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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Nyusi está desorientado sobre economia e dívida

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-Considera o África Confidential
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, saiu fortalecido do XI Congresso da Frelimo, mas parece desnorteado quanto à situação económica do país e forma de lidar com o Fundo Monetário Internacional em relação à questão da dívida, considera o Africa Confidential (AC), publicação britânica especializada em assuntos africanos.
Na mais recente análise sobre Moçambique, o boletim do AC diz que as dificuldades de Filipe Nyusi em gerir o tema das dívidas ocultas podem também estar relacionadas com as alegações de que ele terá responsabilidades na forma como o Governo moçambicano avalizou os mais de dois biliões de dólares de empréstimos que geraram a actual crise da dívida pública.
“Ele é vulnerável a acusações de que ele estava por dentro, quando os empréstimos secretos de dois biliões de dólares foram organizados”, refere o texto.
À época dos avales do executivo, Filipe Nyusi era ministro da Defesa e Segurança e parte do dinheiro dos empréstimos foi supostamente canalizada para projectos de segurança marítima.
Os seguidores de Armando Guebuza, prossegue o AC, fazem tudo para que mais membros da Frelimo sejam atingidos pelo escândalo das dívidas escondidas, como forma de alargar a cobertura da protecção em relação à justiça.
A campanha dos apaniguados do antigo chefe de Estado colide com a investida de Filipe Nyusi de varrer para o esquecimento ou pelo menos marginalizar o “guebuzismo”, lê-se no documento.
“O Governo é incapaz de lidar com a situação da dívida externa massiva, as negociações com os detentores dos títulos de Moçambique estão irredutíveis e não há perspectivas de um programa do FMI”, refere a análise.
Cofres do Estado sem dinheiro
O tesouro moçambicano, continua, está numa situação de desespero e não tem dinheiro, de todo, disseram fontes ligadas à Frelimo, citadas pelo AC.
De momento, Filipe Nyusi concentra-se em garantir que o caminho para a paz com a Renamo não será obstruído pela linha dura da Frelimo.
A recente remodelação nas Forças de Defesa e Segurança resulta da preocupação do Presidente da República de consolidar o seu controlo sobre o aparelho de segurança, assinala o AC.
Filipe Nyusi poderá estar igualmente favorável em ter umas FDS mais macias, para fragilizar eventuais ameaças derivadas da integração de oficiais da Renamo, diz o AC, citando o académico Joseph Hanlon.
Chang, um cordeiro de sacrifício
A análise afasta a possibilidade de a Frelimo aceitar uma responsabilização credível aos autores das dívidas ocultas, considerando que membros de topo do partido terão beneficiado dos empréstimos.
“Isto não significa que não estejam a ser preparados bodes expiatórios. O ministro das Finanças de Armando Guebuza, Manuel Chang, deve ser julgado, caso se mostre necessário e estará a ser preparado para ser sacrificado”, diz o AC.
Mas o cenário de tornar Manuel Chang num bode expiatório pode não ser viável, porque o ex-ministro deve saber onde é que estão escondidos os esqueletos da dívida e o FMI não se deixará imbecilizar.
Até agora, diz o AC, há por parte de Filipe Nyusi mais retórica do que acção. No congresso, ameaçou com tolerância zero contra a corrupção, mas na mesma reunião Armando Guebuza foi entronado como presidente honorário da Frelimo, desapontando os sectores do partido que queriam um corte com o passado.
Filipe Nyusi, diz o AC, é incapaz de combater a corrupção na Frelimo.
SAVANA – 17.11.2017

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