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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Trabalhadores da ex-ROMON protestam contra o não pagamento de indeminização há 20 anos em Nampula

 
 
 
Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Júlio Paulino  em 26 Novembro 2015
Foto de Júlio PaulinoMais de 50 trabalhadores da extinta Rodoviária de Moçambique -Norte (ROMON) em Nampula, constituídos maioritariamente por pessoas de terceira idade, voltaram a entrar em greve para exigir ao Governo o pagamento das suas indemnizações, referentes a 20 anos de trabalho, subsídios de férias, entre outros direitos. Nos últimos dias, o colectivo tem recorrido a marchas pacíficas, empunhando dísticos, que culminam nas imediações do edifício do Governo Provincial de Nampula.
Trata-se de uma situação que perdura há anos e não se vislumbra solução a médio prazo. Os trabalhadores da extinta ROMON acusam o Governo do dia de falta de vontade para resolver o problema.
Os grevistas referiram que, desde que iniciou o processo de exigência do pagamento do valor a que têm direito, os integrantes deste grupo de ex-trabalhadores têm sido alvo de ameaças, chegando a serem a acusados de estarem a agir a mando dos partidos de oposição.
Os nossos interlocutores lamentam a humilhação e a marginalização a que dizem serem sujeitos pelo Governo, depois de mais de 20 anos a servirem o povo moçambicano. “É-nos negada a constituição de advogado pelo Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, uma vez que não temos capacidade financeira para a contratação de advogado que possa trabalhar no nosso caso”, disse um dos membros da comissão que não quis ser identificado.
Por ter passado bastante tempo, muitos dos ex-trabalhadores não fazem a ideia do montante que esperam receber do Governo, para além de outros terem perdido a vida. “Temos sido confrontados com informações de supostos pagamentos de alguns colegas, mas não nos explicam os critérios usados para o efeito, e isso preocupa-nos”, disse o nosso interlocutor.
Francisco Paiva Bonzo, director provincial dos Transportes e Comunicações em Nampula, nomeado ao cargo muito recentemente, apesar de ter herdado o problema, explicou que os documentos disponíveis referem que, depois de várias etapas de negociações entre a comissão dos trabalhadores da ex-ROMON e o Governo, houve o desembolso de 21 milhões de meticais para a indeminização de 337 pessoas.
Foto de Júlio Paulino“Este processo teve várias etapas e, inconformada com a posição do Governo, a comissão dos trabalhadores pediu assistência jurídica, mas era extemporâneo e não teria seguimento”, disse Bonzo tendo acrescentando que o caso foi reconsiderado e criou-se uma comissão que envolve quadros da Direcção Provincial de Transporte e Comunicações e a Comissão Nacional de Alienação. “Decorre o processo de triagem para apurar, de facto, quem são os que eventualmente têm o direito à indemnização, porque muitos que engrossam a greve foram arrastados por forças externas”, sublinhou o director.
Bonzo frisou que os ex-trabalhadores que têm aderido à greve foram aconselhados a aguardar pelo resultado do processo em curso nas suas casas, mas, estranhamente, a situação prossegue.
Francisco Bonzo disse ainda que grande parte dos grevistas apresenta documentação que confirma que os mesmos foram trabalhadores da ex-ROMON. Entretanto, o nosso entrevistado fez saber que, a curto prazo, o caso ex-ROMON terá desfecho.
Refira-se que todas as infra-estruturas da ex-ROMON, uma empresa do Estado que era vocacionada ao transporte de pessoas e bens, foram alienadas aos transportes Mecula, empresa que é propriedade do general Alberto Chipande.

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