"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 6 de abril de 2017

Quem “comeu” a mola das Ematuns?


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do lado da evidência
O Fundo Monetário Interna­cional (FMI) reviu em baixa o crescimento económico de Moçambique (de 7% para 6,3% este ano). Entretanto, está a ser discutido o paga­mento da primeira prestação da dívida de 850 milhões de dólares norte-americanos contraída pela empresa es­tatal EMATUM para a compra de barcos.
O negócio, com aval do Esta­do, foi criticado dentro e fora do país, pelo grupo de doa­dores internacionais, o G19, por falta de transparência.
O que os investidores não sa­biam é que em 2013 o Credit Suisse e o VTB (os dois ban­cos que organizaram a ope­ração de recompra de obri­gações da EMATUM este ano) emprestaram 622 milhões de dólares norte-america­nos a outra empresa estatal chamada Proindicus para fi­nanciar a compra de navios e instalações de radar para combater a pirataria.
Num país normal, por se tratar de endividamento em nome do povo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já devia ter aguçado os seus apetites de guardiã da legalidade e chamar de imediato as partes locais que deram luz verde a essas operações que estão a sufocar a economia e com a inflação a disparar.
Os investidores globais to­maram conhecimento de que o banco Credit Suisse, que levou à venda de títulos com um banco russo, tinha feito um outro empréstimo considerável para Moçam­bique na mesma época da venda do vínculo original.
O resultado final é que a dí­vida moçambicana é ainda mais profunda, tomando em conta que a dívida da EMA­TUM está sendo paga com juros elevadíssimos.
Os investidores querem saber porque não foram informa­dos sobre os outros emprés­timos, agora que se fala da reestruturação da dívida. Os empréstimos feitos pelo Cre­dit Suisse e outros credores – pelo menos US $ 787 milhões – poderiam diminuir o valor dos novos títulos.
A dívida tornou-se ainda mais onerosa ao longo do ano passado, com o Metical se desvalorizando na ordem dos 29%.
Quem é a estatal Proindicus que fez o primeiro emprés­timo?
De acordo com o Boletim da República (BR), III Série, nú­mero 2, de 8 de Janeiro de 2013, a Proindicus é uma Sociedade Anónima (SA), constituída a 21 de Dezem­bro de 2012.
Reza o seu objecto social que a mesma dedica-se a “concepção, financiamen­to, implementação e gestão de sistemas integrados de segurança aérea, espacial, marítima, lacustre, fluvial e terrestre; consultoria, pro­curement e fornecimento de equipamentos e acessórios; prestação de serviços na área de segurança de infra-estru­turas; e prestação de serviços na área de navegação aérea, espacial, marítima, lacustre, fluvial e terrestre”.
Embora os accionistas da Proindicus sejam anónimos, ou seja não tem os seus no­mes publicitados no BR, o autor destas linhas apurou que a mesma está associada à GIPS – GESTÃO DE INVES­TIMENTOS, PARTICIPAÇÕES E SERVIÇOS, LIMITADA, uma das empresas que participa da EMATUM, com o IGEPE – INSTITUTO DE GESTÃO DAS PARTICIPAÇÕES DO ESTADO.
Há dias, foi vazada nas redes sociais uma suposta lista de nomes associados à dívida.
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofen­de:
Quem “comeu” a mola das EMATUNs?
luís nhachote
CM – 06.04.2017

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