sexta-feira, 19 de outubro de 2018
DESAFIO AO ARMANDO NHANTUMBO E ARGUNHALDO NHAMPOSSA
Os dois nomes citados no titulo foram responsaveis pela entrevista ao Professor João Pereira. Li a entrevista e como estudioso também não concordo com muito do que ele deixou escrito. Se pudesse, desafiaria aos dois jornalistas a me fazerem mesmas perguntas e teriam respostas diferentes. Mas isso mesmo no sonho. Jamais acontecerá.
Fico então por aqui. Mas antes denunciar algumas inverdades, alguns sofismas e alguns erros de raciocinio patentes na entrevista do Professor Pereira. Serei curto. Poderei elaborar caso haja necessidade.
1. Uma observação geral e extremamente esepculativa do Professor Pereira é de que os mais absentistas nestas eleições foram jovens. E os que mais votaram a oposição foram estes mesmos jovens. COMO ELE DESCOBRIU SE OS RESULTADOS DEFINITIOVOS DAS ELEIÇÕES AINDA ESTÃO POR DIVULGAR? Existirá já uma estatística desagregada por idade, sexo e poder aquisitivo?
2. O Professor Pereira assevera que os resultados eleitorais mostram que o projecto da Frelimo falhou. Mais do que isso, ele diz que a ilação que se tira destas eleições "É de que as suas políticas [da Frelimo] não estão a atingir um seguimento da população, sobretudo, os mais excluídos como os jovens, portadores de deficiência ou as mulheres". Está é, quanto a mim, uma flagrante AMBLIOPIA ANALÍTICA. Ambliopia ou olho preguiçoso, é uma disfunção oftálmica caracterizada pela diminuição da acuidade visual uni ou bilateralmente, sem que o olho afetado mostre qualquer anomalia estrutural. O maior enfoque do partido Frelimo é justamente os mais desfavorecidos. Não preciso ir muito longe. Só para ver onde a Frelimo é derrotada é porque a sua missão está completa. Nas cidades e nos bairros onde ha já água, escolas, serviços de saúde etc., é lá onde a Frelimo perde mais. A começar pelo bairro onde o Professor mora. A Frelimo perde eleições onde a vida está melhorada, salvo em zonas anteriormente dominadas plea Renamo. Prove-me o contrario Professor.
3. Com relação a Matola, o Professor diz que uma das hipóteses que teria levado a Renamo a obter os votos que teve está relacionado com a mensagem "que circulou nas redes sociais em que um jovem dizia: “antes eu tinha medo da Renamo por aquilo que ouvia que a Renamo fazia, como cortar orelhas por aí em diante, mas hoje tenho medo". E mais adiante, refaz a sua própria tese sobre a "inadequação da teoria do voto económico na reeleição da Frelimo", para justamente re-entroniza-la. Julgo ser extremamente espúrio correlacionar o voto anti-Frelimo com a teoria do voto económico. Na verdade, os intelectuais e académicos são as vezes usados para veicular certas narrativas, convenientes de momento. Eu me incluo. Mas a vitória da Renamo na Matola está ainda por ser estudada, caso ela fuja dos padrões do voto ao nível nacional.
4. A capa do jornal Savana não representa o pensamento completo do Professor Pereira. Na entrevista, ele afirmou o seguinte: "Depende do critério. Por exemplo, em termos numéricos, a Frelimo é o vencedor. Mas em termos de recursos investidos, dinheiro usado e a infra-estrutura da Frelimo, a Renamo é o grande vencedor. Então, em termos simbólicos, a grande vencedora é a Renamo por dois grandes factores: porque investiu poucos recursos mas teve bons resultados. Segundo, foi pela primeira vez a uma eleição sem o seu dito líder carismático. Ninguém acreditava que era possível a Renamo fazer estes resultados sem Dhlakama. Significa que a Renamo é eficiente mais eficiente na mobilização de seus eleitores do que é a Frelimo porque usa poucos recursos, mas tem resultados surpreendentes, enquanto a Frelimo usa grandes recursos mas com resultados não muito bons em termos de custo/benefício.
Aqui o Professor Pereira deu uma aula gratuita a Frelimo. O pensamento, usado em beneficio do meu partido por ter efeitos aterradores à oposição. Não irei dizer aqui dado o seu carater estrategico. Concordo com ele.
5. Existem inúmeras partes boas que o jornal poderia também realçar, como por exemplo, o facto de ele ter reconhecido que estas eleições foram melhores as anteriores; que a Renamo precisa desarmar-se e que o belicismo é coisa do passado; o seu otimismo quanto a liderança da Renamo continuar com o processo de paz, entre outros. São aspectos que vale a pena ler.
6. Quem tiver ficado pelo título apenas, corre sérios riscos de ficar perdido. Provavelmente pode ter sido esta a intenção do "executivo" do jornal.
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