"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sábado, 27 de outubro de 2018

HAVERÁ ESCOLHA ENTRE CINQUENTA MILHÕES DE EUROS E A DIGNIDADE DE UMA NAÇÃO?

26-10-2028

ESCUTANDO O REPRESENTANTE DA UNIÃO EUROPEIA A DIZER QUE “A PAZ VEIO PARA FICAR EM MOCAMBIQUE …”
… PENSEI QUE ENQUANTO OS FUNDAMENTOS DE UMA PAZ VERDADEIRA SÃO MINADOS PELA ACÇÃO DE UM PEQUENO GRUPO DE PESSOAS QUE TOMARAM O POVO INTEIRO PELAS GOELAS, ISSO É UMA ILUSÃO!...

… E TAMBÉM PENSEI QUE A COMUNIDADE INTERNACIONAL DIPLOMÁTICA AQUÍ REPRESENTADA PRECISA DE OUVIR DE NÓS OUTROS QUE NÃO SOMOS O GOVERNO COM QUE LIDA TODOS OS DIAS, QUE EXISTE SIM UM POVO EM MOÇAMBIQUE QUE NÃO SE CHAMA FRELIMO!

O que o líder interino da Renamo disse ontem deve ser ouvido com muita atenção. Não faz sentido insistir com DDR (Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens da Renamo), e dizer que “a paz veio para ficar em Moçambique” enquanto fazem tábua rasa da fraude da Frelimo nas recentes eleições autárquicas. Essas fraudes, uma recorrência do passado, constituem a principal razão porque não temos tido verdadeira paz definitiva desde que se assinaram os acordos de Roma em 1992. E recorrentemente a comunidade internacional passa tábua rasa. Essa comunidade internacional plantou os seus observadores no terreno e financiou outros pseudo-observadores nacionais que sabemos são agentes do regime (alguns mesmo instalados nas suas chancelarias), que viram tudo mas emitiram comunicados que parecem previamente redigidos antes dos eventos que iam observar, e com eles pretendem pressionar os moçambicanos a engolir mais um embuste forjado pela Frelimo.

O mundo não pode vir aquí retirar os nossos recursos naturais ao desbarato em conluio com uma elite nacional predadora e deixar-nos na pobreza absoluta disfarçada em estatísticas de crescimento futuro galopante que nunca vai se refletir numa melhoria da vida dos moçambicanos. Continuam aos abraços e palmadinhas nas costas com um regime ditatorial disfarçado em democracia, e querem que nós carreguemos com esse fardo eternamente. Ou se afastam e deixam-nos tomar conta do nosso destino, ou ouvem todas as partes e tomam posições equilibradas quando querem entrar nos nossos assuntos internos. Ou estão aqui para representar os seus povos e ajudar-nos a criar as instituições de desenvolvimento que eles têm nos países deles, para que a cooperação seja de facto mutuamente vantajosa, ou estão aquí para tirar proveito de nós facilitados por um elite nacional corrupta.

Nas revistas e jornais de circulação internacional publicados nas suas capitais o nosso país é zombado (e não sem razão, infelizmente), e todo o moçambicano lá fora vive e viaja estigmatizado, por causa das ações dessa elite predadora e criminosa. E uma boa parte dessa comunidade internacional representada aquí no nosso país, em lugar de nos ajudar a livrarmo-nos disso, contentam-se e assistem essa elite, a coberto de que estão a assistir o povo moçambicano. Isso lhes convém pois enfraquece mais o sentido de orgulho e dignidade nacional que todo o povo necessita para ganhar alento e fazer os esforços e sacrifícios necessários para atingir o desenvolvimento e o progresso humano.

É um ataque à nossa humanidade e ao nosso destino como povo que não devemos aceitar passivamente. Eles devem saber que nós já vimos e sabemos! Sabemos já que muitos nessa comunidade internacional aquí não vêm um Moçambique viável sem a hegemonia da Frelimo. A Frelimo é o animal que conhecem e que preferem viver com ele. Somente que a maioria dos moçambicanos já está não só cansada, como também já abriu os olhos. O voto popular nestas eleições autárquicas mostrou isso. Uma parte significativa disse BASTA, e quer experimentar uma alternativa. E não cabe a mais ninguém dizer a esses moçambicanos que essa escolha soberana que eles fizeram, onde a fizeram, não serve. Se a Comunidade internacional, através de seus pseudo-observadores pretende continuar a fazer tábua rasa dos gritos de liberdade e democracia do povo moçambicano, comete um erro histórico tremendo, e deve saber de uma vez por todas que em Moçambique existe sim um povo para além da Frelimo. E devem saber que o respeito das escolhas soberanas do povo moçambicano será um ingrediente fundamental sem o qual não existirá viabilidade efetiva dos seus negócios neste país.

Eu sei que o próprio líder interino da Renamo propõe um inquérito internacional às eleições autárquicas de 10 de Outubro passado. Eu duvido que essa comunidade internacional que já saudou os resultados do escrutínio se vá contradizer, mesmo em presença de factos incontornáveis de fraude eleitoral. Compreendo no entanto que ele (o líder da Renamo) num esforço de manter as tréguas, tenha procurado dar mais uma oportunidade para essa mesma comunidade se posicionar claramente de que lado está neste imbróglio todo, e quiçá assim ajude a outra parte a pôr a mão na consciência. Mas os pronunciamentos do representante da União Europeia que escutei esta noite na TVM não parecem indicar que esta comunidade internacional esteja a dar ouvidos a isso. O Embaixador passa por cima de tudo o que se passou nas eleições autárquicas recentes, e prefere agitar cinquenta (50) milhões de Euros para DDR. Não há pronunciamento nenhum em relação ao ataque aos fundamentos da democracia que as fraudes sistemáticas representam, e que no fundo são um dos fatores que mina essa paz desejada.

É verdade que existem muitos concidadãos nossos que vivem em condições difíceis a espera de serem reintegrados dignamente na sociedade. O próprio líder anterior da Renamo acabou morrendo cercado nas montanhas da Gorongosa junto com esses homens e na sequência das perseguições e tentativas de assassinato por parte deste mesmo regime, a luz do dia. Todos devemos fazer tudo para que isso não aconteça a mais niguém. Mas seria uma vergonha nacional se, depois de todos os sacrifícios consentidos, a troco dos dinheiros de DDR aceitássemos vender os fundamentos de uma paz verdadeira e duradoira, e com isso também a nossa dignidade. Temos que ser firmes e rejeitar isso.

Somos um povo, Somos uma nação. Queremos uma verdadeira democracia. Não queremos ser governados por um a mafia. E temos que ser capazes de rejeitar as migalhas que nos pretendem atirar para nos fazer viver eternamente na miséria enquanto banqueteiam com a clique corrupta e predadora que lhes dá acesso as riquezas nacionais sem contrapartidas justas para o resto doe moçambicanos, em particular os mais desfavorecidos e necessitados.

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