"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 19 de outubro de 2014

Sínodo sobre a família termina sem acordo sobre divorciados e gays

Sínodo sobre a família termina sem acordo sobre divorciados e gays

19 de Outubro de 2014, 09:43

O primeiro sínodo de bispos sobre a família convocado pelo Papa Francisco terminou este sábado com a aprovação de um documento em que não se obteve consenso sobre os gays e os divorciados.
O "Relatio Synodi", como é chamado o documento final, foi concluído após duas semanas de estudos dos problemas da família moderna em todos os continentes, com o objectivo de tentar abrir a Igreja às uniões livres, aos divorciados e aos homossexuais, embora estes dois últimos temas tenham gerado reticências.
No total, 183 padres sinodais participaram da votação, e cada ponto dos 62 parágrafos do documento foi submetido a votação.
Três pontos não tiveram a maioria de dois terços necessária, o da homossexualidade e o acesso à comunhão para os divorciados que voltam a se casar, informou o Vaticano.
"Isto não quer dizer que tenham sido rejeitados, apenas que não houve consenso", esclareceu.
Toda a documentação, tanto os rascunhos quanto as correcções, foi divulgada pelo Vaticano.
"O Papa pediu que fosse publicado tudo, com total transparência, o que mostra um alto grau de maturidade", disse Manuel Dorantes, um dos porta-vozes.
O sínodo aprovou a abertura de um debate em todos os níveis dentro da Igreja sobre temas tabus, como a homossexualidade e a comunhão para os divorciados que voltam a se casar.
Apesar da pressão dos sectores mais conservadores para que estes pontos fossem excluídos, os bispos concordaram em continuar estudando como acolher estes católicos.
"Levou-se em conta a visão de bispos de culturas diferentes, como a africana", assinalou o cardeal austríaco Christoph Schonborn.
Tudo parece indicar que uma maioria moderada deseja uma saída para que os divorciados que se casam novamente possam ter acesso à comunhão, bem como uma pastoral sobre a homossexualidade, ao pedir no documento que os gays sejam recebidos "com respeito e delicadeza".
"Discutiu-se com franqueza e coragem", disse o Papa, que acompanhou em silêncio os debates, por vezes acalorados.
"Temos um ano para amadurecer e encontrar soluções concretas para tantas dificuldades e desafios", assinalou Francisco, que elogiou o vigor das discussões. "Se não tivesse havido debates acalorados, teria ficado preocupado", comentou, diante dos bispos.
Antes da votação, os bispos divulgaram uma breve mensagem de encerramento em que confirmaram seu desejo de "continuar reflectindo" sobre os pontos mais problemáticos. Também reiteraram a vontade da Igreja de "não excluir ninguém" e "manter a porta aberta a todos, como convida Cristo".

Francisco mede aceitação de suas reformas

A ampla margem de aprovação do documento final permitiu ao Papa medir o nível de aceitação das reformas que promove.
O pedido de acesso à comunhão a alguns casos de divorciados que tornaram a se casar após um "caminho penitencial" teve o voto favorável de 104 padres sinodais e 74 contra, enquanto a acolhida aos homossexuais teve 118 votos a favor e 62 contra.
O texto será divulgado em todas as dioceses do mundo, juntamente com um questionário, e servirá de base para o próximo sínodo, programado para Outubro de 2015.
"Estamos apenas numa primeira etapa", disseram em conferência de imprensa os cardeais Raymundo Damasceno Assis, do Brasil, e Gianfranco Ravasi, da Itália.
Ao fim deste longo processo, o Papa decidirá as reformas que irá implementar.
Os bispos de países pobres insistiram mais nos efeitos da crise económica sobre a família, nos desempregados, refugiados e foragidos, e na realidade que enfrentam diariamente.
Outros prelados pediram que sejam discutidos temas como o aborto, suicídio e adopção, e fizeram um chamado para que os governos e organizações internacionais promovam os direitos da família.
AFP

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