Texto de Angelina Mahumane
angelina.mahumane@snoticicas.co.mz
Factores conjunturais, com destaque para a flutuação da taxa de câmbio Metical-Dólar fizeram com que a Matchedje Motor paralisasse a montagem de viaturas. A empresa, que está no mercado moçambicano há cerca de cinco anos queixa-se também da falta de mão-de-obra especializada.
A Matchedje Motor “atirou a toalha ao chão”. Passou a dedicar-se a serviços de uma oficina comum, limitando-se a reparar carros de diversas marcas e origens, incluindo os autocarros de transporte público pertencentes aos municípios de Maputo e Matola.
Quando a Matchedje foi instalada na Machava-sede, província de Maputo, pretendia-se que ela montasse viaturas diversas com destaque para mini-bus e caixa aberta, e que os serviços de reparação seriam apenas de apoio.
Porém, passados cinco anos, a empresa desistiu da actividade principal para se dedicar somente ao restauro. Aliás, conforme constatou a reportagem do domingo, no local esta firma possui sete oficinas apetrechadas de equipamento para a montagem de viaturas. Porém, todas estão fechadas.
Cao Hong Lu, presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa conta que esta companhia estabeleceu-se em Moçambique cheia de ambição mas, chegada ao terreno só encontrou dificuldades que vão desde a falta de mão-de-obra qualificada à necessidade permanente de importação de todo o tipo de material de trabalho, o que fez com que o preço final dos carros fosse muito alto.
Esta mescla de situações também concorreu para que os carros produzidos pela Matchedje Motor fossem incapazes de competir, em termos de preço, com os importados do Japão, sobretudo porque a maior parte dos potenciais compradores tem capacidade financeira limitada, que só lhe permite adquirir viaturas usadas que abundam no mercado interno e externo.
“Mesmo com a nossa presença, os carros usados continuam a ser importados e são uma “boa” opção para aqueles que esperávamos que se tornassem nossos clientes que são as famílias e empresas e parte considerável do sector privado”, lamentou.
De igual modo, Cao Hong disse que a sua empresa também tinha depositado confiança nas instituições do Estado que, geralmente fazem aquisições, mas estas observam sempre o critério do preço mais baixo.
O interlocutor referiu que num esforço para contrapor as adversidades criou capacidade interna para produzir todas as peças necessárias para a montagem de viaturas mas, logo a seguir, se apercebeu que o mercado nacional não dispõe de mão-de-obra capaz de operar os equipamentos de produção.
“Para produzir aqui é preciso ter pessoal qualificado para responder às solicitações do mercado em toda a linha de produção, incluindo na construção de motores. Como não temos técnicos qualificados, voltamos a optar pela importação de peças”.
Com vista a fazer face à falta de quadros com habilitações técnicas, Cao Hong Lu disse que aquela empresa tem realizado acções de formação especializadas para os seus 50 trabalhadores, entretanto, observam-se desistências, uma vez que a empresa não está em condições de operacionalizar os equipamentos por falta de matéria-prima.
ESTÍMULOS À PRODUÇÃO
Segundo o PCA da Matchedje Motor, Moçambique pode produzir mais de metade do que importa e ser auto-suficiente, mas o principal bloqueio tem sido a abertura prevalecente no domínio das importações que tem estado a minar as iniciativas de investimento interno e externo.
Para este gestor “não faz sentido que os produtos importados continuem a ser mais baratos que os importados mesmo depois de estes serem submetidos às taxas aduaneiras. Penso que este é o principal factor que concorre e estimula a apetência pelos produtos importados”.
Cao Hong Lu tomou como exemplo a importação de frango congelado que, mesmo depois de se pagar as taxas chega ao mercado nacional mais barato que o frango local, o que faz com que os avicultores não tenham capacidade para competir.
“Com o agravamento destas taxas vai se incentivar o produtor a aumentar a sua criação porque terá mercado e, se calhar, seria possível resolver o problema de défice e os preços seriam acessíveis para todos”, sublinhou.
Para reverter quadro, Cao Hong Lu defende que é preciso rever-se em alta as taxas aduaneiras para, por um lado, desincentivar a corrida às importações e, por outro, estimular a produção local de bens e serviços porque “as importações excessivas estão a prejudicar a economia”.
Ademais, entende que se as taxas fossem agravadas, os empresários moçambicanos criariam condições para produzir mais. “Estamos interessados em fazer parte do processo de crescimento desta economia e temos capacidade para tal mas, julgamos que deve haver uma maior coordenação para que este problema seja ultrapassado”, disse.
DA MONTAGEM À REPARAÇÃO
Sem poder realizar a sua principal actividade, e para não cruzar os braços e correr ao risco de despedir a mão-de-obra e assistir à degradação do equipamento, a Matchedje Motor foi seleccionada para reparar autocarros
das empresas municipais de Transportes Públicos de Maputo e Matola.
Com base no referido convénio, a montadora de viaturas deve recompor o primeiro lote de autocarros, em número ainda não especificado, num prazo de nove meses e, para o efeito, a escolha imediata recaiu sobre aqueles veículos que apresentam avarias permanentes, independentemente de serem graves ou simples. “Queremos que mais autocarros voltem a circular o mais rápido possível para que se minimize a crise de transportes que afecta Maputo e Matola”, frisou.
Além dos municípios de Maputo e Matola o PCA garante que aquela empresa está a cogitar a possibilidade de fazer reparações de autocarros de outros municípios e também de empresas do sector privado. “Queremos ver se as coisas melhoram. Se conseguirmos ter algum incentivo para expandir para todo o país”.
Uma das facilidades que aquela empresa tem é a de trabalhar com diversas marcas. “Porém, precisamos de dinheiro para fazer às encomendas que temos em mão porque sabemos que as duas empresas municipais não têm fundos”.
