"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 19 de outubro de 2014

MDM: COMUNICADO DE IMPRENSA

MOVIMENTO DEMOCRÁTICO DE MOÇAMBIQUE

 

COMUNICADO DE IMPRENSA

Caros concidadãos,
 
 
Em nome do MDM - Movimento Democrático de Moçambique, venho



dirigir-me a todos os moçambicanos, com um sentimento de apreensão

pelo momento que vivemos.

Decorridos os 45 dias de campanha eleitoral, em que sobressaia nos olhos

do nossos concidadãos a esperança por juntos caminharmos para a ideia de

um país verdadeiramente inclusivo e democrático, onde a justiça e

condições de vida dignas de seres humanos não sejam privilégio de um

grupo, chego ao dia de hoje com a absoluta certeza de que o nosso

Moçambique sai manchado por um processo eleitoral viciado, repleto de

irregularidades e violência, que não seria aceite em nenhum país

democrático do mundo.

Infelizmente, a guerra continua vencendo a paz e a bipolarização na cena

política do país, torna-nos reféns de manobras arquitectadas pela constante

ameaça de um conflito armado. São e continuarão sendo a grande desgraça

nacional, que nos impede de caminhar rumo ao progresso verdadeiro.

Neste dia 15 de Outubro, fomos testemunhas de que nenhum cidadão

consciente no mundo poderá afirmar que as eleições moçambicanas foram

livres e justas.

Como ignorar os inúmeros relatos de irregularidades e práticas de fraudes,

relatados de norte a sul do País?

Como não acreditar no relato do Presidente da Comissão Nacional dos

Direitos Humanos, de que os observadores foram impedidos de trabalhar

por falta de credenciais, quando o pedido havia sido feito dentro dos

prazos estabelecidos por lei? Ou ainda, como aceitar a presença de falsos

observadores eleitorais, surpreendidos em diversos distritos?

Como não recordarmos do atraso premeditado da credenciação dos

Delegados de Candidatura do MDM, proibindo os de fiscalizar o processo

desde o inicio da votaçao? Como não recordamos a recusa de entrega de

Editais e Actas, aos MMVs e Delegados de Candidaturas do MDM? Como

Não recordarmos a recordarmos a ausência premeditada de Actas e Editais

nos Kits?

Como não nos recordarmos do sangue derramado pela FIR, quando jovens,

no seu dever mais sagrado de proteger a pátria, denunciaram pessoas com

boletins de voto já preenchidos e, acabaram tratados como bandidos,

baleados pela Polícia que os deveriam defender, mas acabou com ordens

para agir a favor dos infractores?

Como, simplesmente fingir que não vimos, ouvimos e lemos os imensos

relatos de urnas irregulares, de votos pré-preenchidos, de pessoas com

mais de um cartão de eleitor, do desaparecimento de listas de votação, de

assembleias que nem chegaram a abrir, e de pessoas impedidas de votar

devido à desorganização propositada do STAE.

Como sermos cegos perante o facto de que houve cortes de energia em

todos os pontos do país, impedindo a fiscalização e contagem de votos?

Como ignorarmos os cortes de energia provocados por ordens superiores e

sem qualquer razão técnica?

Como não ver a polícia a disparar gás lacrimogénio, dispersando e

assustando pessoas que estavam desde a madrugada para exercer o seu

direito cívico?

Como apenas não olhar para a prova concludente de que esses incidentes

ocorreram apenas nas regiões onde a Frelimo veio perdendo terreno nas

últimas eleições?

Minhas Senhoras e Meus Senhores, cidadãos de bem e que querem o bem

deste nosso lindo país, deixo-vos com esse questionamento: como

simplesmente fingir que nada disso ocorreu?

Desta forma, dirijo-me aos órgãos competentes, para fazer um apelo para

que todas estas denúncias, que já estão mais do que comprovadas, sejam

apuradas, responsabilizando todos aqueles envolvidos nesta grande

orquestração de fraude, que tenta legitimar, através dos aparelhos do

Estado, um processo eleitoral que não é credível.

O MDM não pode, como partido sério que sempre se mostrou ser,

compactuar com tamanha arbitrariedade. Isso seria trair os princípios mais

básicos da Constituição da República e trair os milhões de pessoas que nos

seguiram em marchas por todos os distritos desse país e que foram

privadas de exercer os seus direitos de voto, coibidas pelo medo, pela

violência, pelo cansaço ou pelas artimanhas desferidas por aqueles que

deveriam manter a paz, a ordem e a garantia de transparência em todas as

etapas do processo eleitoral.

E que não haja aqueles que venham dizer que o MDM adopta esta posição



porque não avançou nos cargos públicos que deveria conquistar. Muito

pelo contrário, mesmo com todas as comprovações claras de fraude no

processo, o MDM é o partido que, segundo as projecções, mais cresceu



em representação na Assembleia da República. É o único partido de

oposição que não fugiu à luta democrática nas eleições autárquicas e está

presente nas 53 autarquias, onde obteve conquistas significativas com

muito trabalho, lutando contra toda a máquina governamental e contra as

ameaças da oposição bélica.

O MDM quando não existem motivos relevantes para considerar os



processos eleitorais fraudulentos tem sabido sempre estar em Democracia,

mas obviamente que pela dimensão dos prejuízos causados à oposição

nestas eleições de 15 de Outubro é impossível aceitarmos que apareça

alguém a dizer que a dimensão das irregularidades não afecta os

resultados. As irregularidades e as fraudes foram tantas e tão dispersas

pelo território nacional, que pelo volume do que foi detectado, pode-se

imaginar o que os eleitores não puderem detectar por terem sido impedidos

de exercer o controlo ao serem dispersos pela Policia.

O MDM é o único partido de oposição, que com apenas 5 anos de



existência, tem experiência de governação, melhorando a vida das pessoas

nos 4 municípios onde está a gerir com competência e modernidade. Não

vamos nos intimidar e continuaremos a trabalhar para realizar o

compromisso assumido com cada membro do nosso partido e com cada

moçambicano desse país, a cada palmo percorrido da nossa terra, a cada

aperto de mão, a cada discurso de nossa campanha eleitoral.

O MDM seguirá avançando, pois nunca fugiu à luta democrática, que é a



mais difícil das lutas, pois exige serenidade e firmeza para enfrentar as

vicissitudes, nomeadamente a intimidação e o medo. O medo não vencerá

a esperança!!

Agradeço pessoalmente e em nome do MDM a todos os moçambicanos



mesmo aos que acabaram por não conseguir votar, por terem ido às urnas

cumprir o seu dever. Agradecemos também aos observadores e

fiscalizadores que tiveram a coragem de denunciar as irregularidades; à

imprensa livre, incansável no seu trabalho e aos membros da sociedade

civil que não se calaram.

Peço a todos os cidadãos eleitores que não desistam da luta democrática

em nosso país. Estamos e estaremos sempre juntos na luta por um

Moçambique Para Todos e com todos.



Meu muito obrigado.

Beira, 17 de Outubro de 2014

O Presidente

Daviz Mbepo Simango



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