"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



domingo, 24 de setembro de 2017

ALGUMAS NOTAS SOLTAS EM TORNO DO XI CONGRESSO DA FRELIMO QUE SE AVIZINHA: REINVENTE-SE FRELIMO…

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Escrevo esta pequena reflexão dois dias antes do início do "XI Congresso da Frelimo" como cumprimento do nosso habitual encontro e em resposta aos pensamentos que tomaram conta de mim na noite passada quando no meu leito ensaiava um sono tranquilo.
Tem se tornado praxe para Frelimo desde Setembro de 1962 realizar um evento num intervalo mínimo de quatro em quatro anos, onde congrega os seus membros e simpatizantes oriundos de todas as províncias do país e de além fronteiras para discutirem os problemas da nação e o funcionamento interno da Frelimo. Nos primeiros congressos a Frelimo constituía um movimento de libertação nacional, o que tornava natural que todos os moçambicanos se revissem nos ideias deste movimento, contudo a partir de 1977 no seu III congresso a Frelimo transforma-se num "partido único de orientação marxista-leninista". Entre os anos 1989 e 1994 a Frelimo abandona o seu carácter marxista-leninista e deixa de ser partido único, com a adopção do multipartidarismo em Moçambique.
Como resultado inerente a adopção do multipartidarismo em Moçambique, a Frelimo passa a ser obrigada a concorrer às eleições de modo a governar e a ter um carácter de um partido que vive num sistema multipartidário. De lá para cá temos visto uma Frelimo, nalguns momentos, mais forte e coesa e noutros, como o actual, menos coesa e com mais problemas. A forma ineficaz como tem governado o país, os frequentes escândalos de corrupção que envolvem "os camaradas" ao mais alto nível, as disputas de poder no seio do partido e o amadurecimento político dos cidadãos impoem uma necessidade de reinvenção do modo de ser e agir da Frelimo, se quiser continuar a ser o principal partido do cenário político nacional.
Nesta pequena reflexão chamo atenção para alguns pequenos pontos que os congressistas da Frelimo devem ter em conta neste congresso. Em primeiro lugar, é preciso que "os camaradas" saibam que lidam com pessoas e não com meras máquinas que apenas servem para legitimar o seu poder no período eleitoral. Essas pessoas das quais me refiro são seus pais, filhos, irmãos e netos, porque afinal de contas somos todos membros de uma mesma família, a família moçambicana. Se a pobreza é para um, o outro deve se rever na pobreza do seu irmão.
Em segundo lugar há que se assumir que a Frelimo está perante uma iminente crise e cisão interna, não vale a pena tapar o sol com a peneira. E se pretendem dirigir os destinos de um país democrático, que respeitem o preceito constitucional constante do número 2 do artigo 74 da CRM "a estrutura interna e o funcionamento dos partidos políticos devem ser democráticos".
Em terceiro lugar, não obriguem os moçambicanos a serem "camaradas". Cumpram o preceito constitucional constante do número 2 do artigo 53 da CRM "a adesão a um partido político é voluntária e deriva da liberdade dos cidadãos de se associarem em torno dos mesmos ideais políticos". O não cumprimento deste artigo como tem sido praxe só asfixia a nossa democracia e nos coloca numa situação de existirem na nação duas nações, os moçambicanos originais (simpatizantes da Frelimo) e os do lado de lá…
Em quarto lugar, há que saber ouvir e respeitar a opinião dos outros sem apelidá-los "apóstolos da desgraça", ou seja o que for. Estamos todos aqui para construir um Moçambique altivo e digno de vénias de quem quer que seja.
E para terminar, há que fazer da unidade nacional uma realidade e não um mero discurso. Dentro da própria Frelimo existem os machanganas, existem os macondes, existem macuas…etc! Há que criar a unidade dentro do próprio partido para depois exigir uma unidade nacional.
Mais não digo, reinvente-se Frelimo!
Miguelluís

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