quinta-feira, 27 de abril de 2017
Cá p’ro meus botões
Makas
DANE-SE quem julgava que seria fácil convencer Dhlakama a abrir as pernas por uma causa que vem defendendo passam décadas.
Os últimos pronunciamentos tanto de Afonso Dhlakama quanto de Manuel Bissopo, presidente e secretário-geral da Renamo, são suficientemente esclarecedores do extremar de posições em sede negocial visando a paz efectiva e duradoira.
E não deixa de ser sintomático o facto de Filipe Nyusi, a partir de Mafuiane, ter anunciado que proximamente Dhlakama seria o porta-voz dos consensos produzidos em sede negocial.
Em vez disso, ouviu-se um Dhlakama a condicionar o alargamento do prazo da trégua e dos entendimentos prometidos pelo Chefe de Estado.
Astuto, Dhlakama lançou o anzol e permitiu que a contra-parte mordesse a isca e quando tudo parecia alcançado, eis que o líder da Renamo trata de puxar a corda para o seu lado.
Isto no preciso momento que Nyusi parecia convencido do alcance ao tão almejado objectivo.
Não admiraria se viesse a público que enquanto as partes negociavam em salas climatizadas, as forças armadas rebeldes se reorganizavam, ocupando lugares estratégicos em vista futuras confrontações militares, sempre imprevisíveis.
Foi assim no passado e pode, muito bem, voltar a acontecer.
Afinal as boas experiências são para serem aproveitadas ao pormenor.
Isto ainda promete difícil. As feridas de um passado recente vêm à tona a cada estante e isso é perceptível sempre que Bissopo fala em público, ele que escapou de morte certa quando baleado em plena cidade da Beira e em plena luz do dia.
Já o Dhlakama, mais experimentado, nem com isso menos fingido, também ele escapando de “ene” tentativas, sem nunca ter contraído um único arranhão na sequência, estratega, sabe quando é que deve usar uma voz mansinha e quando recorrer ao vozeirão.
A Frelimo é que parece menos actualizado sempre que aborda o líder da oposição, praticamente caindo nas armadilhas de Dhlakama.
Dhlakama usa as diferenças abismais existentes nas hostes frelimistas para delas tirar vantagem no terreno bélico e nas negociatas, em salas climatizadas.
A POLÍCIA aperta o cerco contra revendedores do gasóleo e da gasolina nos principais pontos de recepção, de tal modo que nas últimas semanas o combustível rareia.
Os automobilistas de enfurecem porque nas esquinas a gasolina e o gasóleo são mais baratos face aos postos de abastecimento.
E os pontos de recepção do combustível são em qualquer lado, no mato e no meio de uma estrada, mas também em comboios de transporte ao longo da linha férrea ligando Maputo a Ressano Garcia.
Aqui, nas últimas semanas, a polícia distrital de Moamba está atenta e anda a vasculhar os principais lugares suspeitos de se fazerem transacções do género. Nem sempre são apanhados de surpresa os agentes da venda/revenda.
Na vila-sede de Moamba, em pelo menos três pontos de revenda, desde semana passada que não há gasóleo, mas sim a gasolina em quantidades “industriais”, sem a polícia questione a proveniência do produto.
O que a polícia pretende é interceptar o negócio quando o combustível é tirado dos camiões para dezenas de bidons.
Mas também está de olho nos vagões cisterna, havendo notícias de se ter mobilizado a polícia anti-motim para a eficiência da operação, uma vez que as pessoas costumam invadir os comboios de transporte de combustível.
Neste momento, nem o comboio, muito menos os camiões são a fonte para o combustível, o que está a empobrecer as famílias que há décadas sobrevivem à custa destas negociatas.
OS acontecimentos da segunda-feira têm como consequência, o mandado de captura internacional emitido pela PGR contra Momad Satar, o Nini, em gozo de liberdade condicional.
Parece que a PGR acredita que o Nini pode estar por detrás dos acontecimentos que têm marcado a semana, devido a sua espectacularidade.
Em paralelo, a nível interno devia-se fazer um trabalho aturado de modo a identificar culpados pela fuga de informação até à conclusão de uma operação que, talvez, nem devia ter acontecido se não tivesse havido tal fuga.
Só o facto de a cabine do veículo celular ter saído impune, dá a nível ideia de que o acordo não incluía calar o motorista e quem estivesse a seu lado. E isso foi realizado em pleno. Nenhum tiro para aquela área.
Logo, presume-se que o motorista tenha estado ao corrente do que se estava a passar.
O outro lado do ataque da segunda a meio do dia, é a entrada em acção de um novo modelo de investigação de crimes violentos. Uma brigada pericial se fez ao local e tratou de isolar a área, para uma melhor colecta de elementos que possam permitir o esclarecimento pleno do que se passou para lá da 25 de Setembro, em plena baixa da cidade de Maputo e ao meio dia.
Para trás a ausência da perícia quando do assassinato de Carlos Cardoso e do moçambicano-francês, Gilles Cistac, entre outros actos criminosos altamente violentos, mas sem um tratamento tão adequado como o que se assistiu esta semana.
Convém referir, pois, que o Governo-Nyusi se tem esforçado em adoptar de equipamento apropriado para uma melhor funcionalidade de criminalistas, mas também noutras áreas. É das coisas boas que este Executivo tem estado a realizar. Diga-se em abono da verdade…
Com que então teremos o Nini Satar de novo protagonista, com o anunciado mandado de captura, ao mesmo tempo que é revogada a liberdade condicional do homem julgado e condenado no caso-Cardoso.
Expresso – 27.04.2017
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