"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Exploração de carvão em Tete: Busca de emprego pode gerar convulsões sociais
 
Umas das últimas vozes fizeram-se ouvir quarta-feira, na cidade de Tete, durante os debates de um seminário sobre Economia extractiva, Acesso à informação e Cidadania co-organizado pela Ibis Moçambique e seus parceiros.

Um cidadão que se identificou como José Tomás, membro da Associação de Apoio à Assistência Jurídica, disse que a província de Tete, principalmente a sua capital e o distrito de Moatize, “estão a ser invadidos por gananciosos e ambiciosos que não respeitam em nada as tradições. As comunidades não são informadas do que se passa e nós os locais não temos emprego porque vem gente de outras províncias tomar os nossos lugares”.

Falando perante uma sala cheia de governantes, membros de outras organizações da sociedade civil, académicos, estudantes e jornalistas, finalizou afirmando que “as pessoas estão muito inquietas nas próprias tocas”.

Quando o auditório ainda digeria o pronunciamento de José Tomás, cujo tom da voz revelava uma certa mágoa, Henriques Seven, um estudante local, alertou que a forma como os processos em torno da exploração dos recursos naturais são conduzidos em Tete “poderão resultar em convulsões sociais, na medida em que os nativos não estão a ser empregados, tal como se esperava”.

O seminário, que visava analisar diversas questões em torno dos contratos de exploração mineira e até que ponto a sociedade civil e o público em geral possuem informação mínima, foi composto por três apresentações intercaladas por debates.

O primeiro tema “Acesso à informação como direito fundamental” apresentado por Paulo Comoane, do Centro de Direitos Humanos da Universidade Eduardo Mondlane. Chamou atenção para a necessidade de canalização de dados ao público como cumprimento de uma das primícias da Constituição da República.

Nuno Castel-Branco e Rogério Ossemane, do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, falaram da porosidade da economia e desafios da apropriação, mobilização e utilização da riqueza, enquanto Thomas Selemane, do Centro de Integridade Pública, apresentou resultados da pesquisa sobre impacto doméstico dos mega projectos em Tete, que indicam, entre outras questões, que a presença de estrangeiros cujas despesas são asseguradas por multinacionais concorreu para a inflação que se abate sobre aquela província.

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