29/11/2018
A multinacional norte-americana que lidera o consórsio da Área 1 da Bacia do Rovuma dá primazia aos seus clientes estrangeiros, na venda do gás natural que vai liquefazer, em detrimento do mercado moçambicano. “Se não obtivermos o gás para os nossos combustíveis em 2021 ou antes os benefícios que teríamos serão empurrados para 2030” afirmou Moon Hussain da petrolífera Shell que pretende implantar uma indústria para a produção de gasóleo, nafta, querosene e energia eléctrica. Para o vice-presidente da Anadarko em Moçambique o projecto de produzir combustíveis líquidos em Cabo Delgado “parece-me um conto de fadas”.
Com as receitas que serão geradas na produção do gás natural existente na província de Cabo Delgado hipotecadas durante quase toda primeira década, com a primazia por empresas estrangeiras nos grandes contratos de construção das infraestruturas básicas e de exploração do hidrocarboneto começam a restar cada vez menos benefícios para os moçambicanos pelo menos até 2030.
“O uso do gás na indústria nacional e noutros sectores, em combinação com outros recursos energéticos existentes no país, vai reduzir, a longo prazo, a dependência de Moçambique em relação aos derivados do petróleo, importados, dos quais depende, em grande medida, a economia nacional” perspectiva o Plano Director de Gás Natural aprovado em 2014 pelo Conselho de Ministros.
Para materializar esse sonho o Governo adjudicou em 2017, após concursos públicos, 80 a 90 milhões de pés cúbicos dia de gás natural para produzir 1,2 -1,3 milhões de toneladas métricas de fertilizantes (Amoníaco/Ureia) e 30 – 50 MW de energia eléctrica e empresa Yara International; 310 a 330 milhões de pés cúbicos dia de gás natural para produzir 38 mil barris de combustíveis líquidos (GTL Gasóleo, Nafta e Queroseno) e 50 – 80 MW de energia eléctrica a Shell Moçambique BV; e ainda 41.8 milhões de pés cúbicos dia de gás natural para produzir 250 MW de energia eléctrica a GL Energy Africa.
Com as receitas que serão geradas na produção do gás natural existente na província de Cabo Delgado hipotecadas durante quase toda primeira década, com a primazia por empresas estrangeiras nos grandes contratos de construção das infraestruturas básicas e de exploração do hidrocarboneto começam a restar cada vez menos benefícios para os moçambicanos pelo menos até 2030.
“O uso do gás na indústria nacional e noutros sectores, em combinação com outros recursos energéticos existentes no país, vai reduzir, a longo prazo, a dependência de Moçambique em relação aos derivados do petróleo, importados, dos quais depende, em grande medida, a economia nacional” perspectiva o Plano Director de Gás Natural aprovado em 2014 pelo Conselho de Ministros.
Para materializar esse sonho o Governo adjudicou em 2017, após concursos públicos, 80 a 90 milhões de pés cúbicos dia de gás natural para produzir 1,2 -1,3 milhões de toneladas métricas de fertilizantes (Amoníaco/Ureia) e 30 – 50 MW de energia eléctrica e empresa Yara International; 310 a 330 milhões de pés cúbicos dia de gás natural para produzir 38 mil barris de combustíveis líquidos (GTL Gasóleo, Nafta e Queroseno) e 50 – 80 MW de energia eléctrica a Shell Moçambique BV; e ainda 41.8 milhões de pés cúbicos dia de gás natural para produzir 250 MW de energia eléctrica a GL Energy Africa.
Para suprir a demanda destas três empresas o Executivo conta com os 400 milhões de pés cúbicos de gás natural acordados com a Anadarko, e os seus parceiros na Área 1 da Bacia do Rovuma, mas que só deverá começar a estar disponível em 2024, se a Decisão Final de Investimento acontecer como previsto no primeiro semestre de 2019.
No entanto o vice-presidente da Anadarko Petroleum Corporation em Moçambique, Steve Wilson, revelou recentemente que por essa altura apenas 100 milhões de pés cúbicos de gás natural será disponibilizado para o mercado moçambicano, os resto não poderá ser alocado antes de 2030.
“Não estamos em posição de disponibilizar para o mercado doméstico mais gás do que o que está foi inicialmente acordado até termos visto 2 anos de produção sustentável e aí os credores estarão confortáveis em ver que o gás está lá, a produção está a correr bem, e aí poderemos certificar mais reservas e passa à 2ª fase. Gostaríamos de o fazer mais cedo, pois em termos de valor do dinheiro faz sentido para todos, mas a realidade é que não podemos” afirmou Wilson durante a Conferência do Financial Times que decorreu em Maputo no passado dia 8.
Anadarko mantém diversificação da indústria do gás natural em Moçambique “reféns dos seus credores”
O executivo da multinacional norte-americana deixou claro que: “Temos de diferenciar as aspirações da realidade. Para poder justificar investimentos num projecto de LNG (acrónimo em inglês para gás natural liquefeito) temos de ter reservas certificadas, os credores são muito cautelosos e querem ter certeza de que vão receber o seu dinheiro de volta e actualmente temos certificação das reservas necessárias para o project finance de LNG. A realidade é que para certificar mais reservas o que ouvimos dos credores é mostrem-nos do que são capazes”.
“Os credores não querem certificar mais reservas até que mostremos que a fábrica produz. O problema que as pessoas não entendem, não basta a Shell afirmar que vai ajudar-nos a certificar o falta, se nós certificarmos mais reservas os credores dirão nós emprestamos 14 biliões de dólares para o projecto (LNG) e agora vocês estão a tirar mais reservas para algo diferente nós não vos vamos dar dinheiro e queremos de volta o que investimos. Pode efectivamente afectar todo o projecto de LNG que é a âncora de todo o desenvolvimento da indústria do gás (em Moçambique)”.
Segundo Steve Wilson a disponibilização do gás natural adicional para o mercado moçambicano só deverá acontecer “5 anos após a Decisão Final de Investimento e quando começarmos a produzir depois de 2 anos de produção sustentável, só aí poderemos então certificar reservas adicionais e então negociar a venda de gás a outros projectos como o de GTL da Shell”.
Entrevistado pelo @Verdade à margem do evento o vice-presidente da Anadarko Petroleum Corporation em Moçambique declarou que após analisar o projecto de GTL da Shell no Quatar, onde “nunca conseguiram atingir a operação plena” e “querem usar a mesma infraestrutura em Moçambique” este projecto de produzir 38 mil barris de combustíveis líquidos em Cabo Delgado “parece-me um conto de fadas, não tenho ideia do que pretendem”.
Intervindo no mesmo painel da Conferência do Financial Times o director do projecto Afungi GTL, Moon Hussain, disse que a Anadarko mantém os projectos de diversificação da indústria do gás natural em Moçambique “reféns dos seus credores”.
“Se não obtivermos o gás para os nossos combustíveis em 2021 ou antes os benefícios que teríamos serão empurrados para 2030”, concluiu Moon Hussain.
@VERDADE - 27.11.2018
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