Exclusão dos cabeças de lista e a expectativa sobre o que se vai dizer sobre o recurso
“Ossufo Momade diz que à mesa negocial o governo mostra uma face de paz, tolerância e reconciliação, mas, no minuto seguinte, recorre abusivamente às FDS para impedir actividades políticas do interlocutor
Maputo) O partido Renamo, coordenado de forma interina por Ossufo Momade, que assumiu as funções na sequência da morte de Afonso Dhlakama, em Maio último, convocou, esta quinta-feira, a imprensa para denunciar o que considera de “perseguições políticas” contra os seus militantes e cabeças de lista à votação autárquica de 10 de Outubro próximo. E para Ossufo Momade, outra entidade não está por detrás da referida perseguição, senão a Frelimo.
Na verdade, a denúncia é recorrente, pois recentemente, através de outros quadros, a Renamo já veio publicamente queixar-se da mesma coisa, realidade que coloca uma pressão sempre presente sobre o Conselho Constitucional que deverá, muito brevemente, pronunciar-se em relação à exclusão de Venâncio Mondlane, o cabeça de lista indicado pelo partido. Além do caso Venâncio Mondlane, o CC tem o caso de Samora Machel Júnior que, por agora, está também fora da corrida, numa decisão bastante polémica e controversa da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
A denúncia foi feita por Ossufo Momade, que falava em teleconferência a partir da Serra da Gorongosa, centro do país.
As perseguições, de acordo com Momade, têm sido caracterizadas pelo impedimento dos seus militantes e candidatos do partido de realizar livremente as actividades políticas, realidade que, segundo disse, contraria o espírito do diálogo em curso para a consolidação da paz no país.
A título de exemplo, o dirigente da “perdiz” apontou a inviabilização, nos dias 18, 22 e 28 de Agosto, na cidade de Maputo, das actividades de Venâncio Mondlane, cabeça de lista da Renamo para as eleições de 10 de Outubro próximo, a nível da cidade capital. Venâncio Mondlane, recorde-se, aguarda pelo veredicto do Conselho Constitucional, depois de ter visto chumbada a candidatura pela Comissão Nacional de Eleições, acção que o coloca fora da corrida do pleito que se avizinha. Ainda no campo das “perseguições”, anotou o caso de Manuel de Araújo, que viu na passada terça-feira aprovada, pelo Conselho de Ministros, a perda do seu mandato do presidente do Conselho Autárquico de Quelimane, em virtude de ter “abraçado” uma outra formação política diferente daquela pela qual se havia feito eleger presidente.
“O Partido Renamo tem vindo a acompanhar, com apreensão e preocupação, os últimos desenvolvimentos políticos no País em que é notória a perseguição e impedimento dos militantes e candidatos deste partido de realizar livremente as suas actividades políticas, o que contraria não só o espírito do diálogo em curso para a consolidação da Paz, como viola, de forma flagrante, a Constituição e as leis da República, que preconizam as liberdades de reunião e de associação, as liberdades de expressão e de movimentação, bem como a liberdade de participação política em ambiente tranquilo e democrático”, disse Ossufo Momade.
Adiante, o coordenador interino do maior partido da oposição no xadrez político nacional disse que começa a ter reservas em relação à seriedade do partido governamental, isto porque, mesa negocial reitera paz e reconciliação, e ao dobrar a esquina prima pela intolerância política e ao uso abusivo das Forças de Defesa e Segurança. “Como acreditar na sinceridade de um Governo que, na mesa do diálogo, promete paz, reconciliação, descentralização e reintegração social mas que, na prática quotidiana, demonstra tamanha intolerância política e uso abusivo das Forças de Defesa e Segurança para impedir a participação do seu interlocutor no processo eleitoral”, atirou o general.
Momade disse, igualmente, que este tipo de acções eram típicas de um partido político já em “agonia”, aflito em manter-se no poder, mas sem base para materialização desse desiderato, razão pela qual, segundo disse, opta pela manipulação e instrumentalização das Forças de Defesa e Segurança para reprimir os seus opositores políticos. Diante do actual cenário, o timoneiro da “perdiz” apelou aos militantes e candidatos para não se deixarem intimidar pelas manobras que vem sendo perpetradas pelo partido Frelimo na coligação que mantém com a Polícia da República de Moçambique, pois, elas eram ilegais e inconstitucionais. (Ilódio Bata
Sem comentários:
Enviar um comentário