MOVIMENTO DEMOCRÁTICO DE MOÇAMBIQUE
COMUNICADO DE IMPRENSA
Caros concidadãos,
Em nome do MDM - Movimento Democrático de Moçambique, venho
dirigir-me a todos os moçambicanos, com um sentimento de apreensão
pelo momento que vivemos.
Decorridos os 45 dias de campanha eleitoral, em que sobressaia nos olhos
do nossos concidadãos a esperança por juntos caminharmos para a ideia de
um país verdadeiramente inclusivo e democrático, onde a justiça e
condições de vida dignas de seres humanos não sejam privilégio de um
grupo, chego ao dia de hoje com a absoluta certeza de que o nosso
Moçambique sai manchado por um processo eleitoral viciado, repleto de
irregularidades e violência, que não seria aceite em nenhum país
democrático do mundo.
Infelizmente, a guerra continua vencendo a paz e a bipolarização na cena
política do país, torna-nos reféns de manobras arquitectadas pela constante
ameaça de um conflito armado. São e continuarão sendo a grande desgraça
nacional, que nos impede de caminhar rumo ao progresso verdadeiro.
Neste dia 15 de Outubro, fomos testemunhas de que nenhum cidadão
consciente no mundo poderá afirmar que as eleições moçambicanas foram
livres e justas.
Como ignorar os inúmeros relatos de irregularidades e práticas de fraudes,
relatados de norte a sul do País?
Como não acreditar no relato do Presidente da Comissão Nacional dos
Direitos Humanos, de que os observadores foram impedidos de trabalhar
por falta de credenciais, quando o pedido havia sido feito dentro dos
prazos estabelecidos por lei? Ou ainda, como aceitar a presença de falsos
observadores eleitorais, surpreendidos em diversos distritos?
Como não recordarmos do atraso premeditado da credenciação dos
Delegados de Candidatura do MDM, proibindo os de fiscalizar o processo
desde o inicio da votaçao? Como não recordamos a recusa de entrega de
Editais e Actas, aos MMVs e Delegados de Candidaturas do MDM? Como
Não recordarmos a recordarmos a ausência premeditada de Actas e Editais
nos Kits?
Como não nos recordarmos do sangue derramado pela FIR, quando jovens,
no seu dever mais sagrado de proteger a pátria, denunciaram pessoas com
boletins de voto já preenchidos e, acabaram tratados como bandidos,
baleados pela Polícia que os deveriam defender, mas acabou com ordens
para agir a favor dos infractores?
Como, simplesmente fingir que não vimos, ouvimos e lemos os imensos
relatos de urnas irregulares, de votos pré-preenchidos, de pessoas com
mais de um cartão de eleitor, do desaparecimento de listas de votação, de
assembleias que nem chegaram a abrir, e de pessoas impedidas de votar
devido à desorganização propositada do STAE.
Como sermos cegos perante o facto de que houve cortes de energia em
todos os pontos do país, impedindo a fiscalização e contagem de votos?
Como ignorarmos os cortes de energia provocados por ordens superiores e
sem qualquer razão técnica?
Como não ver a polícia a disparar gás lacrimogénio, dispersando e
assustando pessoas que estavam desde a madrugada para exercer o seu
direito cívico?
Como apenas não olhar para a prova concludente de que esses incidentes
ocorreram apenas nas regiões onde a Frelimo veio perdendo terreno nas
últimas eleições?
Minhas Senhoras e Meus Senhores, cidadãos de bem e que querem o bem
deste nosso lindo país, deixo-vos com esse questionamento: como
simplesmente fingir que nada disso ocorreu?
Desta forma, dirijo-me aos órgãos competentes, para fazer um apelo para
que todas estas denúncias, que já estão mais do que comprovadas, sejam
apuradas, responsabilizando todos aqueles envolvidos nesta grande
orquestração de fraude, que tenta legitimar, através dos aparelhos do
Estado, um processo eleitoral que não é credível.
O MDM não pode, como partido sério que sempre se mostrou ser,
compactuar com tamanha arbitrariedade. Isso seria trair os princípios mais
básicos da Constituição da República e trair os milhões de pessoas que nos
seguiram em marchas por todos os distritos desse país e que foram
privadas de exercer os seus direitos de voto, coibidas pelo medo, pela
violência, pelo cansaço ou pelas artimanhas desferidas por aqueles que
deveriam manter a paz, a ordem e a garantia de transparência em todas as
etapas do processo eleitoral.
E que não haja aqueles que venham dizer que o MDM adopta esta posição
porque não avançou nos cargos públicos que deveria conquistar. Muito
pelo contrário, mesmo com todas as comprovações claras de fraude no
processo, o MDM é o partido que, segundo as projecções, mais cresceu
em representação na Assembleia da República. É o único partido de
oposição que não fugiu à luta democrática nas eleições autárquicas e está
presente nas 53 autarquias, onde obteve conquistas significativas com
muito trabalho, lutando contra toda a máquina governamental e contra as
ameaças da oposição bélica.
O MDM quando não existem motivos relevantes para considerar os
processos eleitorais fraudulentos tem sabido sempre estar em Democracia,
mas obviamente que pela dimensão dos prejuízos causados à oposição
nestas eleições de 15 de Outubro é impossível aceitarmos que apareça
alguém a dizer que a dimensão das irregularidades não afecta os
resultados. As irregularidades e as fraudes foram tantas e tão dispersas
pelo território nacional, que pelo volume do que foi detectado, pode-se
imaginar o que os eleitores não puderem detectar por terem sido impedidos
de exercer o controlo ao serem dispersos pela Policia.
O MDM é o único partido de oposição, que com apenas 5 anos de
existência, tem experiência de governação, melhorando a vida das pessoas
nos 4 municípios onde está a gerir com competência e modernidade. Não
vamos nos intimidar e continuaremos a trabalhar para realizar o
compromisso assumido com cada membro do nosso partido e com cada
moçambicano desse país, a cada palmo percorrido da nossa terra, a cada
aperto de mão, a cada discurso de nossa campanha eleitoral.
O MDM seguirá avançando, pois nunca fugiu à luta democrática, que é a
mais difícil das lutas, pois exige serenidade e firmeza para enfrentar as
vicissitudes, nomeadamente a intimidação e o medo. O medo não vencerá
a esperança!!
Agradeço pessoalmente e em nome do MDM a todos os moçambicanos
mesmo aos que acabaram por não conseguir votar, por terem ido às urnas
cumprir o seu dever. Agradecemos também aos observadores e
fiscalizadores que tiveram a coragem de denunciar as irregularidades; à
imprensa livre, incansável no seu trabalho e aos membros da sociedade
civil que não se calaram.
Peço a todos os cidadãos eleitores que não desistam da luta democrática
em nosso país. Estamos e estaremos sempre juntos na luta por um
Moçambique Para Todos e com todos.
Meu muito obrigado.
Beira, 17 de Outubro de 2014
O Presidente
Daviz Mbepo Simango
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