"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Governo e bancada da Frelimo reiteram declaração de guerra

 


Com uma Renamo algo fragilizada desde o desarmamento da guarda do líder
- Na sessão de perguntas e respostas, não se ouviu outra coisa na AR, senão a promessa de caça ao Homem “até as últimas consequências”
O governo moçambicano, encabeçado pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho Do Rosário, esteve entre quarta e quinta-feira da corrente semana, na Assembleia da República (AR) para a habitual sessão de respostas às perguntas elaboradas pelas três bancadas parlamentares. Com o país a atravessar um ambiente político bastante nebuloso, a sessão acabou não sendo simplesmente de perguntas e respostas, mas de acusações mútuas entre as duas principais bancadas, a da Frelimo e a da Renamo.
As acusações giraram em torno da actual tensão política e militar, com o governo, coadjuvado pelos deputados da Frelimo a recorrerem praticamente ao que se pode chamar de “declaração de guerra” contra o partido de Afonso Dhlakama, particularmente do ponto de vista do desarmamento de todos os membros da Renamo que ainda se encontram armados.
Aliás, o discurso contundente da bancada da Frelimo e do governo moçambicano (que esteve no parlamento), não começou na sessão de perguntas e respostas que ontem terminou. Desde o dia em que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) avançaram com o cerco matinal à casa de Afonso Dhlakama e consequente desarmamento à sua guarda, as autoridades moçambicanas têm estado a mostrar um discurso bastante contundente contra a Renamo.
A Renamo, por seu turno, mostrando alguma fragilidade anímica, tem estado a optar por discursos de não-violência, tentando apelar à necessidade do diálogo com as autoridades moçambicanas, apesar de não estar a faze-lo de forma clara e directa. Entretanto, os apelos não encontram uma correspondência razoável da parte governamental, que definitivamente decidiu exibir a sua musculatura política, militar e discursiva.
A sessão de respostas iniciou quarta-feira com os deputados a recolarem as suas perguntas, para logo depois seguir o primeiro-ministro, iniciando as respostas a cada pergunta feita.
A principal pergunta da Renamo exigia que o governo esclarecesse as circunstâncias em que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) atacaram a comitiva do líder da Renamo, ao mesmo tempo que exigia explicações sobre as reais motivações que fizeram com que as forças governamentais cercassem, com incomparável arsenal militar, a casa do seu líder na manhã de 9 de Outubro.
Na resposta a estas perguntas, Carlos Agostinho Do Rosário deu o pontapé de saída da declaração de guerra e não hesitou em dizer que as Forças de Defesa e Segurança irão continuar a fazer o seu papel, perseguindo e desarmando a todos os que possuem armas ilegalmente. Seguidamente deu a palavra ao ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro.
Este, reforçando a tónica da perseguição ao Homem iniciada por Carlos Agostinho Do Rosário, assegurou, a partir do podium da Assembleia da República, que as FDS não devem continuar a ser condescendentes com a Renamo, daí que tudo seria feito para eliminar até o último ninho de instabilidade.
Dito isto, todos os deputados da Frelimo que se seguiram não esqueciam de fazer menção à necessidade de as Forças de Defesa e Segurança usarem tudo e mais alguma coisa para desarmar de forma definitiva a Renamo. Tudo à força, segundo os apelos dos deputados da Frelimo. Ao nível provincial, distrital e de localidade, o discurso de caça até ao último Homem, também vem sendo ouvido a partir dos representantes do Estado, que como se sabe, são nomeados pelo partido governamental.
A actual frente governamental tem em vista assegurar maior fragilização possível à Renamo, criando condições para que no possível reatamento do diálogo, o Governo possa comandar as operações ante uma Renamo sem espaço para esticar a corda.
Entretanto, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ao que tudo indica, continua em parte desconhecida, realidade que, de certa forma, preocupa as autoridades governamentais, apesar de estas continuarem a tentar disfarçar a preocupação.
Por considerar que o governo foi à Assembleia da República para declarar guerra e criar uma situação de instabilidade, a Renamo assegurou no fim da sessão, que vai submeter uma monção de censura reprovando as respostas dadas. (Ilódio Bata)
MEDIAFAX – 06.11.2015

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