas, que a única coisa que mexia eram nossas bocas entoando o hino nacional, eramos ensinados a jurar a bandeira sem termos que passar pela tropa ou ao serviço militar obrigatório.

Mas o que o me leva a oferecer a minha consultoria é o facto de termos atualmente, licenciados, gestores de empresas, professores do ensino primário e secundário e outros tantos, que não sabem escrever. Não sei se ao menos se dão o tempo de aprender a ler como deve ser, porque sairiam das leituras para a escrita.

Não sei o que mudou no currículo, mas como nunca mais tive contacto com o ensino atual, nao posso afirmar o que está errado ou certo e, é mesmo por aqui que eu gostaria de poder refrescar a memoria dos meus pares. Se a memoria não me trai, eramos obrigados a fazer copia de textos, por vezes muito longos, eramos obrigados como tarefa de casa ou mesmo numa aula a fazer resumo de textos, e principalmente a fazer composição. Eram tarefas que apesar de chatas, o professor nos avaliava por estas tarefas, é ali onde ele descobria a fraqueza dos seus educandos.

Nem sempre a avaliação era através de perguntas e respostas, muito menos o estilo americano que na altura chamávamos de escolha múltipla. Já na terceira classe, iniciávamos com as cópias, composições e o professor carregava os nossos cadernos para corrigir cada erro achado na cópia ou na composição, de certeza era uma forma de ensinar o aluno ainda novo a escrever de forma correta. E nas aulas por vezes como tarefa, tínhamos que ir a frente da turma para ler um texto, isto ajudava-nos, por um lado a dominar a audiência, os nossos colegas, e por outro lado, o professor tinha a oportunidade de nos avaliar, a dicção e o nível de aprendizagem e corrigir o que foi mal pronunciado. Sinceramente falando, não sei se isto ainda acontece, porque a realidade do que tenho visto nas redes sociais é mesmo ruim e, infelizmente estas pessoas com estes problemas gostam de comentar, gostam de escrever, gostam de se expor ao ridículo daquilo que fazem. São pessoas que na sua maioria são da década de 90 ou ainda mais novas, que tendo tido a oportunidade de estudar, não souberam aproveitar, passaram com cunhas, ou simplesmente partiram a caneta muito cedo.

Meu conselho para aqueles que não sabem o que não sabem e gostam de comentar nas redes sociais, é que procurem ajuda. Os telefones trazem dicionários, trazem corretor automático, trazem a possibilidade da pessoa escrever o correto e verificar ou confirmar como se escreve a palavra antes mesmo de poder enviar ou expor-se ao ridículo. Meu conselho é que comprem livros simples, leiam bastante, aprendam como se escreve, aprendam a ler e escrever de forma correta.

O Swagg não combina e nem é sinonimo de falta de habilidades de escrita correta. Ser chique e não saber escrever é coisa de vergonha. Não me levem a mal, existem pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, mas hoje se chamam antigos combatentes e mesmo para esses, se não aprenderam a ler e escrever enquanto vivem nas grandes cidades e com todos benefícios pagos com dinheiro dos impostos do povo, não se justifica que continuem sem saber ler ou escrever. A estes também, vai o meu conselho, comprem livros e leiam. Aos senhores da educação, inspetores e os fazedores do currículo, faz favor de rever o currículo e colocar a maquina a funcionar. Apurem que doença se instalou nos estabelecimentos de ensino, porque não se aprende, porque sai-se somente com canudo/ diploma ou certificado mas sem conhecimento?

Os resultados do que vemos nas escritas é vergonhoso, mostram falta de conhecimento total e não parcial.
Socorro!