Afonso Dhlakama acusa exército de movimentações em Inhambane
26/08/2014
"Saíram de uma distância de quase 30 quilómetros, indo até lá à nossa base, para chatear, esta manhã. É um incidente, isto acontece, mesmo nos outros países, pode haver um cessar-fogo e não haver boa comunicação", declarou Afonso Dhlakama, referindo-se à assinatura de um acordo de cessar-fogo entre a Renamo e o Governo, no domingo passado.
Qualificando "o incidente" como uma provocação, o líder do principal partido da oposição adiantou que a suposta movimentação do exército em Funhalouro será comunicada ao chefe de Estado, Armando Guebuza, através dos canais que os dois dirigentes têm usado para se contactarem.
"Entrarei em contacto com o Presidente Guebuza, através de um canal que temos usado, para lhe informar que há isto, porque depois eles vão começar a inventar que a Renamo está a violar o cessar-fogo", afirmou Afonso Dhlakama.
A Lusa apurou que as Forças de Defesa e Segurança continuam a escoltar as colunas de viaturas no troço Muxúngue-Save, e mantêm as suas posições na Gorongosa, Sofala, apesar do acordo de cessação das hostilidades, assinado entre o Governo e a Renamo.
"As escoltas mantêm-se duas por dia. Eu questionei hoje os militares se com o acordo não deviam liberar a circulação, mas responderam-me que ainda não receberam ordens para isso", disse à Lusa o pároco de Múxunguè, José Luís.
A circulação no troço Save-Muxúnguè, junto à N1, a única estrada que liga o sul e centro do país, ficou condicionada a escoltas militares, quando eclodiram confrontos no início do ano passado entre o exército e homens armados da Renamo, devido à crise político-militar no país.
"Os carros formaram a bicha como é habitual, e seguiram na coluna de manhã, e esta tarde já foi feita a segunda coluna de viaturas escoltada por militares", disse à Lusa Suleman Ismael, um habitante de Múxunguè.
Já na Gorongosa, o exército mantém as posições militares e, disseram a Lusa os habitantes, continuou a rotina de distribuição de mantimentos no interior do distrito, onde se supõem esteja escondido o líder da Renamo.
O Ministério da Defesa Nacional disse à Lusa que só se pronunciará quando entender que o momento é oportuno.
Falando segunda-feira em conferência de imprensa, o ministro da Defesa, Agostinho Mondlane, disse que o exército vai manter as suas posições nos locais onde decorreram confrontos com os homens armados da Renamo, principalmente no centro do país.
"As Forças Armadas estão em todo lado e em qualquer momento em defesa do povo e em cumprimento das missões que recebem do povo moçambicano", disse Mondlane.
Lusa – 26.08.2014
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