02/09/2019
Os ataques que ocorrem na região norte da província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, parecem estar a facilitar a exploração e até exportação ilegal da madeira, devido ao abandono de algumas zonas "ricas" deste recurso e também pelo facto de o Governo ter centrado os esforços no combate aos insurgentes, deixando alguns postos estratégicos de fiscalização e saída de madeira desprotegidos.
Segundo o que "Carta" apurou, para além do tráfico de órgãos humanos, as redes criminosas estão a usar a situação que se vive nos distritos de Palma, Macomia, Nangade, Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe para explorar e exportar ilegalmente diversas espécies faunísticas e florestais, através da via marítima.
Dados confirmados pela população e fontes oficiais indicam que, entre os distritos que registam esta situação, estão Macomia, Quissanga, Muidumbe, Montepuez e algumas áreas ao longo do Parque Nacional das Quirimbas.
População residente nas proximidades do rio Rovuma conta que é frequente ver homens armados e equipados, levando madeira, através de barcos que, posteriormente, é transportada para outra margem (Tanzânia) em camiões. Devido à falta de fiscalização nas áreas de conservação da biodiversidade e, sobretudo, por causa do medo que se instalou, são poucas as pessoas que ainda continuam nas respectivas regiões.
Refira-se, por exemplo, que só o Parque Nacional das Quirimbas tem uma extensão de cerca de 7.500 Km2, sendo a área florestal uma das maiores, para além do mar e a zona habitacional. À "Carta", o Director-Geral do Parque, Albino Nhusse, reconheceu haver uma fiscalização deficitária da área, devido à falta de recursos humanos e materiais. Com o aumento de violência nos distritos da zona norte da província, a situação da exploração ilegal aumentou, alguns chegando mesmo a usar a via de Mtwara durante o período da noite. (Omardine Ornar e Paula Mawar)
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