06/05/2019
Passam quase duas semanas, após a passagem do ciclone Kenneth, por alguns distritos da província de Cabo Delgado e Nampula. No entanto, na última sexta-feira e nas primeiras horas do sábado, os insurgentes voltaram a semear "terror" em três aldeias do distrito de Macomia, tendo decapitado quatro pessoas, sendo uma delas um professor da vila.
Fontes que revelaram o facto à "Carta" contam que a aldeia-alvo da acção dos insurgentes foi a de Nacate, cujos efeitos se estenderam às aldeias de Ntapwaia e Bangala Velha. Segundo estes, mais de 15 homens munidos de AK47, facas e catanas terão entrado nas aldeias por volta das 16h50, tendo ateado fogo nas tendas das pessoas afectadas pelo ciclone Kenneth, albergadas em Nacate, mas oriundas das aldeias de Ntapwaia e Bangala.
Fontes da "Carta" contaram que o ataque durou mais de 30 minutos, sendo que o foco dos insurgentes eram os "produtos alimentares doados pelas organizações humanitárias e o governo".
Segundo as nossas fontes, a população refugiou-se na zona de Xinavane, próximo à vila de Macomia, onde se encontram ao relento, uma vez que ainda se fazem sentir os efeitos do ciclone Kenneth.
Embora o ataque tenha acontecido na aldeia de Nacate, o mesmo criou pânico nas aldeias de Ntapwaia e Bangala Velha, curiosamente as mesmas que o Presidente da República, Filipe Nyusi, visitou na última semana. Aliás, o ataque aconteceu a 13 km do local, onde o PR esteve no dia anterior (02 de Maio) e que acabou saindo de imediato porque não havia condições mínimas para sua permanência, até porque a residência oficial do Administrador está totalmente destruída.
No entanto, em Macomia, para além do último ataque, o Administrador recentemente empossado, Fernando Neves ordenou que nenhum funcionário do aparelho do Estado devia receber os apoios que estão a ser canalizados pelas organizações humanitárias, mesmo estes tendo perdido tudo durante a passagem do ciclone Kenneth. O facto deixou as pessoas "pasmas".
Estranhamente, maior parte dos apoios estão a ser direccionados aos antigos combatentes, que constituem a maior parte dos residentes naquela zona que, desde o início dos ataques, nunca abandonaram o local.
Contudo, os ataques que começaram a 05 de Outubro de 2017, em Cabo Delgado, já provocaram mais de 250 óbitos nos distritos de Palma, Macomia, Mocímboa da Praia, Nangade, Meluco, Quissanga e Ilha do Ibo, mesmo que neste último as autoridades tentem omitir. (Omardine Omar)
CARTA – 06.05.2019
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