520 mulheres morrem em cada 100 mil novos nascimentos em Moçambique
Por falta de assistência médica.
Em cada 100 mil nascimentos, 520 mães perdem a vida por complicações durante o parto no país. Estes números são c onfrangedores, quando comparados à realidade europeia, onde morrem apenas 5 a 6 mulheres durante o parto. O problema deve-se à falta de unidades sanitárias.
O número de mulheres que morrem devido a complicações durante o parto, em Moçambique, continua elevado, quando comparado com a realidade de alguns países europeus.
Segundo dados actualizados apresentados ontem, em cada 100 mil novos nascimentos, cerca de 520 mulheres morrem durante o parto, quando na Europa, em igual número de nascimentos, apenas 5 a 6 mulheres perdem a vida.
Esta situação, aos olhos de Nafissa Osman, presidente da Associação Moçambicana das Obstetras e Ginecologistas, é fundamentalmente provocada pela falta de unidades hospitalares.
“Ainda há muitas mulheres que não chegam aos hospitais para dar parto. Se todos os partos fossem nos hospitais, e atendidos por um técnico de obstetrícia, o número de mulheres que morrem no parto iria reduzir”, explica.
Falando durante a Conferência Internacional das Associações de Ginecologia e Obstetrícia da África Austral, Oriental e Central, que decorre na capital moçambicana, Osman defendeu que há necessidade de aumentar o número de enfermeiros especializados na área de obstetrícia.
“O número de mulheres que morrem em Moçambique após o parto eleva-se pelo facto de o país não possuir obstetras suficientes para responder às reais necessidades do país”. De acordo com Osman, a agremiação que dirige congrega mais ou menos 50 médicos obstetras, existindo apenas 60 em todo o país. Parte destes profissionais, acrescenta, são estrangeiros.
Outro constrangimento prende-se com o facto de a maior parte destes técnicos estar concentrada nos centros urbanos, situação que faz com que nas zonas rurais haja partos em residências.
“Precisamos de criar condições para que as mulheres grávidas nas zonas rurais tenham a possibilidade de uma cirurgia quando necessário”, recomenda a fonte, acrescentando que “podemos ter um parto normal, mas, se logo a seguir tem uma complicação, a mulher pode estar condenada à morte, só porque não há ninguém disponível para garantir a sua assistência”.
Os números da morte
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) já se referia a esta tendência assustadora: “Moçambique continua tendo uma das maiores taxas de mortalidade materno-infantil do mundo. Os ganhos no bem-estar infantil e materno não foram iguais em todo o país, e muitas crianças e mulheres, especialmente as que vivem nas zonas rurais remotas, continuam em risco”, escreve o Unicef no seu site oficial, baseando-se em resultados de uma pesquisa efectuado em 2010.
A pesquisa revela ainda que “todos os anos, cerca de 86 000 crianças recém-nascidas morrem antes de completar o seu primeiro ano de vida, e outras 38 000 morrem antes de atingir os cinco anos – quase 340 todos os dias”.
Nas últimas duas décadas, a taxa de mortalidade entre as crianças com idade inferior a cinco anos baixou de 219 para 138 por 1 000 nados vivos; a taxa de mortalidade infantil de 147 para 90 por 1 000 nados vivos; e o rácio de mortalidade materna baixou para 520 por 100 000 nados vivos.
Engravidar cedo
Cerca de 40 por cento das mulheres no país ficaram grávidas antes dos 20 anos de idade, ainda segundo os dados do UNICEF. O risco de morte entre as adolescentes grávidas é quatro vezes maior que os das mulheres com idade superior a 20 anos.
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