"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Alquimia eleitoral produziu “Bronze” no lugar de “Ouro”

Alquimia eleitoral produziu “Bronze” no lugar de “Ouro”

24.10.2014
 
Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Tanto dinheiro gasto para nada

Geração da viragem gera corrupção e clientelismo em defesa da manutenção do “status”. Há uma luta titânica de controlo de números para que a vitória seja declarada a seu favor, mesmo que se sinta que a derrota bateu à porta.
Está montado o cenário para que as confusões comecem. E tudo só porque um partido supostamente “adulto” e experiente se nega rotundamente a reconhecer que sua popularidade já não é a de outros tempos.
Já não há possibilidade de enganar os moçambicanos e, mesmo com a ajuda de anciões e de veteranos da luta anticolonial, poucos são os que vão com a música proposta.
O projecto proposto e concretizado falhou ao não conseguir trazer desenvolvimento e inclusão em Moçambique.
As alegações de contratempos e constrangimentos postos em prática pelo “apartheid” e a herança colonial não correspondem à verdade dos factos.
A verdade manda dizer que se tratava de projectos utópicos e despidos de realismo.
Hoje, e com toda a experiência acumulada, o que se consegue ver é uma correria encetada por gente que tem interesses económicos e financeiros muito importantes, unindo-se circunstancialmente para defender os seus impérios.
E, diga-se, “impérios” forjados à custa da impunidade e do atropelo de leis e regras.
A camaradagem efectivamente está morta e, se está insepulta, é porque os coveiros ainda não descobriram, ou desconhecem a localização das pás e enxadas.
O nível de desorganização do processo eleitoral indicia agendas sinistras e intenções obscuras.

Tudo indica que, face ao desmoronamento de um plano inicial de obliterar a oposição, se terá decidido pela via da “engenharia eleitoral”.
Este processo, que parecia maduro e decorrendo conforme preconizado pela Lei Eleitoral, de repente descambou para caminhos da ilicitude, sem que os responsáveis actuem como deles se espera.
Rios de dinheiros públicos aplicados num processo medíocre exigem justificação legal, senão criminal.
Moçambique é um país em construção, onde se requer que as autoridades assumam as suas responsabilidades com rigor e ética.
Por vergonha e hombridade, já deveríamos ver altos responsáveis do STAE colocando os seus lugares à disposição, pois falharam de maneira grave.
Não se pode viver de pedidos de desculpa ou de justificações esfarrapadas.
Os mais altos interesses da nação estão em jogo e, quando assim é, não se pode tolerar mediocridade, incúria ou “complôs” delinquentes.
Há matéria para que se encontrem os responsáveis por todo o descalabro decorrente de eleições “inclinadas” e defeituosas.
O que os moçambicanos esperam, neste momento importantíssimo da sua história, é que haja serenidade e coerência, para que os interesses do país não sejam sujeitos e condicionados, mais uma vez, pelos interesses de uma nomenclatura desfasada da realidade e da verdadeira agenda nacional.
Luxo, comodidade, riquezas e poder, frutos de trabalho e de empenho, devem ser abraçados pelas elites nacionais, ao invés de ser através de conluios e alianças de carácter pérfido.
A Independência Nacional, em que participaram filhos queridos deste país, não foi para termos hoje um país em que se rapta e sequestra cidadãos como se fosse algo mundano e normal. Não se pode permitir a “captura” do Estado e das autoridades governamentais por redes criminosas.
Não somos nem queremos ser país de leilões.
Gerir o “dossier” eleitoral é da responsabilidade do Governo e dos partidos políticos concorrentes.
Hesitar e alimentar falsas esperanças de que uma vitória que não seja legal e limpa vai ser aceite como facto consumado pelos moçambicanos é um erro, pois o “elástico” já não se estica mais.
Os “anciãos” que existem e pessoas de fama e prestígio internacional existentes no país devem-se unir e transmitir os sinais apropriados para que a concórdia e coabitação persistam e se consolidem.
Enganar ou tentar enganar hoje tem o potencial de produzir situações de consequências perigosas.
A PAZ que todos dizem que querem não é algo que se possa impor a um povo. Paz é algo consensual, aceite pelas partes e pelos que na verdade compõem a nação.
Paz é respeito pela verdade, paz é ética e moral, paz é dar ouvidos à vontade popular.
Alquimia ou engenharia eleitoral executada em gabinetes secretos não serão aceites pelos moçambicanos. (Noé Nhantumbo) CANALMOZ – 24.10.2014

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