DIFICULDADES
O gestor da Matchedje Motor disse que a crise financeira se faz sentir no país faz com que, em alguns momentos, se sinta arrependido, mas acredita que esta situação poderá ser ultrapassada em breve, tendo em conta os sinais que a economia começa a apresentar.
Também acredita que o país precisa fazer um exercício de redução da burocracia para que o ambiente de negócios se torne mais saudável, competitivo e mais atractivo para os investidores.
DOMINGO – 24.09.2017
NOTA: Talvez aqui esteja a explicação da nova sobretaxa aos veículos usados importados do Japão e Coreia do Sul.
Fernando Gil
“Mesmo com a nossa presença, os carros usados continuam a ser importados e são uma “boa” opção para aqueles que esperávamos que se tornassem nossos clientes que são as famílias e empresas e parte considerável do sector privado”, lamentou.
De igual modo, Cao Hong disse que a sua empresa também tinha depositado confiança nas instituições do Estado que, geralmente fazem aquisições, mas estas observam sempre o critério do preço mais baixo.
O interlocutor referiu que num esforço para contrapor as adversidades criou capacidade interna para produzir todas as peças necessárias para a montagem de viaturas mas, logo a seguir, se apercebeu que o mercado nacional não dispõe de mão-de-obra capaz de operar os equipamentos de produção.
“Para produzir aqui é preciso ter pessoal qualificado para responder às solicitações do mercado em toda a linha de produção, incluindo na construção de motores. Como não temos técnicos qualificados, voltamos a optar pela importação de peças”.
Com vista a fazer face à falta de quadros com habilitações técnicas, Cao Hong Lu disse que aquela empresa tem realizado acções de formação especializadas para os seus 50 trabalhadores, entretanto, observam-se desistências, uma vez que a empresa não está em condições de operacionalizar os equipamentos por falta de matéria-prima.
ESTÍMULOS À PRODUÇÃO
Segundo o PCA da Matchedje Motor, Moçambique pode produzir mais de metade do que importa e ser auto-suficiente, mas o principal bloqueio tem sido a abertura prevalecente no domínio das importações que tem estado a minar as iniciativas de investimento interno e externo.
Para este gestor “não faz sentido que os produtos importados continuem a ser mais baratos que os importados mesmo depois de estes serem submetidos às taxas aduaneiras. Penso que este é o principal factor que concorre e estimula a apetência pelos produtos importados”.
Cao Hong Lu tomou como exemplo a importação de frango congelado que, mesmo depois de se pagar as taxas chega ao mercado nacional mais barato que o frango local, o que faz com que os avicultores não tenham capacidade para competir.
“Com o agravamento destas taxas vai se incentivar o produtor a aumentar a sua criação porque terá mercado e, se calhar, seria possível resolver o problema de défice e os preços seriam acessíveis para todos”, sublinhou.
Para reverter quadro, Cao Hong Lu defende que é preciso rever-se em alta as taxas aduaneiras para, por um lado, desincentivar a corrida às importações e, por outro, estimular a produção local de bens e serviços porque “as importações excessivas estão a prejudicar a economia”.
Ademais, entende que se as taxas fossem agravadas, os empresários moçambicanos criariam condições para produzir mais. “Estamos interessados em fazer parte do processo de crescimento desta economia e temos capacidade para tal mas, julgamos que deve haver uma maior coordenação para que este problema seja ultrapassado”, disse.
DA MONTAGEM À REPARAÇÃO
Sem poder realizar a sua principal actividade, e para não cruzar os braços e correr ao risco de despedir a mão-de-obra e assistir à degradação do equipamento, a Matchedje Motor foi seleccionada para reparar autocarros
das empresas municipais de Transportes Públicos de Maputo e Matola.
Com base no referido convénio, a montadora de viaturas deve recompor o primeiro lote de autocarros, em número ainda não especificado, num prazo de nove meses e, para o efeito, a escolha imediata recaiu sobre aqueles veículos que apresentam avarias permanentes, independentemente de serem graves ou simples. “Queremos que mais autocarros voltem a circular o mais rápido possível para que se minimize a crise de transportes que afecta Maputo e Matola”, frisou.
Além dos municípios de Maputo e Matola o PCA garante que aquela empresa está a cogitar a possibilidade de fazer reparações de autocarros de outros municípios e também de empresas do sector privado. “Queremos ver se as coisas melhoram. Se conseguirmos ter algum incentivo para expandir para todo o país”.
Uma das facilidades que aquela empresa tem é a de trabalhar com diversas marcas. “Porém, precisamos de dinheiro para fazer às encomendas que temos em mão porque sabemos que as duas empresas municipais não têm fundos”.
DIFICULDADES
O gestor da Matchedje Motor disse que a crise financeira se faz sentir no país faz com que, em alguns momentos, se sinta arrependido, mas acredita que esta situação poderá ser ultrapassada em breve, tendo em conta os sinais que a economia começa a apresentar.
Também acredita que o país precisa fazer um exercício de redução da burocracia para que o ambiente de negócios se torne mais saudável, competitivo e mais atractivo para os investidores.
DOMINGO – 24.09.2017
NOTA: Talvez aqui esteja a explicação da nova sobretaxa aos veículos usados importados do Japão e Coreia do Sul.
Fernando Gil
EY: O problema principal é da ambição e burrice dos camaradas que querem tudo para eles. Estes não escutam e nunca aprendem com os erros deles. Antes de trazer empresas multinacionais, manda-se pessoas no país de origem da tal empresa para formar técnicos da área e assim ter pessoal local qualificado.... assim fazem os outros países, mas esses ladrões nunca aprendem...
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