Julião João Cumbane
12 h ·
Um desafio ao meu Pai Armando Emílio Guebuza
Autorizar actos ilegais é infracção, quaisquer que sejam os motivos. Por isso, eu desafio o Armando Emílio Guebuza a reconhecer publicamente que cometeu uma infracção ao autorizar superiormente a contratação das "dívidas ocultas".
Reconhecer um erro é acto de valentia, de heroicidade, de responsabilidade. Demonstra que o indivíduo que cometeu o erro não o cometeu por dolo, mas sim a pensar que estava a fazer bem. Não reconhecer um erro reforça e legitima a ideia de que quem o cometeu o fez com intenção dolosa. Não creio que isto seja o caso contigo.
Por isso, eu te peço meu Pai, meu ídolo, para dares o peito às balas das "dívidas ocultas" em salvação de Moçambique. Sacrifica o teu ego e orgulho pessoal e te entrega à justiça, meu Pai! Agrega este acto de valentia e heroicidade à tua gigantesca obra! Só agindo deste modo é que reabilitarás a tua imagem e resgatarás os ideais e valores da tua, minha e nossa gloriosa FRELIMO. Faz isso por ti, por mim, pelos teus netos, por todos nós moçambicanos, pela FRELIMO, pela unidade nacional, por um Moçambique uno, indivisível e de paz e progresso!
Este pedido ocorre-me por estar a constatar que a soberania de Moçambique não saiu reforçada com aplicação dos dinheiros das "dívidas ocultas" no projecto de protecção e segurança da zona económica exclusiva do nosso país no Oceano Índico. O contrário é que ocorreu: a nossa soberania ficou mais vulnerável. De facto, por causas das "dívidas ocultas", Moçambique deixou de ser a "Pérola do Índico" e passou a ser o "Lixo do Índico". Esta é a nossa actual realidade. E só tu podes melhor abrir caminho para mudar esta realidade triste com o acto de bravura que peço que pratiques. Dá esse exemplo de coragem para salvar Moçambique! Entre a nossa juventude, a nossa FRELIMO caiu no descrédito por conta das "dívidas ocultas" cuja contratação tu autorizaste superiormente e fora da lei.
Eu sei que tu fizeste aquilo pensando e acreditando que estavas a fazer bem. Só que a realidade em que estamos manda reconhecer que o bem desejado foi superado pelo mal que já se adivinhava que poderia estar associado com aquele teu acto. As contas não saíram como estava previsto que saíssem, e ficamos com país endividado até ao pescoço. Quando é assim, nada mais valente e responsável do que reconhecer que falhamos, e colaborarmos na correcção dos erros. Eu te peço para colaborares na correcção dos erros cometidos durante o teu consulado com Presidente da República de Moçambique. Não continua a acatar conselhos contrários a este meu aqui, pois assim não estarás em defesa do progresso de Moçambique e do seu povo, mas sim em defesa de interesses particulares e egoístas. Nunca foi esse o objectivo da tua luta. Por isso, faz o que é correcto, Pai: acabe com sofrimento do nosso povo, reconhecendo os teus erros e permitindo que a justiça seja feita contigo, livre e profissionalmente!
Enfim, esta batalha eles venceram, Pai. Refiro aqui aos inimigos do progresso de Moçambique. Mas tu NÃO DEVES permitir que nós percamos a guerra pela nossa independência económica. Sabes bem que sem a FRELIMO no poder, as conquistas de toda uma luta à qual dedicaste toda a tua vida adulta correm o risco de serem destruídas. Tu podes evitar isso com uma atitude: aceitar que erraste e deixar a justiça fazer o que deve contigo, nos termos da nossa lei. Ainda me lembro que tu me ensinaste que «não devemos trabalhar foras das regras que nós próprios é que aprovamos». Lembras-te? Pois bem, coragem, Pai! Tudo passa.
Obrigado pela atenção que dispensares a este desafio!
Votos de Feliz Domingo de Páscoa.
Respeitosamente,
Julião João Cumbane
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