"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 6 de setembro de 2019

“Não cesseis os esforços enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem tecto, trabalhadores sem trabalho” Papa Francisco aos candidatos à Presidente de Moçambique


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Escrito por Adérito Caldeira  em 05 Setembro 2019
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Foto da Presidência da RepúblicaO Papa Francisco disse nesta quinta-feira (05) aos três principais candidatos à Presidente de Moçambique que têm “uma corajosa e histórica missão a cumprir: não cesseis os esforços enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem teto, trabalhadores sem trabalho, camponeses sem terra... Tais são as bases dum futuro de esperança, porque futuro de dignidade! Tais são as armas da paz”.
As primeiras palavras do Chefe da Igreja Católica foram dirigidas aos moçambicanos massacrados pelos ciclones Idai e Kenneth, “Infelizmente, não poderei ir pessoalmente até junto de vós, mas quero que saibais que partilho a vossa angústia, sofrimento e também o compromisso da comunidade católica para fazer frente a tão dura situação. No meio da catástrofe e da desolação, peço à Providência que não falte a solicitude de todos os actores civis e sociais que, pondo a pessoa no centro, sejam capazes de promover a necessária reconstrução”.
Discursando no Palácio da Ponta Vermelha, para membros dos órgãos de soberania, do Governo, de partidos políticos e do corpo diplomático, o Santo Padre recordou do “sofrimento, o luto e a aflição” que os moçambicanos têm vivido desde que João Paulo II visitou o nosso país, em 1988, e lembrou que “a paz não é apenas ausência de guerra, mas o empenho incansável – especialmente daqueles que ocupamos um cargo de maior responsabilidade – de reconhecer, garantir e reconstruir concretamente a dignidade, tantas vezes esquecida ou ignorada, de irmãos nossos, para que possam sentir-se os principais protagonistas do destino da própria nação”.
“Não podemos perder de vista que, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade”, alertou o Pontífice argentino.
Papa Francisco enumerou “as armas da paz”
Jorge Mario Bergoglio disse ao políticos dos partidos Frelimo, Renamo e MDM para consolidarem “as estruturas e instituições necessárias para permitir que ninguém se sinta abandonado, especialmente os vossos jovens, que formam grande parte da população. Não são apenas a esperança desta terra, eles são o presente que interpela, busca e precisa de encontrar canais dignos que lhes permitam desenvolver todos os seus talentos; são potencial para semear e desenvolver a tão desejada amizade social”.
Foto da Presidência da RepúblicaNaquele que foi o seu primeiro discurso em Moçambique o Papa Francisco falou como se estivesse a dirigir-se directamente aos candidatos à Presidência Filipe Nyusi, Ossufo Momade e Daviz Simango. “Tendes uma corajosa e histórica missão a cumprir: não cesseis os esforços enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem teto, trabalhadores sem trabalho, camponeses sem terra... Tais são as bases dum futuro de esperança, porque futuro de dignidade! Tais são as armas da paz”.
“A defesa da terra é também a defesa da vida, que reclama atenção especial quando se constata uma tendência à pilhagem e espoliação, guiada por uma ânsia de acumular que, em geral, não é cultivada sequer por pessoas que habitam estas terras, nem é motivada pelo bem comum do vosso povo. Uma cultura de paz implica um desenvolvimento produtivo, sustentável e inclusivo, onde cada moçambicano possa sentir que este país é seu, e no qual possa estabelecer relações de fraternidade e equidade com o seu vizinho e com tudo o que o rodeia”, concluiu o Sumo Pontífice.

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